Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Froiid ganha prêmio da 22ª Bienal Sesc_VideoBrasil

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O artista e curador mineiro Froiid foi um dos nove selecionados pelo corpo de jurados da Bienal Sesc_VideoBrasil, formado por expoentes de vários países

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Inaugurada no dia 18 de outubro, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, a 22ª Bienal Sesc_Videobrasil | “A Memória é uma Ilha de Edição” entrou em campo com a diretriz de buscar “estimular o olhar para a produção de artistas de gerações e origens geográficas distintas”. Desse modo, expoentes que questionam concepções hegemônicas de memória e noções estabelecidas de tempo por meio de variadas estratégias artísticas. Em cartaz até o dia 25 de abril de 2024, a Bienal tem direção artística de Solange Oliveira Farkas, fundadora do Videobrasil, e curadoria do brasileiro Raphael Fonseca e da queniana Renée Akitelek Mboya. Entre os artistas participantes, está o belo-horizontino Froiid.

Froiid e o trabalho "O Pulo do Gato", que pode ser visto em São Paulo (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)
Froiid e o trabalho "O Pulo do Gato", que pode ser visto em São Paulo (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)

Conforme o material informativo da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil, a exposição principal (da qual Froiid participa) reúne mais de 100 obras entre têxtil, pintura e fotografia. Outra característica é uma presença destacada de vídeos instalados em grande escala, de 60 artistas ou coletivos da África, das Américas, Ásia, Europa, Oriente Médio e Oceania. Assim, distanciamentos e aproximações entre as produções surgem, por exemplo, em trabalhos de artistas de povos indígenas de diferentes regiões do globo, desde o Brasil até a Austrália e a Nova Zelândia.

Obra do projeto Mariacano Roja Muy Roja, de Gabriela Pinilla (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)
Obra do projeto Mariacano Roja Muy Roja, de Gabriela Pinilla (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)

Láurea

A boa nova é que, no dia 21 de outubro, o nome de Froiid foi anunciado como um dos agraciados com o Prêmio Sesc de Arte, oferecido pela iniciativa. Além dele, os outros brasileiros presentes no rol dos laureados foram as artistas Vitória Cribb, Janaina Wagner e Leila Danziger. Os demais agraciados foram: Gabriela Pinilla (Colômbia), o coletivo Sada regroup, Nolan Oswald Dennis (Zâmbia), Maksaens Denis (Haiti) e Bo Wang (China).

De antemão, diga-se que a premiação se desdobra em cinco categorias, que incluem residências e prêmios em dinheiro. Segundo o material de divulgação, o júri foi composto por Gabriela Golder (Argentina), Adrienne Edwards (EUA), Maria Magdalena Campos-Pons (Cuba), Patrick Flores (Filipinas) e Vivian Ostrovsky (EUA). Assim, juntos, eles selecionaram Froiid e, tal qual, outros oito artistas entre os 60 participantes da edição.

Obra Raised in the Dust. de Andro Eradze (22ª Bienal Sesc_Videobrasil)
Obra Raised in the Dust. de Andro Eradze (22ª Bienal Sesc_Videobrasil)

O troféu

Vale dizer que o troféu que Froiid e os demais agraciados vão receber consiste em uma escultura em bronze, de nome Matapi, assinada pelo artista plástico Denilson Baniwa. De acordo com o material do Sesc, o título vem de uma armadilha indígena para peixes, que é colocada na boca ou na parte mais estreita de um rio ou lago. Assim, ela captura a presa conforme a trama. Logo, se for mais aberta, captura peixes maiores e deixa passar os médios. Se for mais fechada, captura peixes menores e mais peixes. Segundo Denilson Baniwa, a partir dessa imagem, e da ideia da memória como ilha de edição, a peça foi criada para representar a intenção da pessoa que está por trás das lentes. Tal qual, da própria lente, na captura de imagens.

O troféu da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil é a obra Matapi, de autoria do artista Denilson Baniwa (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)
O troféu da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil é a obra Matapi, de autoria do artista Denilson Baniwa (22ª Bienal Sesc_Videobrasil/Divulgação)

“O Pulo do Gato”

Em seguida à exposição, as obras selecionadas pelo Prêmio Sesc de Arte passam a integrar o Acervo Sesc de Arte Brasileira. No caso de Froiid, o trabalho em questão é “O Pulo do Gato”. “Comecei a criar a obra em 2019. É um rap, guiado por inteligência artificial na ideia de criar uma música infinita. E o que seria isso? É uma música que é recombinada por algoritmo”, conta Froiid. Assim, é gerada uma música sem início ou fim, sempre em compasso, com rima e sentido. “Logo, um labirinto sonoro infindável, sem entrada ou saída”.

Froiid relata que fez o projeto junto ao rapper mineiro Matéria Prima, ao beat maker O Barulhista e ao programador Antônio Mozelli. “Matéria Prima fez as composições, cantou, fez as gravações. O Barulhista, que atualmente mora em São Paulo, fez as batidas. E, depois, o Mozelli fez as programações. Faço questão de falar o nome deles, que foram parte importantíssima do projeto. Assim, há uma música sem início nem fim, e que fica tocando constantemente, como um rap guiado por um sistema computacional, por algoritmo”, complementa Froiid. Isso porque são possíveis milhares de combinações possíveis a partir das partes pré-definidas. “Ouvimos arranjos únicos a cada sequência da música, com partes distintas de versos e beats”, diz Froiid.

“Babélica”

Primeiramente, Froiid expôs o trabalho em Belo Horizonte, no início do ano, na coletiva “Babélica”, que ocupou o Memorial Vale. Agora, em São Paulo, “O Pulo do Gato” está instalada em uma vitrine, sendo que os letreiros luminosos mostram o código programacional do projeto e as letras escritas por Matéria Prima. “Então, os transeuntes que passam pela vitrine escutam a música e podem ver a programação e as letras do vídeo nos letreiros”.

Em tempo

A 22ª Bienal Sesc_Videobrasil também apresentará a mostra Especial 40 anos. Corresponde a um espaço no Sesc 24 de Maio dedicado à trajetória do Videobrasil. Tal qual, se relacionará diretamente com a exposição principal. O Especial 40 anos, com curadoria de Alessandra Bergamaschi e Eduardo de
Jesus, explora o Acervo Histórico Videobrasil. Assim, com vasto material de arquivo e obras que percorrem a história da Bienal. A ideia é levar o público a refletir sobre a importância do vídeo nestas quatro décadas.

Serviço

22ª Bienal Sesc _Videobrasil – A Memória é uma Ilha de Edição

Onde: Sesc 24 de maio (Rua 24 de Maio, 109, República, São Paulo) – Fone: (11) 3350-6300
Período expositivo: 18 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024
Horário de funcionamento: terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h
Acessibilidade: videoguia de boas-vindas à exposição; Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) e vibroblaster para algumas obras sonoras; objetos táteis; audiodescrição dos objetos táteis; piso podotátil e impressão dos textos em dupla leitura (português ampliado e Braile).
Classificação Livre | Entrada gratuita
Transporte Público: Metrô República (350m)
Não tem estacionamento

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