
Festival Toca na Favela leva a chamada cultura periférica para o CCBB BH
Adriana Araújo, uma das atrações da segunda edição do Toca na Favela (Ronald Nascimento/Divulgação)
Adriana Araújo, uma das atrações da segunda edição do Toca na Favela (Ronald Nascimento/Divulgação)
Com dez dias de evento, o Toca na Favela traz música, artes visuais, dança, cinema, moda e gastronomia
A potência da cultura das periferias e favelas vai tomar conta do CCBB BH a partir desta quinta-feira, 10, e até o dia 20, no Festival Toca na Favela. A segunda edição do evento promove conexões entre artistas de periferias de diversas linguagens artísticas. Ao todo, serão dez dias de programação gratuita, com música, artes visuais, dança, cinema, moda e gastronomia. Entre as atividades, estão rodas de conversa, espaço gastronômico, sarau, exposições, shows, apresentações artísticas, exibição de filmes, residência em dança e workshops.
Toda a programação do Toca na Favela é gratuita. Porém, é necessária a retirada de ingressos no site bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB para as atividades que acontecem nos teatros. Já para as atividades formativas, é necessário se inscrever previamente.
Entre as atrações, o artista Maxwell Alexandre, a empreendedora Marciele Delduque, a antropóloga Janaina Damasceno e o diretor de “Marte 1”, Gabriel Martins. Tanto quanto, de nomes de destaque da música, como Adriana Araújo, Mc Dodo, Laura Sette, Babadan Banda de Rua, entre outros. Além disso, o festival promove a economia criativa através da feira de alimentos Tô na Broca e da lojinha Tá Rolando.
O Festival Toca na Favela nasceu na comunidade do Novo Cachoeirinha, vetor noroeste de Belo Horizonte, por iniciativa do DJ Grabs, artista nascido e criado no complexo. O idealizador destaca que o evento é uma celebração da diversidade de expressões culturais da favela. “Trazemos diferentes estilos musicais, várias vertentes da dança e diferentes expressões artísticas se encontram no festival. Nos atentamos para o protagonismo negro, de mulheres e LGBTQIA+ na iniciativa, com uma gestão de festival sensibilizada para lidar com esses marcadores”.
O Toca na Favela, prossegue ele, é também um destaque no mercado. Isso ao gerar renda, capacitar novos profissionais e apresentar novas perspectivas de trabalho sobre, para e com a favela. Vale dizer que DJ Grabs assina a direção-geral do evento. Já a direção artística é de Negona Dance. A direção estratégica é de Danny Mendes, e a coordenação de produção, de Fredda Amorim.
Nesta edição, o Toca na Favela evidencia o legado, a prosperidade e a fartura, que também são roupagens da periferia, diz a curadora Ana Cecília Assis. “Para essa edição superamos o discurso da falta e trouxemos a riqueza das vielas, a cultura presente em todas as instâncias da arte”.
Assim, foram selecionados artistas “que superaram o discurso da escassez e estão navegando nas ondas da prosperidade, luxo e emancipação”. “Tecnologia ancestral, inovação, dinamismo e potência! Todas as áreas contempladas trazem o novo hálito da arte, o que Toca na Favela permeia no mundo”, explica a curadora.
A abertura do Toca na Favela acontece com “A Benção de Quem nos Guia”, que contará com a bênção de Mametu Muiandê (Kilombu Manzo Ngunzo Kaiango). Haverá um passeio pelas exposições da artista Ana Paula Sirino e do fotógrafo Rafael Freire, disponíveis ao longo de todo o evento, das 10h às 22h.
A noite contará ainda com uma apresentação do samba Dibantu, das 19h30 às 21h30, no pátio. Nascido do Terreiro de Candomblé Angola Manzo Ngunzo Kaiango, o Dibantu traz, em seu repertório, o samba clássico junto aos cânticos sagrados.
Na sexta-feira, 11 de agosto, o dia do Toca na Favela será dedicado às tecnologias sociais de quebrada. Entre as atividades, está o bate-papo “Deixa eu te dar uma ideia” com o artista carioca Maxwell Alexandre (RJ). Mediação da curadora Ana Cecília. A atividade acontece das 18h às 20h, no Teatro I.
O dia do Toca na Favela ainda contará com um dos nomes de destaque do hip hop mineiro, Iza Sabino, que se apresenta no Teatro II, às 20h30.
O audiovisual será destaque da programação do Toca na Favela de sábado, 12. Das 10h às 12h30, o criador de conteúdo F Vianna ministra o workshop “Fazendo juntes”. Ele terá uma oficina de criação de conteúdo utilizando o celular como principal ferramenta. Das 14h às 16h30, nova atividade do “Fazendo Juntes”. Desta vez, com o tema “Mixagem e Pesquisa musical – Música eletrônica periférica”, com a artista, DJ e produtora Marta Supernova (SP). Todas as atividades formativas contarão com inscrições prévias.
Outra atração do dia será a exibição do longa-metragem “Marte 1”, das 14h às 17h. A sessão, comentada, tem participação do diretor Gabriel Martins e mediação de Artur Ranne. No Teatro I. Também está prevista, no Teatro II, a partir das 17h, a Festa Kebra. A abertura contará com um live painting do artista OYuri, com discotecagem do DJ Totonete. Em seguida, às 19h, é a vez do DJ Grabs e do DJ Kabulom, residente das festas Curral, 1010, Gallaonfire e idealizador das festas Mathosa e Tumulto.
