Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Por que não perder a Ocupação Maria Bethânia no Itaú Cultural?

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Ocupação Maria Bethânia traduz a carreira e a vida da cantora em fotos, vídeos e bordados. A exposição fica em cartaz até 9 de junho, em São Paulo.

Carol Braga | Editora

Quem é fã de Maria Bethânia não deveria perder a Ocupação dedicada à ela no Itaú Cultural. A exposição, concebida por Bia Lessa e com pesquisa audiovisual de Antônio Venâncio, explora a relação de Bethânia com as palavras e a  cultura do Recôncavo baiano. E mais: faz isso entrelaçando afeto, ancestralidade, religiosidade e cercado de muitos simbolismos. Terra, água e ar misturados para contar a história do furacão que ela é. Detalhe: sem escolhas óbvias.

Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga
Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga

Há de se imaginar o quão difícil é fazer qualquer coisa envolvendo a artista. Sendo assim, é natural todo o processo começar com perguntas. “Que Bethânia a gente quer trazer para o público? O que é possível revelar dessa mulher maravilhosa?, conta Carlos Gomes, coordenador de curadorias do Itaú Cultural.

Simplicidade

A resposta que se traduziu em imagens e sons é simples. “Toda essa curadoria acho que revela uma Bethania mais humana, a partir de releituras da própria obra dela”, detalha Carlos. Trocando em miúdos: é também uma maneira de aproximar a grande artista que ela é do grande público.

Assim, sem pretender dar conta da cronologia da obra e vida da artista, a mostra está dividida em duas partes. A primeira é uma instalação com 98 fotos penduradas e dispostas de modo que o público possa passear no meio delas. É uma forma, de fato, de viver a experiência nostálgica que toda foto tem e ainda fazer isso de maneira imersiva. 

Então, naquele jardim de memórias, ao contrário do que seria o óbvio, não tem fotos de shows. Encontramos Maria Bethânia cortando quiabo com a mãe, Dona Canô, diversos encontros familiares, momentos alegres, outros mais solenes. Em resumo: vida.

Tem muita poesia também. As fotos penduradas são iluminadas e debaixo de cada imagem tem uma frase relevante para Maria Bethânia. Tem tanto citações dela mesma, mas também de autores que ela admira, como Guimarães Rosa. Por exemplo, “amor é a gente querendo achar o que é da gente””. 

Para Carlos Gomes, a experiência oferecida ao visitante desta primeira parte da Ocupação Maria Bethânia funciona como “aconchegos para nossa mente imaginativa e poética”. Detalhe, você vai caminhando entre as imagens e ouvindo, ora barulhos do mar, ora vozerios e, claro, música. As sonoridades diversas complementam a vivência.

Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga
Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga

Ventos e linhas

Se as águas de Oxum marcam presença em sacos suspensos sobre as fotos, no trajeto da primeira para a segunda parte da exposição o visitante atravessa os ventos de Iansã. É possível subir pelo elevador, claro, mas quem subir de escada verá grandes ventiladores no teto acompanhando o trajeto. Apesar do vento ser propício ao calor que tem feito em São Paulo, o simbolismo encanta mais.

Logo ao chegar no primeiro andar, a maior surpresa da Ocupação: os bordados de Bethânia. Assim como muita gente, durante a pandemia a cantora também procurou um novo hábito. Ela começou a bordar e, como nada feito por Bethânia é mediano, o que ela faz é poesia em tecido. 

A curadoria selecionou dois bordados que ficam dispostos em uma vitrine dourada logo na entrada da vídeo-instalação dedicada à artista. É um abre-alas compatível ao que se apresenta na sala escura. 

Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga
Ocupação Maria Bethânia. Foto: Carol Braga

Vídeo-instalação

A segunda parte da Ocupação Maria Bethânia é uma instalação com 44 monitores exibindo imagens documentais da vida e obra da artista, destacando o diálogo com poesia e literatura. É algo que impressiona, em primeiro lugar, pela raridade de todos aqueles depoimentos reunidos. Depois, pelo formato. As imagens aparecem em sincronia e assincronia. É como um balé que nos desnorteia positivamente. Aí sim, tem muitas cenas de shows, fragmentos de entrevistas, cenas caseiras, inéditas. 

Detalhe: a experiência em vídeo tem a duração total de 90 minutos. Ou seja, se você quiser ver tudo, vá com tempo e chegue cedo. Com certeza, sairá de lá transformado. 

Ocupação Maria Bethânia

De 13 de março, às 20h, a 9 de junho de 2024

Gratuito

Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149 – próximo à estação Brigadeiro do metrô / Piso térreo)

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