Falar de amor. É essa a principal arma que o cantor, compositor e escritor Sérgio Pererê tomou para si para enfrentar os tempos estranhos que estamos vivendo. “A quarentena me trouxe muita reflexão”, diz. Isolado em casa, acompanhando as notícias sobre o movimento #blacklivesmatter, nos Estados Unidos e no Brasil, o artista chegou a uma conclusão. O maior ato de militância neste momento seria fazer canções de amor. Detalhe: bem clichês. Assim tem feito.
Foi desta maneira que nasceu a recente safra de 25 músicas, todas ainda inéditas, e que serão reunidas no álbum já batizado de Canções de Outono. Previsto para 2021, será o sexto disco lançado por ele no intervalo de um ano. Essa foi uma das novidades que Pererê revelou em sua participação no Show da Tarde, o programa ao vivo realizado pelo Instagram do Culturadoria. Em resumo, é como se fosse um programa de rádio nas redes sociais.
“O momento é crítico, mas vale a reflexão de que o lugar agora é dentro da sua própria arte. Se você fizer isso com potência, de onde estiver, estará em qualquer lugar do mundo”, ressalta. Sendo assim, Sérgio Pererê tem mergulhado com toda a energia que pode no seu próprio caldeirão criativo.
Revivências
Sérgio Pererê acabou de lançar o disco Revivências, no qual no qual interpreta artistas como Milton Nascimento, Fernando Brant, Luiz Melodia, Chico César e Chico Buarque. Este é o segundo de uma série de cinco álbuns que serão lançados em 2020. De acordo com ele, o trabalho nasce da necessidade de desabafar. “Deu vontade de falar coisas necessárias para as pessoas através de palavras que já foram ditas por outros compositores”, explica.
Durante toda a carreira, Pererê sempre compôs as próprias músicas e realizou parcerias. Entretanto, acredita que o diálogo com outros artista é importante tanto na escuta como de uma forma mais ativa, e, por isso, surge Revivências, no qual ele atuou na produção musical e tocando percussão.
Bastidores
Um destaque vai para a música Canções e momentos (Milton Nascimento e Fernando Brant), que abre o disco. Todas as camadas vocais foram feitas pelo próprio Pererê. “No dia eu fui gravar Roda Viva e o pianista teve um problema. Então, decidi fazer outra coisa. Eu sempre quis gravar alguma coisa do Milton. Então, pensei que essa música me permitiria fazer algo só com a voz pois ela fala justamente disso”, comenta.
Também estão presentes no repertório, por exemplo, Tempo rei (Gilberto Gil), Só (Luiz Melodia e Perinho Santana), Estrela (Vander Lee), Dança (Chico César), Pequena memória para um tempo sem memórias (A legião dos Esquecidos) (Gonzaguinha), Roda Viva (Chico Buarque), De frente pro crime (João Bosco e Aldir Blanc) e Juízo final ( Nelson Cavaquinho e Élcio Soares).
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Outros discos e novidades
O primeiro da série de cinco álbuns de 2020 é Maurício Tizumba e Sérgio Pererê ao vivo, um registro de um show feito pelos dois artistas. Está disponível nas plataformas de streaming. Os outros três que estão por vir são Cada um ao vivo, registro de um show do álbum Cada um (2018), Canções de Bolso, composto por repertório inédito e autoral de Pererê, e Coração de Marujo, álbum idealizado para explorar a ancestralidade de Sérgio Pererê em ritmos da cultura popular tradicional.
Sofrência
“A quarentena me trouxe muita reflexão. Eu sozinho em casa com papel e caneta, acabou: resolvi escrever”, conta sobre o novo álbum dedicado falar de amor. Entre as faixas terá até sofrências. “Não chega a cortar os pulsos não, mas dá uma choradinha”, diz. Pererê confessa que as composições são sempre autobiográficas. Até mesmo quando não parece. “Várias vezes eu escrevi uma coisa pensando estar usando uma metáfora e depois entendi que não. É que existem sentimentos que não são visíveis. O teatro ensina isso melhor do que a música”, acredita.
Em resumo: esse conjunto de discos que estão no prelo tem de tudo para revelar outras camadas de Sérgio Pererê!