Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Saiba mais sobre a banda mineira Moustache Queens

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A banda drag queer Moustache Queens colhe o sucesso do clipe “Sister”, inspirado na série “Warrior Nun”

Patrícia Cassese | Editora Assistente

No dia 7 de agosto, a banda drag queer mineira Moustache Queens lançou, no YouTube, o clipe de sua primeira música autoral, “Sister”, que, até a data de publicação desta matéria, já acumulava mais de 200 mil visualizações. No ano anterior, o grupo havia lançado uma trilogia de releituras de clássicos do pop, composta por “Boyfriend”, de Dove Cameron; “Bad Guy”, de Billie Eilish; e “Toxic”, de Britney Spears. Essas versões refletiram os caminhos musicais escolhidos pela Moustache Queens, com sonoridades que mesclam trap, trip-hop e maracatu.

A cantora e atriz Rainy Campos, a voz de "Sister", do Moustache Queens (Natália Hare/Divulgação)

A música autoral “Sister”, composta por Sam Rennó e Ana Assis, foi gravada ao vivo em estúdio. Segundo o material de divulgação do grupo, a canção é inspirada na série “Warrior Nun”, que aborda um romance entre duas personagens religiosas e guerreiras, explorando temas como homossexualidade e outras questões políticas. O clipe apresenta a cantora e atriz Rainy Campos, acompanhada pelas “freirinhas bigodudas” (a baixista Iara de Andrade e a guitarrista Dedé Coimbra), além de contar com uma rica instrumentação, incluindo cordas, sopros e bateria.

Trajetória

Para aqueles que foram prontamente envolvidos pela canção, a boa notícia é que, até o final de 2024, a Moustache Queens planeja lançar ao menos mais uma música autoral e um cover. Em entrevista à equipe do Culturadoria, Sam Rennó, que assina a criação, direção geral e produção musical, contou mais sobre a trajetória da Moustache Queens até aqui. Sam rememora que tudo começou quando, junto a Eli Nunes, integrante do grupo, passou a performar de bigode em algumas festas: “A gente se montava, transitando entre o masculino e o feminino. A partir daí, fiquei com muita vontade de formar um projeto de performances em festas onde usássemos bigodes, uma proposta diferente da Moustache, mas não pegou muito. A galera não comprou a ideia”, reconhece. Até que veio a pandemia… 

Com o isolamento social imposto pela emergência sanitária, Sam começou a buscar referências para moldar um novo projeto: “[…] ou seja, ideias de figurino, além de ritmos e sonoridades. Na verdade, eu já tinha a ideia de criar uma banda de versões. Então, acabei unindo essas duas coisas — até porque, sou muito fã de alguns canais no YouTube que fazem versões de músicas famosas em estilos musicais diferentes.”

Proposta sonora

No grupo idealizado por Sam, as versões se destacam por uma fusão entre o trap em formato acústico — algo ainda pouco explorado — e o maracatu. Nessa proposta, o som é enriquecido por instrumentos tradicionais brasileiros, como a alfaia de maracatu e caixa de folia.

Com essa proposta sonora em mente, Sam decidiu convidar outras pessoas para integrar a Moustache, como Eli Nunes e Gana Rodrigues, que já tinham experiência em se montar de drag e performar em BH. “A ideia era que não fosse apenas uma banda musical, mas também performática, Eli e Gana são bailarines e performers. Sempre pensei que não bastava colocar um bigode no palco, os integrantes da Moustache tem que ter algum envolvimento com teatro e dança, para conseguirmos sustentar esse bigode em cena”.

Formação

A maioria dos integrantes, conta Sam, são mesmo de Belo Horizonte, embora a trompetista, Ana Neri, seja de São João del-Rei, enquanto a baterista, Geórgia Câmara, vem do Rio. “Vale dizer que já tivemos uma outra formação, com sopros do Rio, com a Katia Preta e a Mônica Ávila. No entanto, na apresentação que fizemos em BH, no dia 16 de agosto, os sopros eram daqui”.

Sobre a escolha do nome, acredita que Moustache Queens traduz bem a filosofia do grupo: “lugar fluido, que transita entre essas duas energias”. O nome também surgiu do amálgama musical concebido por Sam: “Começou com a ideia de releituras. A maioria das músicas que o grupo revisitou foram compostas em inglês, mas também quero trazer mais canções em português, espanhol e francês para o repertório. Daí vem a mistura: ‘moustache’ com grafia francesa, e ‘queens’, em inglês.” 

Feedback

Sam destaca que o feedback sobre as releituras lançadas em 2023 foi muito positivo. “Tivemos um número grande de visualizações nos clipes, e ali começou a se formar nosso público. No show que fizemos agora, em agosto, tivemos uma melhor percepção do alcance da Moustache. Os ingressos se esgotaram em menos de 24h. Quando soubemos que haveria algumas desistências para parte das cortesias, decidimos colocá-las à venda. Para nossa surpresa, os ingressos se esgotaram em cinco minutos. Com isso, percebemos que o local escolhido para o show já tinha se tornado pequeno para o alcance do público. Neste momento, estamos, digamos assim, em um processo de entender melhor a dimensão que nossa audiência tomou.”

Perfil do público

Quando questionade sobre o perfil de público da Moustache Queens, Sam explica que o grupo abrange um espectro amplo, alcançando tanto um público jovem quanto mais maduro, especialmente devido aos arranjos musicais. “Fazemos releituras de músicas recentes, de artistas jovens, mas com uma roupagem que flerta com o jazz e o blues. Isso, acredito, atrai um público mais velho. Também incorporamos influências de artistas como Nina Simone, David Bowie, Prince, que agrada a uma geração anterior — minha mãe, por exemplo, ouvia muito. E misturamos com artistas contemporâneos como Doja Cat, Ashnikko, Black Pink, Liniker, Majur, Urias, FBC. Então, temos esses mash-ups que combinam clássicos com músicas atuais.”.

Sam destaca, em particular, a trilogia lançada pela Moustache no ano passado. “Fizemos releituras de uma música da Britney Spears, mas também de Dove Cameron, que é uma artista jovem, além de Billie Eilish. Pelo retorno no nosso canal do YouTube, a maioria das visualizações vem de pessoas entre 20 e 40 anos. Mas também temos uma porcentagem grande de público acima dos 45 “.

Em tempo: o “Baile da Moustache” ocupou a Casa Circo Gamarra, com uma banda formada por 17 integrantes. O show teve direito a registro, que, posteriormente, irá para as redes sociais da banda, a fim de ampliar a visibilidade da cultura drag.

Serviço 

Clipe “Sister” – Confira no canal de YouTube da Moustache Queens.

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