![sex education](https://culturadoria.com.br/wp-content/uploads/2020/03/eric-e-otis-foto-netflix-web-1024x567.png)
Foto: Netflix / Divulgação
No fim de 2019, a Netflix publicou uma lista das séries mais vistas pelos brasileiros na plataforma. Entre elas estava Sex Education. O aplicativo TV Time também faz rankings semanais das produções mais vistas e em janeiro, a britânica Sex Education esteve no topo da lista entre as plataformas de streaming e canais de televisão. A série fala justamente sobre o que propõe o título: educação sexual. Entretanto, aborda o assunto de forma didática, leve e, sobretudo, bem-humorada.
A história tem como personagem central Otis, interpretado por Asa Butterfield (aquele do Menino do pijama listrado e A invenção de Hugo Cabret). No entanto, todo o dia a dia do garoto na escola, a relação com sua mãe Jean (Gillian Anderson), vida amorosa e relação com os amigos e demais pessoas estão em foco na série. Isso porque ele começa a atuar dando conselhos sexuais em troca de dinheiro para os colegas da escola. Ademais, Sex Education teria tudo para ser aquele tipo de série teen que tem trama focada em intrigas entre adolescentes, dramas, popularidade etc. Mas vai além e oferece diferentes lições a partir da história dos personagens, que são múltiplos, diversos e diferentes.
Confira, então, alguns dos motivos que fizeram com que Sex Education se tornasse uma das séries mais vistas no streaming.
Feminismo
Indo direto ao ponto: o sétimo episódio da segunda temporada da série é o maior exemplo de sororidade entre as personagens. Aimee, vivida por Aimee Lou Wood, sofre um caso de assédio no ônibus que pega todos os dias para ir até a escola. Um homem se masturba na menina e ejacula no seu jeans favorito. No começo, Aimee não se atenta para a gravidade do fato, mas é encorajada pela amiga Maeve (Emma Mackey) a denunciar. A vida da jovem segue normalmente, mas o trauma começa a interferir na rotina, pois ela passa a ver o agressor em todos os locais e não tem mais coragem de pegar o ônibus. Quando as outras meninas descobrem (as que estão juntas em detenção por causa de uma confusão na escola), elas resolvem pegar o ônibus todas juntas para ajudar no processo de encorajamento de Aimee. É lindo e emocionante ver como o ser humano é transformador quando tem empatia.
O feminismo também ergue a sua bandeira em outros momentos da trama. Só para exemplificar, a mãe de Otis o criou sozinho e é uma mulher independente e poderosa, mesmo com as suas inseguranças. Além disso, Maeve vive lendo. Entre as obras, destaque para títulos de Jane Austen, Virginia Woolf, George Eliot (pseudônimo de Mary Ann Evans) e Mary Wollstonecraft.
![sex education](https://culturadoria.com.br/wp-content/uploads/2020/03/eric-foto-netflix-web.jpg)
Foto: Netflix / Divulgação
Autoaceitação
Chegou o momento de falar de um dos personagens mais carismáticos de Sex Education: Eric. Interpretado por Ncuti Gatwa, o personagem é autêntico, estiloso, engraçadíssimo e sempre tem algo a ensinar. A criadora da série, Laurie Nunn, se preocupa em levá-lo além do que geralmente ocorre quando quando um personagem gay e negro é melhor amigo de um personagem principal branco. Eric tem camadas, a história do adolescente é complexa e envolve a igreja e bullying sofrido durante anos na escola. Porém, ele sempre levanta a cabeça e não deixa de ser quem é por causa disso. Um exemplo é a forma como ele se veste, mesclando trajes coloridos, maquiagem e adereços.
Além dele, outros personagens também ganham força para assumir ser quem são. Exemplo disso é Adam, vivido por Connor Swindells. Ele passou as duas temporadas inteirinhas oprimindo as suas vontades e o sentimento que sente por Eric. Esse fato traz à luz as relações familiares e o quanto elas afetam o convívio social dos jovens e entendimento sobre si. Aliás, essa é uma das lições fundamentais de Sex Education: independentemente do que aconteça, se aceitar e ser você mesmo é o que realmente faz a diferença.
Importância da educação sexual
Otis vive sob o mesmo teto que uma terapeuta sexual, sua mãe Jean, e isso faz com que ele também tenha talento para aconselhamentos. Entretanto, não é todo mundo que dispõe de tal privilégio. Só para exemplificar, o surto de clamídia na escola transforma o local em um verdadeiro caos. A doença é transmitida apenas em relações sexuais, mas todo mundo acha que vai ser infectado apenas por estar perto dos colegas. Só depois de um intervenção da direção e uma explicação geral que a calma é restabelecida.
É interessante ver como a série também coloca em questão os tabus relacionados à sexualidade humana tanto entre os adolescentes quanto entre os adultos. Isso inclui também os professores. Em resumo, a educação sexual está presente em todos os núcleos e momentos de Sex Education. Ela passa pela amizade, pelo descobrimento do corpo e das vontades e chega às relações sexuais propriamente ditas.
![](https://culturadoria.com.br/wp-content/uploads/2020/03/onibus-sex-education-netflix-web.jpg)
Foto: Netflix / Divulgação
Amizade
A amizade que mais se destaca na série é a que existe entre Eric e Otis, claro, já que eles são os protagonistas. Há um desentendimento entre os dois na primeira temporada, mas logo se resolve e eles continuam extremamente próximos na segunda. E é uma coisa muito bonita de se ver, pois cada um ocupa o seu espaço, tem a individualidade e se ajudam mutuamente. O mesmo ocorre com os outros personagens da série. Aqui, citamos novamente o caso de Maeve e de Aimee. A primeira, abre mão de comer o bolo de aniversário feito pela amiga para levá-la até a delegacia para prestar queixa contra o agressor do ônibus, por exemplo, e passa o dia até que tudo seja resolvido.
Sobre esses pontos e muitos outros, a equipe do Culturadoria discutiu no podcast Pipoca BHFM.