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Agosto Butiquim de cara nova: o tradicional espaço ocupa, agora, uma casa

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O tradicional Agosto Butiquim dá prosseguimento às atividades na mesma rua Esmeralda, no Prado, mas em outro imóvel

Por Patrícia Cassese | Editora Assistente

Há pouco mais de três anos, o calendário corria tranquilo, sem nenhum sinal de uma nuvem plúmbea – que viria a se configurar uma pandemia – no horizonte. Na rua Esmeralda, no Prado, o Agosto Butiquim seguia com suas mesas concorridas, mas, longe de criar fama e deitar na cama, os proprietários Lucas Brandão e Joana de Castro cogitavam que já era tempo de pensar em uma mudança visual. Mas eis que veio 2019 e a necessidade de um isolamento mais radical, devido à Covid-19.  

Foto: Bruno Werneck

Com o advento da vacinação, as coisas foram se amainando e a ideia de um upgrade na casa voltou entrar na agenda da dupla.

Só que, no meio do caminho, os dois foram informados pela administradora por meio da qual alugavam o imóvel que o terreno, assim como outros três contíguos, havia sido vendido para uma construtora, com vistas a dar lugar a um grande prédio residencial. O projeto da reforma, portanto, foi substituído pela procura de um novo espaço.

Novo Endereço

E mais bacana da história é que a solução estava a poucos metros dali, na mesma rua Esmeralda. E foi assim que, no último dia 8, o Agosto Butiquim retomou as atividades, agora instalado no número 162 (antes, ocupava o 268) – na verdade, em uma casa. “Antes, era uma loja, com mesas na rua, cara de bar mesmo”, lembra Lucas.

Sim, permanecer no Prado era uma vontade comungada entre os sócios. “Afinal, a gente tem uma história com o bairro. Estamos aqui desde 2006. Você deixa de ser apenas um comerciante local e começa a fazer parte da vizinhança, estabelece relações. Tem o vizinho que pede para deixar uma correspondência lá, o outro que eventualmente recebe a mercadoria pra gente, quando o fornecedor passa mais cedo…”. E, tão importante quanto, os dois se declaram fãs da região.

Foto: Bruno Werneck

Novidades à vista

Na entrevista ao Culturadoria, Lucas fez questão de ser cauteloso: alerta que, em função de alguns trâmites junto à administração pública, nem todas as novidades pensadas já tiveram a licença concedida.

Mas sim, quem adentrar a casa pode ter uma certeza: o espírito do endereço anterior foi  preservado. “O cliente pode esperar o ‘velho’ Agosto num novo ambiente”, diz Lucas.
Agora , o estabelecimento funciona em uma casa, portanto, em um espaço maior. “Ela tem o pé direito alto, o que é legal. E tem uma ótima estrutura. São três ambientes, incluindo uma área externa, onde há um pé de mexerica. A cozinha ganhou espaço e, assim, ficou mais organizada. Tem também um jardinzinho em frente”.

De toda forma, para que não houvesse nenhum estranhamento por parte dos clientes – que, vale dizer, vêm de todas as regiões da capital mineira -, a ideia foi preservar itens que compunham a decoração do Agosto, digamos assim, matriz.

Inclusive, os sócios devem convidar o artista Binho Barreto para fazer um novo grafite, um desenho que tenha a ver com essa nova fase. “No mais, a gente tentou transferir a decoração. Porque, veja, o Agosto é um bar espontâneo, nunca teve essa figura do decorador que pensou (na ambiência). Tem coisas que não foram possíveis adaptar, outras sim”.

Foto: Bruno Werneck

Cardápio diversificado

Lucas Brandão avisa que, com o novo Agosto, voltam as opções nas lousas, as famosas sugestões da casa. “Duas ou três diferentes, trocando de 15 em 15 dias. São pratos pensados com ingredientes da estação, que a gente encontra com mais qualidade e a um preço melhor”.

Pratos que já figuraram no cardápio, mas que foram retirados para a entrada de novos, podem, sim, voltar. “E agora, a gente abre aos sábados, para almoço. Vamos oferecer um prato especial, além dos que já estão no cardápio. Pode ser uma galinhada ou uma feijoada, intercalando com terceiro. Mas uma coisa descompromissada, afinal, estamos falando de almoçar no sábado em um butiquim”.

E mais: pratos que tenham sempre uma pegada mineira. Quanto à carta de drinques, os dois sócios andam se debruçando sobre novas opções, muitas das quais, valorizando a cachaça. “Quero fazer umas experiências legais de drinques que tenham a nossa pegada, ou seja, simples, sem muitas firulas, harmonizados. Uma coquetelaria mais minimalista, com poucos ingredientes. Refrescante, leve”.

Petiscos

No quesito petiscos, ele conta que os campeões em pedidos são o “Julieta fez em trouxas Romeu embrulhadinho” (costelinha suína defumada com trouxinhas de queijo canastra com alho poró e batatinhas em conserva, servido com molho de goiabada com vinho), o Sereno da Serra (carne de sereno grelhada e queijo da serra da canastra derretido por cima, servido com tomatinhos assados, alho confitado e farofa de pão com manteiga) e o “Blá Blá Blá na praça” (picadinho de língua com bacon à moda cervejeira e pão, serve duas pessoas).

O cardápio traz, ainda, ceviche de tilápia e quiabo na manteiga (com polenta palito e torresmo de barriga), entre outros não menos convidativos. Para os que aboliram a carne das refeições, tem as trouxinhas de massa crocante recheadas com queijo canastra e alho poró (acompanha molho de goiabada com vinho), o petisco de maçã condimentada, quiabo na manteiga, os dadinhos de tapioca e o Palmito da Mata (palmito pupunha assado e grelhado na manteiga de limão com pimenta do reino, servido com pesto fresco de coentro com castanha – que leva queijo – e crocante de queijo).

Foto: Bruno Werneck

Eventos culturais


Lucas Brandão acrescenta que, no novo endereço, a filosofia de o Agosto sediar eventos culturais será mantida. “A Feira Textura, por exemplo, começou no Agosto. Depois foi tomando outra proporção, alcançando outros espaços. A gente também estabeleceu parcerias com algumas editoras para lançamentos de livros. Aliás, estamos abertos a receber propostas de autores independentes e de outras editoras também. Sempre pensamos o Agosto como um bar que dialoga com a cultura, as artes, em especial, com os artistas locais”.

Já as exposições devem ser retomadas só daqui a um tempo. “Ainda precisamos adaptar algumas coisas no espaço. Mas convidamos o fotógrafo Hemerson Gomes para fazer fotos com detalhes do ‘velho’ Agosto”, conta ele. Esse material, diga-se, deve gerar uma exposição permanente.

“Na demolição da casa, em meio aos entulhos, vimos que ainda havia parte do grafite do Binho. E a foto ficou super legal. Será uma memória do espaço antigo, afinal, é uma história de 17 anos. A gente quer que as pessoas que não conheceram a casa, vejam como era. Já quem conheceu vai poder lembrar os momentos vividos lá. Muita gente tem alguma história com o bar: uns conheceram o (a) namorado (a) lá, outros tomaram um porre que ficou na história (risos), outros comeram algo muito gostoso que marcou… Porque bar é isso, tradicionalmente é um lugar de histórias”, finaliza.

Agosto Butiquim

Rua Esmeralda, 162, Prado – Telefone: (31) 3337-6825
Funcionamento:  Quarta a sexta, das 18 à meia-noite. Sábado, das 12 às 23h. O estabelecimento não abre aos domingos nem às segundas e terças.

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