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Cinema

Cinema na quarentena: Minha Mãe é uma peça 3 chega ao streaming

Impressões sobre o terceiro filme da franquia protagonizada pelo ator Paulo Gustavo
paulo gustavo

Cena de Minha Mãe é uma peça 3. Foto: Downtown Filmes/Divulgação

A chegada de Minha Mãe é uma peça 3 ao streaming, no contexto de reclusão em que estamos vivendo, vai contribuir ainda mais para os números estratosféricos que todos os projetos dessa franquia de Paulo Gustavo costumam alcançar. Nenhum problema com isso. Como Bertolt Brecht costumava dizer, já que ninguém ri do que não entende, que a comédia sirva de termômetro crítico para o povo.

E é justamente isso que Paulo Gustavo faz com sua querida Dona Hermínia. É caricatural sim. Sempre foi. Mas também é político. Ninguém vai assistir a Minha Mãe é uma peça esperando encontrar algo realista. Por um acaso na época em que as pessoas andavam livre e soltas pela rua você costumava se deparar com alguém de bobs no cabelo?

A personagem é exagerada. As falas parecem ser calculadas para destacar a hora da piada, aquela tirada que você tem vontade de parar, copiar e colocar no grupo da família. Porque é isso: sejam as peças ou os filmes, tudo o que envolve esse projeto bomba porque pega naquilo que há de comum a todos que tem um convívio em família.

Terceiro filme

Mas isso também não significa que o roteiro assinado pelo próprio Paulo Gustavo com diversas colaborações, entre elas da diretora Susana Garcia e de Mônica Martelli, abra mão de discutir certos temas. E eles são relevantes como, por exemplo, as relações homoafetivas. Mas vamos combinar que não deve ter sido o primeiro filme que você viu que tem um casal gay. No entanto, você já viu alguém discutindo a síndrome do ninho vazio por meio de uma comédia? Não me parece tão comum.

Pois é, aí eu dou valor! Quem vem de uma família muito apegada deve saber o que é isso. É quando os filhos crescem, saem de casa e os pais precisam aprender a lidar com o vazio. O exercício de desapego por parte de mães e pais deve ser duro. Minha mãe é uma peça 3 mostra isso com as tentativas de Hermínia de preencher a própria vida.

Ouça o podcast Pipoca BH-FM sobre Minha Mãe é uma Peça 3

Implicância

No caso dela, tudo vira implicância. Com Marcelina (Mariana Xavier), coitada, que precisa literalmente dar o grito para a mãe entender que da vida dela, ela mesma quer cuidar. Juliano (Rodrigo Pandolfo) também coloca limite na mãe, que transfere a amolação para a sogra dele. As irmãs também não escapam da mira dela. Algo que, dependendo do ponto de vista, também pode ser entendido como sintomas de relacionamentos abusivos em família.

Mas, vamos combinar que, nesta ficção, a graça de Dona Hermínia está justamente no excesso de franqueza, na autenticidade. O que, curiosamente, é proporcional ao amor e carinho que ela sente por cada pessoa que ataca.

Atuações

Assim como ocorre em toda a franquia, em Minha Mãe é uma peça 3 tudo gira em torno da atuação de Paulo Gustavo. Há, portanto, um proposital desequilíbrio entre as interpretações. A luz está toda na protagonista. Mesmo assim, também se destacam Samantha Schmütz como a empregada Waldeia e Herson Capri como Carlos Alberto. A paz em pessoa, né?

Minha Mãe é uma Peça 3 leva para o cinema formato das sitcoms. Os cenários, os cortes da câmera são todos inspirados nesse gênero mais comum em séries. Em um primeiro momento, as mudanças de ângulo na edição parecem estranhos mas a medida em que o humor ganha relevo com as tiradas da protagonista, a posição da câmera ou a edição já não faz a menor diferença. Ou seja, eis aqui um comentário puramente técnico e pessoal.

Fato é: Minha mãe é uma peça faz esse sucesso todo por fazer rir com o que há de mais comum e cotidiano. As dores e as delícias de ter que conviver com uma pessoa autêntica na família.

 

O filme está disponível no Now.

 

Cena de Minha Mãe é uma peça 3. Foto: Downtown Filmes/Divulgação

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