Literatura

Conheça a mais nova editora mineira do mercado, a Entretantas

Da esquerda para a direita, Ana Elisa Ribeiro, Cecília Castro e Samara Coutinho

Criada por Samara Coutinho, Cecília Castro e Ana Elisa Ribeiro, a Entretantas é voltada à publicação de textos acadêmicos e ensaios sobre a produção editorial

Por Patrícia Cassese l Editora assistente

Livros curtos, mas dotados de um conteúdo com potencial para preencher uma lacuna detectada por alguns profissionais no mercado editorial. Foi com essa premissa que a pesquisadora e produtora editorial Samara Coutinho, a editora Cecília Castro e a escritora e professora Ana Elisa Ribeiro decidiram criar a recentíssima Entretantas Edições, voltada à publicação de textos acadêmicos e ensaios sobre a produção editorial. 

“Cada uma de nós já tinha uma produção própria, em parceria com outros editores, mas queríamos, por exemplo, fazer a segunda edição… E nos demos conta de que nós mesmas poderíamos assumir (essa incumbência)”, conta Ana Elisa Ribeiro, ao Culturadoria.

Uma decisão das editoras foi a de lançar os títulos com o tempo de maturação necessário, sem se curvar à pressa. “A editora depende de processos de escrita colaborativos ou mesmo solo, mas que são (por sua natureza) lentos. Esses processos se tornarão livros impressos de baixo custo e, posteriormente, livros digitais de acesso aberto, porque sim, vamos conjugar as duas modalidades, que têm dois potenciais de difusão e de sustentabilidade diferentes para a editora”, prossegue Ana Elisa.

Ao dedicar títulos ao tema “edição” e “livros”, a Entretantas quer, em particular, suscitar discussões que tenham potencial de ecoar inclusive em outros países, “com os quais dialogamos sobre o assunto”. Mas, que fique claro, mesmo objetivando que sejam livros de baixo custo, a editora quer que as publicações tenham projetos editoriais que se destaquem. “Charmosos”, resume Ana Elisa.

Catálogo em formação  

O livro que marcou a estreia da editora é chamado carinhosamente pelas três condutoras da editora de “Verbetes “.Trata-se do ‘Edição. s. f. Um verbete expandido’, que foi produzido a dezenas de mãos pelos alunos e alunas pesquisadores da pós-graduação em Estudos de Linguagens do Cefet-MG. Nós três organizamos o volume, mas a autoria é bem mais coletiva”, especifica Ana.

O segundo título chancelado foi um ensaio de autoria da própria escritora. “Ele andava meio esquecido, mas veio à luz em boa hora. Chama-se ‘Como Nasce uma Editora’, e a ambiguidade do título é fecunda e proposital. Pesquiso as mulheres no mercado editorial há alguns anos, em diálogo com as professoras Renata Moreira e Maria do Rosário Pereira, colegas do Cefet-MG, e com pesquisadoras de outros países”.

O terceiro lançamento está em progresso, com a perspectiva de sair em julho. Mais uma vez, será fruto de um processo de construção coletiva, derivado de uma disciplina do mestrado e do doutorado do Cefet. “Provavelmente, o título será ‘Mulheres na Edição’. O ‘Como Nasce uma Editora’ foi lançado em Belo Horizonte por meio de uma live e, no México, virtualmente, a convite de uma instituição de lá, a UAM. Logo será publicado naquele país, onde os estudos editoriais são fortes e relevantes”, brinda ela.

Próximamente, prossegue Ana Elisa Ribeiro, o segundo título será lançado também em São Paulo, em um evento da Banca Tatuí, que tem apoiado a editora. “É importante dizer que a Entretantas conta com o apoio inestimável da Impressões de Minas, uma editora de Belo Horizonte que tem um toque todo especial na produção impressa”, ressalta Ana Elisa.

Perguntada sobre projetos a longo prazo, Ana opta pela prudência. “Não sabemos, porque dependemos de mais debates que nos estimulem e de parcerias que nos favoreçam. Estamos abertas”.

Confira, a seguir, outros trechos da entrevista

Ana, como veio a ideia do nome da editora?
O nome Entretantas é uma brincadeira, de boa, com a Todavia, uma editora jovem, mas que rapidamente angariou prestígio e atenção, e por muitas razões. Pensamos em arranjar um nome que atraísse ao menos um pouquinho desse prestígio, então, veio uma dessas palavras que aprendemos juntas nas decorebas da escola: entretanto. Só que as sócias feministas acharam melhor incluir o feminino e o plural. Está aí a Entretantas, que também revela o fato de sabermos que estamos nascendo num ambiente de profusão de pequenas e corajosas editoras. Não somos as únicas.

Como é tocar uma editora independente no Brasil?
É difícil! “Desafiador”, como dizem hoje. Mas é uma empreitada que conhecemos um pouco e que sabemos que é também um gesto político capaz de mover algumas coisas, mesmo que de pouco em pouco. Não temos dinheiro nem financiamentos, e também não temos tempo, porque trabalhamos em outros lugares. No entanto, estamos felizes com a recepção que nossos livros e seus temas estão tendo. Vamos movendo as peças com paciência e, claro, nos divertindo um pouco.

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Publicado por Patrícia Cassese

Publicado em 27/03/23

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