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Cinema

Seis filmes que trazem mulheres como correspondentes de guerra

A atriz Kate Winslet em cena do filme "Lee", que estreia dia 19 de dezembro no Brasil (Frame)

Com a estreia iminente de “Lee”, listamos outros filmes que também trazem a presença feminina no cenário de guerra


Patrícia Cassese | Editora Assistente

Ainda em cartaz na cidade, “O Quarto ao Lado”, primeiro longa de Pedro Almodóvar em língua inglesa, traz uma ex-correspondente de guerra, Martha, brilhantemente interpretada por Tilda Swinton. Certo, o filme gira em torno de um outro momento de vida da personagem – precisamente, na batalha contra um câncer em metástase, com ela já na fase dos 60 anos. Mas sim, o assunto vem à tona em alguns momentos da trama. De todo modo, “O Quarto ao Lado” serviu de ponto de partida para listarmos algumas produções audiovisuais que trazem mulheres na cobertura jornalística de grandes conflitos. Mesmo porque, ainda neste mês de dezembro de 2024 deve entrar em circuito “Lee”, filme com Kate Winslet vivendo Lee Miller, uma ex-modelo norte-americana que se aventurou a cobrir a Segunda Guerra Mundial.

Como lembra matéria da BBC, a partir de conteúdo publicado no site de notícias acadêmicas The Conversation, e republicado sob licença Creative Commons, para se ter uma ideia, Lee foi certificada pelo Exército dos Estados Unidos em 1942. Assim, passou a ser uma das poucas mulheres correspondentes de guerra, viajando com o exército pela Europa. Desse modo, foi a única a fotografar os combates e presenciar a libertação de Saint-Malo, no Norte da França, onde os americanos testaram sua nova arma secreta, o napalm. Entre personagens fictícias e reais, lembramos, aqui, seis filmes que mostram este recorte. Confira!

“O Quarto ao Lado” – Pedro Almodóvar

O belíssimo filme de Pedro Almodóvar ainda está em cartaz nos cinemas (e que bom) e traz Tilda Swinton como Martha, uma ex-correspondente de guerra que está com um câncer avançado. No início do filme, o público a vê se submetendo a um tratamento experimental, mas, quando este não dá resultados efetivos, ela convida uma antiga amiga, Ingrid (Julianne Moore), com quem se reencontrou há pouco tempo, para que fique com ela em uma espécie de retiro, em uma casa alugada. Lá, ela pretende se matar com a ingestão de um comprimido adquirido na deep web. Ou seja, não é um filme sobre a atuação de jornalistas em uma guerra, mas, óbvio, toda a carreira de Martha impactou em sua visão sobre a vida, bem como no relacionamento com a única filha.

“Guerra Civil” – Alex Garland

Já disponível no streaming, no Max, “Guerra Civil”, de Alex Garland, traz uma equipe de correspondentes de guerra capitaneada por Lee Smith (Kirsten Dunst), que, ao lado de Joel (Wagner Moura) e Sammy (Stephen Henderson), viaja em meio a um país destruído, distópico, rumo a Washington D.C . Juntos, eles levam também Jessie (Cailee Spaeny, de “Priscilla”), uma aspirante a fotógrafa de guerra. Na verdade, Jessie tem, em Lee, seu maior exemplo, mas a jovem não tem ideia do quão dura e temerária é a jornada daqueles que arriscam a própria vida para que o flagelo da guerra seja devidamente registrado para a história, de modo que a humanidade tenha plena noção do horror que tais conflitos representam e nunca os subestimem.

Confira, abaixo, o trailer

“Lee” – Ellen Kuras

Baseado na biografia “The Lives of Lee Miller”, lançada por Antony Penrose, em 1985, o filme “Lee” traz Kate Winslet como Lee Miller, que, de modelo da Vogue, passou a correspondente de guerra. O elenco inclui, ainda, Marion Cotillard, Andrea Riseborough, Andy Samberg, Noémie Merlant, Josh O’Connor e Alexander Skarsgård. O projeto marca a estreia de Kuras, aplaudida diretora de fotografia, na direção de um longa. “Lee” fez sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2023. No Reino Unido, em setembro de deste ano. A estreia no Brasil está prevista para o próximo dia 19.

Confira, abaixo, o trailer

“A Private War” – Matthew Heineman

Longa biográfico de Matthew Heineman, lançado em 2018, tendo, como protagonista, a atriz britânica Rosamund Pike, no papel da jornalista Marie Colvin. A admirável jornalista trabalhou para o jornal britânico The Sunday Times de 1985 até sua trágica morte, em fevereiro de 2012, ocorrida enquanto cobria o Cerco de Homs, na Síria. Colvin, que, na ocasião, tinha 56 anos, morreu junto ao fotógrafo francês Rémi Ochlik. Uma autópsia alegou que um dispositivo explosivo improvisado cheio de pregos atingiu os dois.

Antes da Síria, Marie Colvin já havia feito a cobertura de conflitos na Chechênia, Kosovo, Serra Leoa, Zimbábue, Líbia e Timor Leste. Em 2001, perdeu um olho por conta de estilhaços decorrentes da explosão de uma granada disparada pelo Exército do Sri Lanka, e, a partir de então, passou a usar um tapa-olho. O roteiro de “A Private War” foi construído a partir do artigo “Marie Colvin’s Private War”, escrito por Marie Brenner para a “Vanity Fair”. No elenco do filme também estão Jamie Dornan, Tom Hollander e Stanley Tucci. Disponível no Prime Video.

“Profetas” – Alessio Cremonini

O longa ‘Profetas’ traz a história de Sara (Jasmine Trinca), uma jornalista italiana independente que o Estado Islâmico na Síria conseguiu capturar em 2015. No cativeiro, ela fica sob os cuidados de uma outra mulher, Nur (Isabella Nefar, jovem atriz que é filha de mãe iraniana e pai italiano). É que, como as leis do Estado Islâmico são muito rígidas, Sara não poderia jamais dividir a cela com outros homens prisioneiros. Assim, Nur se torna sua carcereira – com um detalhe: vigiando a jornalista em sua própria casa. “É uma situação que, no filme, acaba permitindo uma certa troca de opiniões entre as duas. Ou seja, a narrativa coloca muito em discussão a questão dos ‘pontos de vista’”, disse Jasmine à reportagem do Culturadoria, no ano passado. Infelizmente, este título não está disponível em streaming.

A atriz italiana Jasmine Trinca em cena do longa-metragem “Profetas” (frame)

“A Matriarca” – Matthew J. Saville

No filme do neozelandês Matthew J. Saville, há um trio formado por um jovem, Sam (George Ferrier); uma enfermeira, Sarah (Edith Poor), e a matriarca do título, Ruth (Charlotte Rampling). No caso, Sam é neto de Ruth, mas até o momento da narrativa, os dois nunca tinham tido contato. Assim, temos três pessoas não tão íntimas que, por conta do destino, passam a conviver sob o mesmo teto. Ocorre que Ruth – que, no passado, foi uma famosa correspondente de guerra – está com a perna quebrada, e, por isso, dependente de uma cadeira de rodas. Assim, precisa da ajuda dos outros até para ir ao banheiro. Na verdade, de modo geral, a saúde dela está bem debilitada, e, assim, quer, nesta etapa final da vida, ficar próxima à família (ou ao que restou dela). Infelizmente, por ora, o filme não está em streaming.


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