É difícil imaginar essa cena, mas Maria Bethânia disse ao jornal O Globo que aprendeu muito vendo lives. Fico imaginando o que passou pela cabeça dela ao ter se ouvido em um breu absoluto felicitando Gal Costa. Depois, como teria reagido àquela série de equívocos que foi a live da colega. Imagino que Bethânia também deve ter acompanhado as lives do irmão Caetano. Foram dois formatos e ambos funcionaram muito bem.
E as de Gil? A melhor de todas, na minha opinião, foi no Festival Coalas junto com os Gilsons. Tem também Teresa Cristina que ensinou muita gente, mas muita mesmo e deu um show de conhecimento sobre música brasileira.
Mas será que a cantora viu o que Gusttavo Lima fez? Pergunto porque, goste ou não do rapaz, foi precursor das megalives dos sertanejos. Capaz de ter sido atraída mais por Marília Mendonça, né? A coisa mais intimista, sentadinha em um trono e com uma audiência gigantesca. Brincadeiras à parte, não há como negar a altíssima expectativa em relação à primeira live da baiana marcada para sábado, 13 de fevereiro, 22h, com transmissão pelo GloboPlay.
Carcará
A data é especial. São 56 anos desde que ela estreou no Teatro Opinião, substituindo Nara Leão. Ou seja, como quase tudo o que ela faz, tem contexto. É um marco dos 56 anos de carreira. Então, não tem nem como não esperar os maiores hits dela, né?
Segundo Mauro Ferreira, LP Simonetti assina a direção. Não será bemmm uma live (duvido mesmo que ela faria) mas tudo foi gravado. É o que também chamamos de fakelive. No repertório, Olhos nos olhos (Chico Buarque, 1976), Explode coração (Gonzaguinha, 1978) e Onde estará o meu amor (Chico César, 1996).
A dúvida que não quer calar é: o quanto será revelado do disco gravado em setembro do ano passado? Quem foram os compositores escolhidos por ela? O jovem Tim Bernardes é uma novidade no time que também tem Adriana Calcanhotto e Chico César com canções inéditas. Bethânia gravou um bolero composto por ele.
Show de Bethânia
Foram poucas as vezes que vi Maria Bethânia no palco sem cuidado com detalhes do espetáculo. Da luz, passando pelo cenário, figurino e até mesmo a narrativa que o encontro de uma música com outra ajuda a formar. Bethânia nunca escondeu o prazer de estar no palco. Ou melhor, tive relatos que a última passagem dela por Belo Horizonte, no Palácio das Artes, já não foi tão legal. Enfim, pode acontecer com qualquer artista.
A torcida que fica hoje é que o tempo longe do palco tenha reacendido nela a paixão de estar em cena. Que mesmo sem público, Bethânia possa nos presentear neste sábado com a sua presença. E mais: compartilhar conosco a festa de aniversário de uma carreira que será eternamente celebrada.