Dirigido por Pablo Larraín, Spencer se baseia na história da Princesa Diana, interpretada por Kristen Stewart
Por Ana Pisani | Culturadora
A realeza sempre foi cativante para o povo. Nos últimos anos, as fofocas da família real britânica e o sucesso da série The Crown alavancaram ainda mais o interesse do público por essas figuras. Contudo, Spencer aparece na contramão do que vem sendo explorado pela mídia ao apresentar um outro olhar sobre a amada Princesa Diana.
Através da imaginação do diretor Pablo Larraín, Spencer propõe como teria sido o último Natal que Diana passou com a Família Real. Ao invés de encenar fatos históricos, o filme busca retratar o estado de espírito da Princesa. Sendo assim, as ações e emoções precedem a decisão de se divorciar do Príncipe Charles. Isto é, uma mulher completamente atormentada e infeliz, vivendo em agonia.
Em vista disso, o foco de Spencer é a jornada pessoal de Diana pela libertação. Até percebe-se que os personagens do Príncipe e da Rainha estão presentes, mas mal trocam palavras com a protagonista. Com isso, as únicas companhias são os filhos ou empregados. Apesar de levado ao extremo no filme, o drama de Diana traduz o sentimento de mulheres que foram quebradas pelo peso da própria vida.
Luta ou fuga
Para ela, o castelo é uma prisão. O caro colar de pérolas a sufoca. Os tradicionais costumes são imposições antiquadas. Ou seja, ela rejeita tudo aquilo que é a base da vida como realeza. A rebeldia da Princesa demonstra não só insastisfação, como a crescente necessidade de escapar. Assim sendo, a forte impressão causada pelo longa é que Diana está sobrevivendo por um fio.
Não é à toa o nítido anseio pelo passado. Afinal, ela está hospedada ao lado da casa onde cresceu. Isso também é marcado no título do filme. Spencer é o sobrenome da família de Diana. Em outras palavras, a pessoa que ela era é o que ela está tentando, desesperadamente, recuperar para voltar a viver.
Ame ou odeie
No caso de Spencer, não é difícil ser advogado do diabo. O filme existe na linha entre uma história profunda e visceral. É uma narrativa maçante e desinteressante. Além disso, a diferente retratação de Diana, uma pessoa tão querida no imaginário popular, pode desagradar bastante.
É claro que o propósito de Spencer está longe de ser uma biografia precisa. Mas isso o torna um filme divisivo para o público geral. Vale ressaltar, os aspectos técnicos merecem reconhecimento. Desde a marcante trilha sonora, até o visual bucólico que permeia a estação. Outro ponto de destaque é a tocante interpretação de Kristen Stewart, sem dúvida na melhor atuação da carreira.
Por isso, Spencer se consolida como um típico filme ame ou odeie. Isso não é um problema, somente uma característica natural de um trabalho ousado. Apesar de controverso, não há como negar que a fantástica direção de Pablo Larraín compõe perfeitamente o retrato intencionado. Da mesma forma, ele ao menos é uma obra original.
Ana Pisani é jornalista em formação. Fascinada pelo mundo do entretenimento, maratonista de séries e ouvinte de Lady Gaga. @anafpisani