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Nova peça dirigida por Guilherme Weber estreia no Festival de Curitiba

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Tudo, que tem no elenco Julia Lemmertz, Vladimir Brichta, Dani Barros, Márcio Vito, Claudio Mendes, apresenta no Festival de Curitiba, fábulas que investigam o indivíduo em confronto com o poder

Por Carol Braga | Editora

Tudo, espetáculo dirigido por Guilherme Weber e que estreou no Festival de Teatro de Curitiba, é uma experiência de contrastes. São três atos que exploram contradições sociais. A encenação, por sua vez, também contrasta o branco e o preto, o claro e o escuro, o humor a partir de temas sérios e caros para a sociedade contemporânea.

Tudo no Festival de Curitiba. Foto: Lina Sumizono
Tudo. Foto: Lina Sumizono

Sendo assim, Tudo começa discutindo a relação entre liberdade e trabalho a partir de uma alegoria da burocracia. Depois, abre espaço para o debate sobre o sempre polêmico encontro entre arte e negócio. Por fim, propõe reflexões sobre a religião como superstição.

Mas, como é teatro, tais dilemas morais são postos em cena como lacunas reflexivas a serem preenchidas pelo espectador. Guilherme Weber, como diretor, já demonstrou ser entusiasta do teatro realista. 

Desta maneira, os trabalhos que ele encena costumam ter cenários vazios, com poucos elementos. São arenas para o encontro entre o ator e o texto, escrito pelo dramaturgo argentino Rafael Spregelburd. Tudo é assim. Além disso, nutre respeito máximo à teatralidade, o que não deixa de ser, também, um exercício de interpretação por parte do público.

Tela social

Julia Lemmertz, Vladimir Brichta, Dani Barros, Márcio Vito, Claudio Mendes compõem o elenco. O sentido do texto que eles encenam não está apenas na palavra, mas também nos gestos, nas expressões. Vale destacar, de maneira especial, a performance de Dani Barros. É impressionante como ela consegue transitar muito bem entre o tom da comédia proposto, o absurdo e também o drama no ato final.

Tudo tem uma dramaturgia que transborda para o corpo, para a voz, para o figurino e também para o cenário. Criado por Dina Salem Levy, é como se fosse uma tela, bem iluminada, que coloca as fábulas morais no centro para que o espectador elabore sua própria crítica. 

A alegria dos encontros no Festival de Curitiba

As peças podem até não ser consenso no Festival de Curitiba, mas se há um tema comum é a felicidade de todos em poder voltar a vivenciar o evento. Isso fica claro nos teatros lotados, nos encontros dos artistas nos bastidores e na alegria de poder retornar aos palcos na comemoração dos 30 anos. 

Pois é, lá se vão três décadas desde que o teatro nacional passou a se encontrar anualmente em Curitiba. Aqui, vários talentos foram revelados, companhias de teatro nasceram e, claro, assistimos o desenvolvimento de várias linguagens – e as respectivas rupturas – para os palcos. 

A edição comemorativa dos 30 anos segue até o dia 10 de abril. Assim, ao todo, o Festival de Curitiba terá em torno de 200 atrações, movimentando cerca de 900 artistas e gerando perto de quatro mil empregos, entre diretos e indiretos. 

Debate sobre jornalismo cultural no Festival de Curitiba. Foto: Daniel Sorrentino
Debate sobre jornalismo cultural no Festival de Curitiba. Foto: Daniel Sorrentino

Jornalismo Cultural em debate

A convite do Festival, participei de um debate sobre o futuro do jornalismo cultural. Sendo assim, na companhia de Miguel Arcanjo, do Blog do Arcanjo e também de Pedro Neves, responsável pela assessoria de imprensa nacional do evento, discutimos alguns desafios da nossa área. 

De maneira geral, vejo dois grandes desafios para a nossa área. Um deles se relaciona aos formatos. Ou seja, o conteúdo sobre cultura pode ser apresentado ao público de diversas maneiras e isso, claro, impacta também as linguagens, as abordagens. Outra questão importante é como garantir a sustentabilidade de projetos independentes de jornalismo.

Carol Braga viajou a Curitiba a convite do Festival.

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