
80 anos da Mulher-Maravilha: A trajetória da super-heroína
Mulher-Maravilha competa 80 anos. Foto: DC Comics
Mulher-Maravilha competa 80 anos. Foto: DC Comics
Personagem criada por William Marson, Mulher-Maravilha apareceu pela primeira vez na edição de número 8 da All Star Comics de 1941
Por Maria Lacerda | Culturadora
Símbolo do empoderamento e da força feminina, a Mulher-Maravilha está fazendo aniversário neste 21 de outubro! A heroína, que comemora 80 anos, é parte marcante de uma revolução nos quadrinhos. E também nos cinemas e na vida de inúmeros fãs – e não fãs – de quadrinhos.
Lá na década de 1940, o psicólogo William Marston, criador de Diana Prince, defendia que as HQs também carregavam um potencial pedagógico. Por isso, já trabalhava para quebrar os estereótipos de gênero que limitavam mulheres a papéis relacionados à família e ao cuidado com a casa.
Apesar de ter sido criada por um homem, a heroína foi inspirada nas figuras femininas presentes na vida de Marston. O psicólogo foi criado em uma família só de mulheres, pela mãe e quatro tias. Além disso, viveu uma relação poliamorosa com a esposa, Elizabeth Holloway, e Olive Byrne.
Considerando o contexto histórico, a personagem também reflete os ideais do movimento sufragista. Além das mudanças no papel feminino, principalmente no período da Segunda Guerra Mundial. Através dessas influências, nasceu uma das personagens mais icônicas e respeitadas da DC Comics.
Na história original, Diana tinha sido criada através do barro por Hipólita, a rainha das Amazonas, recebendo de Zeus seus poderes e habilidades. Apesar disso, a versão mais conhecida da história retrata a heroína como filha de Zeus e Hipólita, sendo – literalmente – uma deusa.
Nos quadrinhos, a Mulher-Maravilha vive na ilha de Themyscira, junto às Amazonas. Mas ela deixa a ilha para seguir Steve Trevor e auxiliar o mundo dos homens. Por conta do contexto da ilha, o roteirista Greg Rucka revelou, em 2016, que a personagem definitivamente já se relacionou com mulheres.
Em suas vidas nos quadrinhos, a Mulher-Maravilha já fez um pouco de tudo. Para citar alguns pontos, a heroína já concorreu à presidência dos Estados Unidos e se tornou a deusa da guerra. Além disso, em uma colaboração com a Marvel, nos anos 90, Diana se mostrou digna de levantar o Mjolnir – sim, o martelo do Thor.
Com a morte de Marston, em 1947, a heroína passou a ser bem mais sexualizada. Sendo assim, o tom crítico dos quadrinhos ficou de lado. Nesse período, a Mulher-Maravilha chegou até a fazer parte da Sociedade da Justiça, mas como secretária. Dá pra acreditar?
Na década de 1960, a personagem chegou a perder todos seus poderes. Dessa maneira, deixou lado o uniforme e a identidade de heroína para treinar artes marciais. Apesar disso, a personagem voltou aos eixos em 1973. Era um momento de popularização do feminismo. A super-heroína virou um símbolo do movimento ao estrelar a capa da revista Ms. Magazine.
A chegada da Mulher-Maravilha à TV foi com o filme “Wonder Woman”, lançado pela ABC em 1974. Apesar do sucesso que os gibis da super-heroína faziam na época, o filme estrelado por Cathy Lee Crosby não tinha quase nada a ver com a versão original. Assim, não agradou o público.
Um ano depois, surgiu a série “A Mulher Maravilha”, interpretada pela icônica Lynda Carter. Apesar do sucesso feito na ocasião, a heroína passou mais de 30 anos longe das telas. Voltou a aparecer em “Batman vs Superman”, de 2016, já na pele da atriz Gal Gadot.
Lançado em 2017, o filme solo da Mulher-Maravilha foi um marco incontestável. Ocupou espaço que seguia vazio na leva de investimentos em filmes de super-heróis. O primeiro filme focado em uma super-heroína, além de ser dirigido por uma mulher, arrecadou mais de 800 milhões de dólares ao redor do mundo. Assim, trouxe uma representatividade mais que necessária.
A influência da personagem é marcante entre públicos de diferentes idades, mas é especialmente forte entre as crianças. Baseado nisso, a Dentro da História lançou o livro “Mulher-Maravilha – A vingança da Mulher Leopardo”, que trata do empoderamento feminino e da importância da representatividade no universo dos super-heróis.
Assim como na década de 1940, quando a Mulher-Maravilha surgiu como um símbolo de que as mulheres podem – e devem – fazer história, o legado da heroína e sua capacidade de influenciar e empoderar o público segue fazendo a diferença através do tempo.
Publicado por Maria Lacerda | Culturadora
Publicado em 21/10/21