
Cinco filmes para entender o Cinema Novo
O movimento cinematográfico retratava a desigualdade brasileira e fazia oposição à indústria existente até então
Deus e o diabo na terra do sol. Crédito: Produções Cinematográficas Herbert Richers
O movimento cinematográfico retratava a desigualdade brasileira e fazia oposição à indústria existente até então
Deus e o diabo na terra do sol. Crédito: Produções Cinematográficas Herbert Richers
O descontentamento de um grupo de cineastas em relação a questões sociais e políticas foi um dos motes para o surgimento do Cinema Novo. O movimento cinematográfico existiu no Brasil durante os anos 1960 e 1970, foi influenciado pelo Neorrealismo Italiano e pela Nouvelle Vague Francesa. Além disso, também veio como resposta ao cinema que era feito até então: produções no estilo Hollywood, histórias épicas, comédias e musicais.
Dessa forma, com o lema “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, nomes como Glauber Rocha, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Helena Solberg, Joaquim Pedro de Andrade, entre outros, fizeram um cinema engajado e contra a indústria cultural instaurada.
O resultado de tudo isso foi um movimento politizado que dialogava com a realidade brasileira no que diz respeito às classes populares. Só para exemplificar, a “estética da fome” representou temáticas de miséria e violência contrapondo ricos e pobres latinoamericanos. Sendo assim, listamos alguns filmes fundamentais para entender o Cinema Novo, se aprofundar mais na temática ou mesmo rever.
Neste texto da Academia Internacional de Cinema você confere mais detalhes sobre o contexto histórico, linha do tempo e acontecimentos determinantes.
Este longa não está propriamente dentro do Cinema Novo. No entanto, é considerado o filme inaugural ou que inspirou o movimento por causa da temática e da estética. Trata-se de um semi documentário sobre o Rio de Janeiro que acompanha um dia de domingo da vida de cinco jovens moradores da favela. Eles vendem amendoim no Pão de Açúcar, no Maracanã e em Copacabana. Rio, 40 graus figura na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, assim como vários outros filmes do Cinema Novo.
O diretor inspirou o Cinema Novo com Rio, 40 graus, mas a grande obra do movimento foi Vidas Secas, adaptação do livro de Graciliano Ramos. Assim como na literatura, o filme acompanha a jornada de uma família de retirantes nordestinos. A angústia da fome e da seca ganhou também o cinema de forma igualmente emocionante. Alguns dos recursos utilizados para aproximar a narrativa da realidade foi a ausência de trilha sonora e o alto contraste em preto e branco.
Assim como o seu diretor, o filme é o mais conhecido do Cinema Novo e estreou quando o movimento ganhava projeção internacional. A narrativa mostra um casal sertanejo, interpretado por Yoná Magalhães e Geraldo Del Rey, fugindo de um grupo de jagunços após o homem ter matado o coronel em uma briga. Em resumo, é uma reflexão sobre os grandes latifundiários e sobre a desigualdade brasileira.
Além do sertão, o Cinema Novo também direcionou o seu olhar para as grandes cidades. Exemplo disso é este filme que conta com Antonio Pitanga na abertura falando do Rio de Janeiro e dos moradores na cidade. O desenrolar da história entrelaça a vida de quatro personagens. Luzia (Anecy Rocha), que saiu de Alagoas e chega no Morro da Mangueira em busca de notícias do noivo Jasão (Leonardo Villar). Para isso, se torna amiga de Inácio (Joel Barcellos) e Calunga (Antonio Pitanga).
https://www.youtube.com/watch?v=S7c6e-SAtSg
O segundo longa do diretor moçambicano, que chegou ao Brasil em 1958, foi a primeira obra notável dele no Cinema Novo. O filme mostra o envio de um grupo de soldados ao Nordeste brasileiros para tentar impedir que um grupo de retirantes saqueasse um depósito de alimentos. É interessante observar aqui o ponto de vista diferente do que vinha sendo feito até então, já que Ruy Guerra é estrangeiro. O filme finaliza a chamada “trilogia de ouro do Cinema Novo”, composta por Vidas Secas e Deus e o diabo na terra do sol. Além disso, foi vencedor do Urso de Ouro de Berlim.
Publicado por Carol Braga
Publicado em 30/07/20