Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

The Crown: a 4ª temporada e o incentivo à segunda tela

Série que aborda os bastidores da família Real Britânica estimula pesquisa em paralelo à exibição dos episódios

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A 4ª temporada de The Crown é das mulheres. Ou melhor, das atrizes. O que mais chama atenção na série que explora “novelescamente” os bastidores da coroa britânica é o trabalho de Olivia Colman como Rainha Elizabeth, Ema Corrin como Princesa Diana, Gillian Anderson (a atriz que faz a mãe do Otis em Sex Education) como Margareth Tatcher. Vale destacar também Helena Bonham Carter, sempre com personagens caricatos (vide o recente Enola Holmes) mas que consegue fugir disso como a princesa Margareth. Enfim, elas arrasaram. 

Eu não entendo bem a polêmica que se cria em torno de The Crown. O ponto sempre é a fronteira entre a ficção e a realidade. Mas, a pergunta é: isso importa? Acho que não. É justamente essa dúvida que mantém a chama acesa. É o que também atesta a qualidade do roteiro. Sendo assim, é claro que a Netflix não vai mesmo afirmar o que é verdadeiro e o que é falso. 

Foto: Netflix / Divulgação

Segunda tela

Quando vejo The Crown sinto na prática o poder da segunda tela. Ou seja, à medida que os dramas da ficção se desenrolam, fico melhor amiga da Wikipédia em busca de informações históricas. Acontece com você também? Vejo a ficção na TV e na palma da mão busco outros dados que vão complementar a experiência. Quero saber quem mora em qual lugar, como é o interior dos palácios e castelos, procuro fotos comparativas. Assim vou ampliando o repertório sobre a monarquia. 

Em outras palavras, acho que o que a série faz é estimular também um interesse pela história. Por isso são importantes episódios que destacam fatos marcantes como, por exemplo, as guerras, os embates políticos e por aí vai. Embora as narrativas que incluem a política sejam as mais arrastadas, são as que também deixam maior contribuição nesse sentido.

Reconstituição

Desde a primeira temporada, The Crown se destaca pela excelência em questões técnicas. O roteiro, como mencionado aqui, é resultado de uma robusta pesquisa. Me impressiona principalmente os diálogos mais íntimos. Fico imaginando a competência de um roteirista que parte de uma situação que às vezes aparece em tabloide e cria diálogos fictícios tão críveis.

Vale atenção também à fidelidade dos figurinos e mesmo da linguagem corporal. É um trabalho tanto de investigação iconográfica como também de story board. The Crown tem uma direção criteriosa para garantir reconstituição tão fiel. 

Foto: Netflix / Divulgação

Interpretação da realidade

Mas, retomando o ponto que abrimos este texto, apesar da excelência em todos esses aspectos, o que sobressai, realmente, é a interpretação. Como Olívia Colman já havia assumido o papel da rainha na terceira temporada, surpresa maior fica com a Diana de Ema Corrin e a Tatcher de Gillian Anderson. 

Gosto mais do trabalho de Corrin. Ela sintetiza no olhar toda a angústia e depressão de uma menina que não teve força suficiente para dizer não ao sistema. Por meio do sofrimento dela – e das escolhas da personagem também, que envolve transtornos alimentares, por exemplo – The Crown discute como o machismo caminha de mãos dadas com a tradição da monarquia. 

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