Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Confira 5 pontos que ligam as séries Dickinson e Younger

Mesmo com narrativas muito interessantes, as séries Dickinson e Younger não atingiram o grande público brasileiro.

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Duas séries que tem humor, falam do empoderamento e da emancipação feminina. Ingredientes que fariam de Dickinson e Younger capazes de garantir sucesso no Brasil. Vide o exemplo de Bridgerton e Emily in Paris. Mas curiosamente, não. Mesmo com narrativas muito interessantes, as produções não atingiram o grande público brasileiro. Quais seriam as razões?

Criada por Alena Smith, Dickinson foi produzida para a Apple TV+, streaming pouco popular no país. Além disso, em 2019 – ano de lançamento do serviço e da série –, os críticos americanos do site Metacritic, que compila reviews de especialistas, não deram a nota 70 (de 100) para nenhuma produção da Apple. Sendo assim, Dickinson ficou com 65, o que certamente prejudicou a performance da produção.

Apesar de o diretor de Younger ter sido Darren Star (criador de Sex and the City e produtor de Emily em Paris), e de a série ter começado em 2015, com finalização em 2021, a trama era transmitida por um pequeno canal americano, a TV Land, e, no Brasil, ficou na TV fechada (e online). Quando estreou em um streaming disponível em território nacional, como Amazon Prime Vídeo, acabou perdendo o fôlego.

Temas

Mas, convenhamos que popularidade nem sempre atesta qualidade, né? Além da pouca popularidade, as séries tem outros pontos em comum. Enquanto Dickinson é ambientada na conservadora Massachusetts do século 19, Younger se passa na badalada Nova York do século 21. Ambas as tramas relacionadas à temática do empoderamento feminino. As protagonistas são mulheres fortes e incompreendidas socialmente – cada uma em seu período histórico, é claro.

Dickinson e Younger tratam de assuntos sociais sérios como sexismo, machismo, raça, gênero e sexualidade, se utilizando de uma narrativa leve e envolvente. O que favorece e estimula a vontade do telespectador de maratonar a série. Confira os cinco pontos que ligam as produções.

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Luta de uma mulher para fazer sua voz ser ouvida

Na biografia ficcional de Dickinson, a jovem Emily Dickinson escreve poemas em segredo, pois vive numa época em que o machismo impera e as mulheres são proibidas de estudar. Em Younger, a protagonista Liza Miller vive um conflito de gerações, por ser mãe recém-divorciada de 40 anos, que precisa mentir que tem 26 anos, para conseguir emprego na Empirical, uma grande editora de livros.

Assim, apesar de tão distante temporalmente, ambas as personagens perseguem seus sonhos e ambições de carreira

Humor

Com muita criatividade, Dickinson aposta no lúdico e no cômico. A narrativa do seriado é construída a partir dos poemas de Emily, e nos transporta à fértil mente da escritora. Ela cultiva paixão e admiração pela Morte (Whiz Khalifa), com quem jura passear algumas noites em uma carruagem.

Em Younger, o roteiro crítico, bem-humorado e cheio de diálogos inteligentes trabalha muito bem os embates vividos entre os jovens de vinte e poucos anos. Já os mais velhos lutam para entender o mundo das redes sociais, o objetivo das hashtags e o motivo de que tudo seja dito dentro do limite de 140 caracteres.

Protagonistas cativantes

Hailee Steinfeld dá um show de atuação ao interpretar a romancista Emily Dickinson, considerada um dos maiores nomes da poesia americana e mundial. A atriz e cantora de 24 anos retrata bem as nuances de uma personalidade complexa, pertencente a uma mulher à frente de seu tempo.

Sutton Foster, estrela da Broadway premiada duas vezes pelo Tony Awards de “Melhor Atuação de Atriz Principal”, passa muita veracidade à mentira contada pela personagem Laiz. Ao se afastar duas décadas de sua verdadeira idade em cena, por vezes, o espectador acredita que a própria atriz é uma jovem na casa dos vinte e poucos.

Muito Girl Power

Dickinson mostra a submissão da mulher no século XIX. Além disso, também aborda a luta pela emancipação. No decorrer dos episódios, vemos Emily indo contra o patriarcado, sem se tornar uma mulher silenciada. Ela, ao contrário, luta por seu espaço dentro e fora de casa. Vemos, também, que a escritora toma o controle da sua vida amorosa. O amor da vida dela é Susan Gilbert (Ella Hunt), melhor amiga e cunhada.

Junto aos embates de gerações, em Younger, a sororidade é o elemento que une as personagens femininas. As relações de Liza com sua amiga de longa data, Maggie (Debi Mazar), com a jovem Kelsey (Hilary Duff), a bem-sucedida Diana (Miriam Shor) e a a divertida Lauren (Molly Bernard), são criadas a partir de situações muitas vezes intensas. Dessa maneira, criam laços fortes.

Ao mesmo tempo que se apoiam e se ajudam, elas têm intimidade suficiente para fazer críticas construtivas umas às outras, e opinar, sinceramente, sobre suas vidas pessoais e profissionais. Também vemos Liza quebrar padrões de idade em relacionamentos, já que ela começa a namorar Josh (Nico Tortorella), de 26 anos.

Figurinos incríveis

Os amantes das tendências vintage ou da moda millennial têm produções de sobra para admirar! Tanto o universo literário, retratado em Dickinson, quanto o ramo editorial de Younger têm forte apelo visual, seja pelas paisagens, seja pelas vestimentas das personagens.

Em Dickinson, as vestes, por vezes, funcionam como marcadores sociais, ou termômetros de humor das personagens. As roupas do século 19 eram bastante restritivas. Dessa maneira, impunham um ideal de silhueta e beleza para as mulheres. Quando Emily está em casa, escrevendo poesia no silêncio e na privacidade de seu próprio quarto, ela usa vestes simples, que exalam conforto e casualidade. Já quando se encontra com a morte, por exemplo, usa um vestido vermelho sexy, empoderado e provocante.

Já em Younger, as roupas mostradas têm um ar glamuroso, por vezes, seguindo o que está na última moda. As vestimentas também potencializam a autoestima, a sensualidade e a feminilidade. Ao apresentar ao público a evolução fashion de Nova York, com o passar das temporadas, é possível observar, por meio das roupas, o amadurecimento das personagens no desenrolar dos eventos. Em cada figurino, sempre há elementos que expressam características marcantes da personalidade de cada uma.

A terceira temporada de Dickinson está confirmada. A primeira e a segunda temporadas estão disponíveis na Apple TV+. Younger chegou ao fim em seu sétimo ano e está disponível na Amazon Prime Vídeo.


Gabriela Andrade, 24 anos, recifense, estudante de jornalismo e que ama falar sobre cultura (e principalmente tudo que seja relacionado mundo pop e fashion). Atualmente estagia no Blog Social 1, do Jornal do Commercio e é pesquisadora no Grupo Jornalismo e Humor. Para além da cultura, se interessa bastante sobre true crime e casos de investigação. Participou do 1º Laboratório Culturadoria de Jornalismo e Crítica Cultural.

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