Sabe aquele tipo de gente que fica na dúvida se a Mulher-Maravilha é da Marvel ou da DC Comics? Para quem isso, no fundo, tanto faz? Pois é, sou eu. Todas as relações que já estabeleci com qualquer super-herói foram pelo cinema. Gosto de todos: Batman é o preferido – claro que o do filme de Christopher Nolan -, seguido de Clark Kent e seu Superman. Faço confusão com todos os outros.
O prólogo é necessário para dizer que sei muito bem onde estou me metendo: zona perigosa. É uma área com tanto especialista que às vezes sinto falta de alguém que fale a minha língua. Pessoas que, assim como eu, gosta dos filmes. E ponto.
Dito isso, me sobram motivos para comemorar a chegada de Mulher-Maravilha à telona.
O que se segue aqui são pontos de vista sobre a obra cinematográfica lançada em 2017, protagonizada pela atriz israelense Gal Gadot. Não pretendo analisar a adaptação da personagem dos quadrinhos para o cinema.
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Fiz uma enquete informal entre minhas alunas de jornalismo e poucas – bem poucas mesmo – conhecem a personagem a fundo. Se bobear, muitas delas já se fantasiaram de Mulher-Maravilha algum dia na vida sem saber o quanto há de mitologia e força feminina por trás da personagem.
O longa dirigido por Patty Jenkins cumpre o importante papel de revelar tudo isso. É uma história sobre as origens dela, curiosamente contada em flashback. Tudo começa em Paris – por sinal em um belíssimo plano aéreo do Museu do Louvre – quando Diana (sim, este é o nome da Mulher-Maravilha) recebe de Bruce Wayne (sim, o Batman) uma foto antiga. Voltamos no tempo com ela.
https://www.youtube.com/watch?v=x-X16JUGY0M
Quem é essa menina?
O roteiro tem a estrutura tradicional dividida em três partes. A abertura é naturalmente dedicada à apresentação do passado da heroína. Além do desejo de justiça, desde a infância tem muito segredo rondando a vida de Diana, a princesa das amazonas. Ela acha que foi esculpida no barro pela mãe, Hippolyta, a Rainha das amazonas.
E de onde vem essa história de amazonas? Do cavalo mesmo. As amazonas vivem treinando para combate em uma ilha protegida. A pequena Diana aprendeu a lutar a contragosto da mãe, ensinada pela tia (Robin Wright em uma ótima participação como Antiope).
As primeiras sequências de treinamento e combate são muito bem realizadas. É uma quantidade de mulher poderosa! Ainda mais em 3D.
Que mulher é essa?
A passagem para a segunda parte se dá quando Diana resgata o espião americano Steve Trevor (Chris Pine). Apesar do homem ser o frágil da história a chegada dele traz também a antiga fórmula de Hollywood de incluir uma pitada de romance em qualquer trama. No caso de Mulher-Maravilha é bem sutil.
ALERTA DE LEVE SPOILER Sobre este tema, a melhor passagem, é quando Diana apresenta a Trevor suas teorias sobre a sexualidade. É neste momento que roteiro e direção também brincam com as desigualdades que rondam o universo feminino, todas elas recebidas com muito espanto pela protagonista. O fato dela ter que se vestir adequadamente e não poder frequentar determinados locais. Há humor na forma como as críticas são feitas.
A segunda parte é a mais convencional. É a chamada jornada do herói. Reparou que até agora não falei dos vilões? É que eu não achei que Ludendorff (Danny Huston) e Sra Veneno (Elena Anaya) tem tanto peso assim na trama. Existem porque são necessários mas o negócio está menos na disputa de forças entre o bem e o mal e mais no fato da Mulher-Maravilha se descobrir. E nós também descobrirmos quem é essa mulher maravilhosa.
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Chegou a heroína!
Com Trevor e companhia ela enfrenta batalhas da Primeira Guerra Mundial e, claro – olha o clichezão! – surpreende todo mundo. A fotografia do filme fica até mais escura dessa parte em diante para ganhar mais brilho apenas nos momentos em que a Mulher-Maravilha descobre seus poderes. Sim, a Mulher-Maravilha se transforma e demonstra incrível destreza com seus braceletes. Tem um pouco de exagero nisso, mesmo que a execução técnica de tudo seja impecável.
E as interpretações? A escalação Gal Gadot foi cercada de muita expectativa. Ela deu conta do recado ainda que vez ou outra faça carão sedutor. Achei o elenco até muito equilibrado. Não tem nenhum personagem que se destacou muito mais do que outros no quesito interpretação.
Esse primeiro longa sobre a personagem revela toda a ingenuidade de Diana. Se, no fim das contas, é uma história de autoconhecimento para a heroína é um momento de encantamento pra quem assiste. Que retorne mais vezes!