Do mito literário Fausto a uma montagem sobre Anne Frank, além de uma palestra-performance sobre o luto materno: veja novidades do teatro
O público assíduo do teatro tem várias opções para conferir neste final de semana na capital mineira. A começar pela montagem “Fausto”, que cumpre temporada até 29 de abril, no Teatro I do CCBB BH. Trata-se da última direção de José Celso Martinez Corrêa (1937 – 2023). O espetáculo se mantém fiel aos textos originais e à estrutura de Christopher Marlowe (o autor de “A Trágica História do Doutor Fausto”), mas também sofre o impacto da antropofagia do teatro de Zé Celso e Fernando Carvalho. Assim, torna-se uma “tragikomédiaorgia” que trata da busca incessante pelo desejo de conhecimento, mostrando, ainda, como a sociedade contemporânea vem lidando com temas que a atravessam.
A impactante história de Anne Frank é o foco de “Anne Frank, a voz que se tem memória”, que ocupa o Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. A montagem da Cia. Nacional de Teatro tem direção de Leonardo Talarico Marins. No palco, Poliana Carvalho.
“Fausto” – CCBB BH
Encenada pela primeira vez na virada dos anos 1580 para os 1590, “A Trágica História do Doutor Fausto”, de Christopher Marlowe, tornou-se um marco do tema fáustico, um dos mais poderosos mitos literários da modernidade. Por sua vez, a montagem “Fausto”, que estreou no Sesc Pinheiros, em 2022, chega agora ao Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 5 de abril. Concebida pelo ator Ricardo Bittencourt (que interpreta Fausto) e pelo produtor Luque Daltrozo (que produz a montagem), a partir de um desejo antigo de Bittencourt, esta se tornou a última direção de Zé Celso.
Assim, toda a equipe de “Fausto” traz integrantes do Teat(r)o Oficina. Nesta versão, a “Entidade” Fausto baixa no Brasil e se transforma numa Peça Musicada de Teat(r)o Brasileiro. A temporada desta montagem de ”Fausto” vai de 5 a 29 de abril de 2024, de sexta a segunda, às 20h, no CCBB BH. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), e estão à venda no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB. Na sessão do dia 7 de abril, domingo, haverá um bate-papo com elenco e/ou diretor, às 17h.
“Quadra 16”
Depois do sucesso “Rosa Choque”, Cris Moreira retorna aos palcos com a palestra-performance, “Quadra 16”, que ocupa o Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, s/n, Alípio de Melo) a partir desta quinta, dia 4. A montagem trata do luto materno vivenciado pela atriz em 2008. Francisco viveu 48 horas e faleceu devido a uma hemorragia pulmonar. Temporada até 7 de abril, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada) e estão à venda no Sympla.
Em 2008, Cris Moreira teve uma gestação gemelar, perdeu um dos filhos, Francisco, com apenas dois dias de vida. Tal qual, acompanhou João, gêmeo de Francisco, na UTI, por 79 dias. A partir da experiência, criou a palestra-performance “Quadra 16”. A obra busca contribuir para uma discussão mais ampla sobre a maternidade, o luto parental e a invisibilização da dor materna durante esse processo. Cris lembra que “a morte de um filho é algo completamente inesperado para os pais”. “Assim, mesmo em situação de risco, onde se vê a iminência da morte, não existe nenhum tipo de preparação para tal acontecimento”.
“Anne Frank, a voz que se tem memória“
O Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas recebe “Anne Frank, a voz que se tem memória”, montagem da Cia. Nacional de Teatro. Dirigido por Leonardo Talarico Marins, a peça teve a estreia nacional em 2023. Trata-se de uma adaptação intimista sobre a vida de Anne Frank, a garota judia de 13 anos, que, junto à família e conhecidos, precisa se esconder do regime nazista.
O monólogo traz Poliana Carvalho, que também está envolvida na produção. A montagem vem de pesquisa iniciada por ela em 2016, e que incluiu visitas ao esconderijo de Anne Frank, a campos de concentração e ao Museu da Fábrica de Schindler. Além disso, Poliana entrevistou sobreviventes que conheceram Anne Frank e o historiador Mateusz Zdeb, na Polônia. A apresentação será no dia 6 de abril, sábado, às 21h. Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). Valor solidário de R$ 70, mediante a doação de 1Kg de alimento não perecível, exceto sal. A classificação é 10 anos.
“Arrepsia”
“Arrepsia”, montagem da IncompetênCia, se apresenta nos dias 5, 6 e 7 de abril, na Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro). A peça visa fazer o público refletir sobre a tentativa social de apagamento das ancestralidades, nas relações de gênero e de raça. No elenco, Gabi Vieira, Malu Dimas, Rafa Calú e Sarah Vá. Os ingressos estarão à venda na bilheteria da Funarte: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
“Arrepsia” é autoetnográfico (relação do indivíduo com o meio sociocultural em que está inserido). Ou seja, o espetáculo parte da história do quarteto, que, embora já atuasse na área teatral, precisou trabalhar em outras funções, como a de garçonete. A criação e a dramaturgia de “Arrepsia” são da própria IncompetênCia. A montagem conta com a direção de Tiago Agar, direção musical de Talita Sanha e provocação artística de Ernani Maletta.
“Cálice”
Dirigida por Rony Camargo, a peça teatral “Cálice” terá sessões de 5 a 7 de abril, no Teatro da Biblioteca Pública (Praça da Liberdade, 21). Horários: sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Com dramaturgia assinada por Ana Cândida Mello, Fábio da Mata, Manu Halfeld e Rony Camargo, a montagem, ambientada em Minas, mostra a luta contra a ditadura militar em três épocas: 1964, 1974 e 2014. Assim, a história apresenta a visão da criança, do adolescente e do adulto. A peça conta com 15 atores em cena, e incorpora fatos reais na dramaturgia.
Sinopse: Amigos de infância, José, Kadu, Marcos, Angelina, Clarice e Rita vivem os anos de chumbo da ditadura militar brasileira. Assim, enfrentam perseguições, torturas e medo constante. Ao longo dos anos, guardam segredos e mistérios. No entanto, com a chegada da Comissão da Verdade, vê-se um confronto com o passado – e eles precisam lidar com as consequências de escolhas e ações. Ingressos: antecipado: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). No dia: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).