Anunciada nesta semana, a programação do Instituto Inhotim para 2025 tem, como proposição, “discutir arte, natureza e território. Um detalhe é que haverá ênfase nas perspectivas de povos originários e nas relações com artistas da região”. Desse modo, a primeira inauguração, em 26 de abril, celebra os dez anos de inauguração da Galeria Claudia Andujar com uma novidade. É que o Inhotim convidou artistas indígenas a integrarem a mostra. Assim, há uma reformulação a partir de culturas e cosmologias diversas para apresentar perspectivas sobre o estatuto das imagens e da representação. Sobretudo, pautar a luta pela terra.
Trabalho de David Díaz Gonzalés: “Pintando Kené”, da série Retratos de mi Sangre (David Diáz Gonzales/Divulgação)
Fazem parte da mostra artistas como Denilson Baniwa (1984), Paulo Desana (1979), Edgar Kanaykõ (1990), UÝRA (1991) e Elvira Espejo (1981). Outra mudança é o nome da galeria, que passa a ser Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano, que significa “casa de terra” na língua Yanomami. A reformulação tem como objetivo marcar a abertura da galeria a outros artistas, povos e cosmologias.
Pedro Moraleida
Ainda em 2025, a partir de 17 de outubro, o Inhotim homenageia a obra de Pedro Moraleida (1977-1999) com uma exposição na Galeria Oficina.
Obra “O amor é mais frio que a morte”, da série “Mulheres”, de Pedro Moraleida (Foto: Estúdio Anta)
Já na Galeria Lago, o guatemalteco Edgar Calel (1987) apresenta obras comissionadas, feitas a partir da convivência com o território de Brumadinho. É a primeira individual do artista no Brasil. Lais Myrrha (1974), natural de Belo Horizonte, por sua vez, realiza uma escultura monumental ao ar livre, especialmente para o museu. O trabalho trata de dois marcos econômicos e simbólicos da cultura de Minas Gerais: a mineração e o modernismo arquitetônico.
“Em 2025, vamos inaugurar obras e exposições feitas especificamente para o Inhotim, enfatizando o museu como o espaço de criação”, pontua a diretora artística Júlia Rebouças. “Ao mesmo tempo, revisitaremos importantes projetos de nosso acervo, como é o caso da Galeria Claudia Andujar”, lembra.
Grada Kilomba
Em fevereiro de 2025, Grada Kilomba retorna ao Inhotim com o Ato II da performance que integra a obra “O Barco” (2021). O programa, que começou em 2024 e terminará em 2026, tem um novo conjunto de apresentações da performance. Só que, dessa vez, por um grupo composto majoritariamente por artistas da região. A formação de um ensemble local reforça o vínculo da obra com o território. “O Barco”, como define Kilomba, é um “objeto vivo”. Compõe-se de um poema, uma instalação de grande escala e uma performance, cujas novas apresentações serão nos dias 8 e 9 de fevereiro, às 14h.
A escritora, psicóloga, teórica e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba, em foto de Breno Silva (Divulgação)
“Esconjuro” – Paulo Nazareth
“Esconjuro”, exposição de Paulo Nazareth no Inhotim, passará por suas duas últimas fases em 2025. Isso porque trata-se de mostra viva, que vai se transformando ao longo de seu tempo de exibição. Nela, Nazareth tomou as estações do ano como referência para medir a passagem do tempo. Assim, apresentou, em abril e outubro de 2024, as formas Outono e Primavera.
A partir de 7 de junho, a mostra segue com a reforma de Inverno. Já a quarta e última configuração, o Verão, será mostrada a partir de 8 de novembro. Assim, Nazareth dá continuidade a seu processo de trabalho, que tem uma tônica especial. O artista relaciona histórias diaspóricas dos povos indígenas e negros entre América e África, com as histórias contadas por sua mãe, Dona Ana. Essas, por seu turno, trazem relatos de seus ancestrais. A exposição celebra o diálogo com o tempo da natureza, integrando a prática do comissionamento artístico do cotidiano de diferentes equipes do museu.
Jardim Sonoro e outros programas
Além da programação de arte, o Inhotim fará, em 12 e 13 de julho, a segunda edição do festival Jardim Sonoro. As atrações serão anunciadas no primeiro trimestre. Por seu turno, o programa “O que é…?” segue colocando perguntas que propõem novos pontos de vista sobre a relação entre arte, natureza e educação. Em 2025, serão quatro edições. As questões são: “O que é a Justiça?”, “O que é o Desejo?”, “O que é a Imaginação?” e “O que é uma Semente?”. Os formatos propostos variam entre conferências, shows, performances, oficinas, visitas, espetáculos de dança, entre outros.
Seminário Transmutar
A segunda edição do Seminário Internacional Transmutar, também confirmada para setembro de 2025, será composta exclusivamente por expoentes do pensamento indígena das Américas. Assim, em meio às paisagens do Inhotim, o público é convidado a aprofundar-se nos debates e encontros, numa jornada imersiva de dois dias.
Experiência Brumadinho
Na área de Educação, entra como novidade, no calendário do Inhotim, o projeto Experiência Brumadinho. Trata-se de uma feira com seis edições, voltada para valorização das culturas, das tradições, da gastronomia e dos saberes locais. O projeto reunirá produtores, artistas e lideranças culturais de Brumadinho, em um espaço destinado à venda, divulgação de produtos, trocas de experiências e formação.
O museu continua sua programação expandida com novos projetos em diálogo com o território, como o LAB Jardim e o LAB Mães. São ações de formação continuada para adultos residentes em Brumadinho. Elas incluem imersões em paisagismo e investigações sobre o desenvolvimento de carreiras para mulheres, promovendo intercâmbios com artistas e profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Não bastasse, visitas a instituições que são referência nos temas abordados em cada formação.
Serviço
Instituto Inhotim
Visitação
De quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30.
Nos meses de janeiro e julho, o Inhotim funciona também às terças.