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Cinema

Maria: A melancolia como assinatura de Pablo Larraín

Maria, dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Angelina Jolie, retrata os últimos dias de Maria Callas em uma narrativa melancólica e introspectiva sobre perda e solidão.
Angelina Jolie como Maria Callas. Foto: Netflix/Divulgação

Angelina Jolie como Maria Callas. Foto: Netflix/Divulgação

É impossível analisar Maria, filme dirigido por Pablo Larraín, sem revisitar Jackie (2016) e Spencer (2021). Em ambos o diretor chileno retratou figuras femininas icônicas em momentos de extremo isolamento e tristeza. Natalie Portman interpretou Jacqueline Kennedy, lidando com o luto após o assassinato de John F. Kennedy. Kristen Stewart deu vida a Lady Di em um Natal sufocante, que simbolizava seu esgotamento emocional. Agora, em Maria, Larraín volta seus olhos para os últimos dias de Maria Callas.

Interpretada por Angelina Jolie, a soprano tenta ensaiar um retorno aos palcos. No entanto, a voz já não é a mesma que a consagrou como um dos maiores nomes da ópera. Esse contraste é central no filme. Larraín usa cenários imponentes e amplos, com pé-direito alto, para transmitir o vazio interno da personagem. O espectador acompanha Callas em momentos de muita solidão, agravada pela dependência de medicamentos e pelas relações restritas a dois funcionários: Bruna, a assistente, e Ferruccio, o motorista.

A atuação de Angelina Jolie

Angelina Jolie entrega uma atuação sólida. Ela transmite a fragilidade física e emocional de Callas. Porém, o tom buscado por Larraín parece não ter sido plenamente alcançado. As cenas de canto, dubladas, comprometem a imersão do espectador. A artificialidade dessas sequências enfraquece momentos que deveriam ser emocionantes, criando uma barreira entre a personagem e o público.

O interesse de Larraín por figuras melancólicas

Em resumo: o ponto mais interessante de Maria é o interesse contínuo de Larraín por mulheres marcadas pelo sofrimento. Maria Callas, Jacqueline Kennedy e Lady Di compartilham histórias de adoração pública e vidas privadas de solidão. Há também conexões literais entre elas: Callas e Jackie foram ligadas a Aristóteles Onassis, que abandonou a soprano para se casar com a ex-primeira-dama americana.

Além disso, Larraín utiliza um recurso comum em seus filmes: a presença de um repórter. Por meio desse dispositivo narrativo, as personagens refletem sobre si mesmas, expondo suas fragilidades e ampliando o tom melancólico da narrativa. No caso de Callas, a entrevista seria para um futuro documentário.

Para quem é o filme Maria?

Maria mantém a linguagem visual e emocional característica de Larraín. Então, o filme segue um ritmo contemplativo, marcado por diálogos internos e cenários simbólicos. Sendo assim, se você gosta desse estilo, encontrará em Maria mais um exemplo da consistência do diretor. Caso contrário, pode achar a experiência arrastada e triste, assim como o estado da própria Callas.Larraín continua explorando o sofrimento de ícones femininos, consolidando sua marca como um diretor que transforma a dor em arte. Em Maria, a melancolia é, mais uma vez, a protagonista.

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