No domingo, dia 13 de agosto, das 14h às 16h, o Toca na Favela traz a roda de conversa “Vou te dar um papo”, com Marciele Delduque, fundadora da Rede Marianas Mulheres Que Inspiram, que hoje envolve mais de 1.000 mulheres empreendedoras, e coordenadora da CUFA – Central Única de Favelas. Também participam o publicitário Filipe Thales, fundador do movimento Viva Lagoinha, embaixador da marca Nadir Figueiredo do Copo Lagoinha e co-fundador do evento Circuito Lagoinha. E, ainda, a antropóloga Janaina Damasceno, professora da UERJ e da Pós-graduação em Cultura e Territorialidades (PPCult/ UFF).
Ela também atua como coordenadora do Grupo de Pesquisas Afro Visualidades Estéticas e Políticas da Imagem Negra. E, ainda, é curadora adjunta da exposição ‘No verbo do silêncio, a síntese do grito’, do fotógrafo carioca Walter Firmo, em cartaz no CCBB BH. Quem media a conversa é o multiartista e fundador do Centro Cultural Lá da Favelinha, Kdu dos Anjos, no Teatro I.
Ainda no domingo, entre 16h e 17h30, acontece um bate-papo sobre o livro “Nunca foi sorte, sempre foi poesia”, de MC Martina. Na ocasião, o curta hômonimo será exibido no Teatro II. Das 17h às 18h30, acontece o pocket show do multiartista Akin Zahin, na área externa. Já às 19h40, acontece a performance “Marcapasso”, da bailarina Suellen Sampaio, no Teatro II. A noite do Toca na Favela finaliza em seguida, no mesmo local, com apresentação da Dj Princeznha da Paz, a partir das 20h30.
A segunda-feira, 14 de agosto, será dedicada ao Sarau, no Toca na Favela. A partir das 17h, será feito um encontro reunindo o Slam Laje (RJ) e as AfroLíricas, no Teatro II. Às 19h, será realizada a primeira aula de Residência em Dança, com Leo Garcia. A atividade requer inscrição prévia. Acontece no Teatro I, com três dias de atividade. Finalizando o dia, a partir das 19h, apresentam-se os DJs Jô Marçal na área externa e DJhai, no Teatro II, às 20h15.
Na quarta-feira, 16 de agosto, às 19h, o Teatro II recebe o show de Mel da Norte convidando Inza Princess. Logo em seguida, as pick-ups serão comandadas pela DJ Dia.
Na quinta, 17, das 18h30 às 20h, acontece a mesa “Produzindo na Quebrada – Case Toca na Favela”, com os idealizadores do projeto, no Teatro II. Já das 20h30 às 21h20, o Teatro II apresenta o espetáculo de dança “Abre Caminho”, do Grupo Identidade. Encerrando o dia, apresentação final da Residência de Dança com Leo Garcia, das 19h às 21h, no Teatro I.
A Moda da Quebrada será o eixo principal do Toca na Favela na sexta, 18. Isso com a atividade “Mote do trabalho: criar novas roupas com peças que não possuem mais utilização, em especial uniformes de fábricas”, no Teatro I. A ação acontece das 16h às 19h, e aborda o tema moda sustentável, com a stylist e designer de moda Sulamita Ferr (RJ).
Das 19h30 às 21h30, no Teatro II, será a vez do Ball do Toca na Favela. A iniciativa traz a House of Beco com o tema “Nois eh Xavoso”. Assim, a atração aborda a cultura dos bailes de vogue e celebra a cultura LGBTQIA+ das quebradas.
Já no sábado, dia 19, o festival Toca na Favela traz visibilidade para o funk e o rap. Assim, o CCBB BH recebe, às 14h, um esquenta com a DJ Iasmin Turbininha (RJ), seguida de Batalhas de Dança, das 15h às 18h. A disputa trará o Estilo Livre, com DJ Eddy Alves, e Funk, com DJ Iasmin Turbininha.
A batalha contará com premiações e três jurados para avaliar cada categoria. Em seguida, a programação do Toca na Favela traz uma série de shows com nomes de destaque do cenário mineiro. Entre eles, a rapper Laura Sette, às 19h (área externa). Tal qual, MC Dodô, um dos destaques do funk belo-horizontino, às 19h40, e DJ Cafezinho, às 20h30 (Teatro II).
Fechando a programação, o domingo em família, no dia 20 de agosto, traz atividades voltadas para o público infantil. Das 10h às 17h30, o Espaço Erê será uma área com monitores e atividades. Tal qual, a Makamba Brincante, que acontecerá das 10h às 12h, ambas na área externa. O espaço também receberá das 12h às 13h, a apresentação Bloco Todo Mundo Cabe no Mundo.
Os pais também poderão se divertir. Das 14h às 15h30, o som fica por conta do DJ Fidelis, seguido de uma roda de samba com Adriana Araújo, das 15h30 às 17h. Depois, discotecagem, das 18h às 20h, da DJ Black Josie. Fechando a noite, das 20h30 às 21h30, o Teatro I recebe a Babadan Banda de Rua, que reverencia a cultura afro mineira.
Festival Toca na Favela
De 10 a 20 de agosto
Local: CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MG)
Programação gratuita, mediante retirada de ingressos pelo site bb.com.br/cultura.
Publicado por Carol Braga
Publicado em 10/08/23