Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

A história e as telas de Tarsila do Amaral

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A pintora Tarsila do Amaral teve acesso a cultura e arte desde nova e fez disso a sua vida

Por Carol Marçal | Culturadoria

“Essa figura primitiva e monstruosa nasceu de um sonho”. A frase é referente à obra ‘Abaporu’, de 1928, criada por Tarsila do Amaral em uma das épocas mais importantes – se não a mais importante – da história da arte no Brasil.

Tarsila do Amaral em sua primeira mostra individual em Paris, em 1926 - Acervo MIS/Reprodução
Tarsila do Amaral em sua primeira mostra individual em Paris, em 1926 - Acervo MIS/Reprodução

Isso porque, quatro anos antes, em 1922, se iniciava a Semana da Arte Moderna no Theatro Municipal de São Paulo. Uma manifestação artístico-cultural que reuniu diversos movimentos de dança, música, poesias, pinturas, esculturas e palestras.

Artistas como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Raul Bopp, Di Cavalcanti, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Villa Lobos, Zina Aita e tantos outros marcaram a história e participaram da Semana da Arte Moderna de 1922.


Tarsila e suas formas

Tarsila do Amaral nasceu no dia 01 de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, localizada no então município de Capivari, hoje nomeado Rafard, no interior do estado de São Paulo.

Ela, a irmã Cecília e mais seis irmãos eram filhos de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. A família, que herdou a fazenda do avô de Tarsila, conhecido como “o milionário”, provinha de riquezas e era tradicional na região. Sendo assim, ela recebeu o melhor da educação na época, foi ministrada por professores franceses e teve acesso à cultura e arte desde nova.

Em São Paulo, Tarsila frequentou o Colégio de Freiras e o Colégio Sion. Anos mais tarde, a artista se mudou para Barcelona, na Espanha, onde pintou seu primeiro quadro, aos 16 anos: uma cópia da tradicional obra “Sagrado Coração de Jesus”. 

Abaporu, de Tarsila do Amaral. Foto: Acervo Malba

Em 1906, ela retorna ao Brasil, se casa com André Teixeira Pinto e, pouco tempo depois, nasce Dulce, sua única filha. De 1907 a 1922, Tarsila produziu diversas obras entre pinturas e esculturas, como Figura, Meu Ateliê, Autorretrato com vestido laranja (quadros) e Anjo (escultura).

Nesse ínterim, Tarsila e André se separam e ela vai para Paris com a filha, onde fica até 1922, quando recebe informações sobre a Semana da Arte Moderna através de cartas escritas pela amiga Anita Malfatti. As duas se conheceram após dividirem o mesmo professor, Pedro Alexandrino, nas aulas de desenho e pintura, em 1918.

Tarsila e os Modernistas


Então, ao retornar ao país de origem, Tarsila é integrada no grupo modernista por Anita e elas, juntamente com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, formaram o Grupo dos Cinco.

Nesta época, os artistas modernistas apresentaram o conceito Antropofagia ou Movimento Antropofágico. Este foi criado com o objetivo de inovar obras para uma estética puramente brasileira e excluir temas abordados na arte europeia. O quadro Abaporu, de Tarsila, pintado em 1928, por exemplo, foi uma inspiração para o novo conceito que surgia.

Tarsila viajou para muitos lugares no mundo inteiro. Esteve, assim, na Itália, Alemanha, França, Portugal, Espanha, Rússia e tantos outros. Ao longo de sua vida, se relacionou com Oswald de Andrade, um médico comunista Osório Cesar e o escritor Luís Martins.

Foto: Acervo Tarsila do Amaral/Reprodução
Foto: Acervo Tarsila do Amaral/Reprodução

Últimos anos de Tarsila

Além das obras, a artista também trabalhou como colunista nos Diários Associados ao lado do amigo Assis Chateaubriand. Em 1951, Tarsila do Amaral participou da I Bienal de São Paulo e na IIV Bienal, em 1963, recebeu uma Sala Especial.

Em 1966, a filha da pintora, Dulce, morre em decorrência de problemas com a diabetes. Mesmo de luto, em 1969, a artista compareceu à exposição feita em sua homenagem pela doutora e curadora Aracy Amaral, denominada ‘Tarsila 50 anos de pintura’.

Após a morte da única filha e a perda de toda a fortuna da família em consequência de uma crise nos Estados Unidos, Tarsila teve um período de muito sofrimento. Tudo, então, se agravou depois que a artista fez uma cirurgia na coluna e, por causa de um erro médico, ela ficou paralítica até o fim da vida. Tarsila do Amaral faleceu em janeiro de 1973.

Nesses 86 anos, foram mais de 270 obras de arte e a eternização na história da arte brasileira. Em resumo: Tarsila marcou uma geração e segue inspirando os novos artistas que surgem ao longo dos anos, em especial muitas mulheres.

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