Cinema

“Ritas” encanta ao mostrar as múltiplas facetas de Rita Lee

Dirigido por Oswaldo Santana, o documentário "Ritas" estreia em todo o Brasil com todas as credenciais para emocionar os fãs de Rita Lee Jones

A eterna rainha do rock brasileiro Rita Lee, cuja trajetória é tema de documentário (Paris Filmes/Divulgação)

Patrícia Cassese

Verdadeira e intensa. Das múltiplas qualidades que o cineasta Oswaldo Santana consegue enxergar na figura mítica de Rita Lee, essas duas sintetizam a persona que, enquanto “aniversariante” do dia, recebe, dele, uma belíssima homenagem em forma de documentário: “Ritas”, que entra em cartaz em várias cidades do Brasil. Uma pausa se faz necessária para explicar o uso de aspas ao falar do aniversário de Rita Lee Jones de Carvalho. É que, como qualquer acesso a sites de busca esclarece, a cantora e compositor nasceu no dia 31 de dezembro – no caso, de 1947. No entanto, a devoção a Santa Rita de Cássia fez com instituísse a si própria uma outra data de aniversário, o 22 de maio. Daí, pois, a data de escolha da estreia do filme – um presente e tanto para a legião de fãs da musa, falecida em 8 de maio de 2023.

Quando falamos em “presente”, é preciso também posicionar: o documentário “Ritas” é muito, muito bom. Os fãs da “rainha do rock brasileiro” (ok, apelamos para um clichê) vão encerrar o filme entre lágrimas e sorrisos, ao rever tantos momentos memoráveis da trajetória da “mais completa tradução” de Sampa, nas palavras de Caetano Veloso. De pronto, uma pergunta se instala: por quê o título do longa está no plural? “Então… A própria Rita se colocava como essa pessoa capaz de interpretar vários personagens. Até quando queria dar uma notícia que não gostaria de dar, se vestia de um personagem para tal. Ou seja, lidava muito bem com isso”.

Não apenas. No começo do filme, a própria Rita aparece dizendo que havia a pessoa Rita que ficava nas coxias e a personagem Rita Lee, que adentrava os palcos. “Enfim, ela ia se dividindo nessa pluralidade de momentos, nesse enfrentamento, nessa vivência de múltiplas situações. Assim, se adaptava como uma cameleoa – aliás, como muitas pessoas. Por isso o título do filme, ‘Ritas'”, esclarece.

Processo natural

Válido posicionar que “Ritas” marca a estreia de Oswaldo Santana na direção de um longa-metragem. No entanto, ele vem de uma carreira sólida no cinema, particularmente no processo de montagem. E, neste campo, em filmes de ficção e documentários, bem como séries. Desse modo, assinou a montagem de projetos como: “Tropicália”, “Bruna Surfistinha”, “Trinta”, “Natimorto”, “Ginga”, “PSI” (HBO), “Spectros” (Netflix), “Santo Maldito” (Disney+) e “Turma da Mônica – A Série” (Globoplay). “Ou seja, tenho a experiência de montar tanto ficção quanto documentário. Portanto, foi meio natural o processo de chegar a dirigir um filme que tem tanto material de arquivo, tantas possibilidades”.

Um filme que, querendo ou não, como salienta Santana, tem como um dos alicerces o material de arquivo. “Assim, para lidar com tanto material, tantos caminhos possíveis, a experiência de montador me ajudou bastante. Foi, pois, natural assumir esse desafio, ainda mais para falar de uma pessoa que é tão importante na vida de tanta gente – inclusive na minha”. Porque sim, claro, Oswaldo Santana é fã confesso de Rita Lee Jones. “E desde sempre, né? Eu acho que a Rita Lee tem um poder de entrar nas nossas vidas quase que por osmose. Ela se comunica com a gente de uma forma muito assertiva e efetiva. O jeito de ela falar de coisas muito sérias é muito particular. Às vezes, com um humor e até mesmo um deboche muito dela”.

Comunicação com os fãs

O diretor salienta o fato de a mídia sempre ter mantido interesse pela artista, ao contrário de tantos outros ídolos que, no curso das respectivas trajetórias, acabaram caindo no ostracismo. “Mesmo depois da aposentadoria (dos palcos), ela lidou muito bem com o que apresentava para o mundo, caso da Rita escritora”, diz o diretor. Ele também lembra que Rita Lee foi meio que uma precursora do Twitter. “Então, essa comunicação da Rita com os fãs sempre existiu. Na verdade, não só com os fãs, mas também com um termo que surgiu até depois, os haters. Porque a Rita sempre trouxe muita verdade e intensidade, e isso nem sempre é muito aceito”.

Rita Lee, em frame do filme “Ritas” (Biônica Filmes/Paris Filmes/Divulgação)

Escolhas

Não menos importante, Oswaldo Santana lembra que a primeira diretriz para o filme foi a primeira autobiografia, lançada em 2016, antes da descoberta do câncer. “Então, foi um processo natural a gente chegar nesse princípio que foi essa que é uma grande entrevista para nos conduzir (no documentário) junto a um material de pesquisa. Ou seja, foi natural, deixar o a própria Rita falar, ter o filme em primeira pessoa”.

Santana complementa: “A Rita tem tanta objetividade e conta tudo com um jeito tão peculiar, muitas vezes sarcástico. Ela é incrível. E nada melhor do que ter ela para contar a sua história. O que a gente quis foi exatamente passar pela personalidade múltipla que compunha uma pessoa tão talentosa em tantas coisas. Na verdade, todo mundo é, em diferentes medidas, plural. E com a Rita Lee, pelo fato de ela ter essa transparência e verdade de viver tão intensamente cada momento, isso ficou muito claro”.

Em tempo

“Ritas” é uma produção Biônica Filmes em coprodução com 7800 Productions e Claro, com apoio Globo Filmes e DOT Cine. Realização Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo e apoio de mídia do UOL. Codistribuição Biônica Filmes e Paris Filmes.

Assista, abaixo, o trailer

Serviço

“Ritas”

Na semana de 22 a 29 de maio (*), o filme de Oswaldo Santana pode ser visto em duas salas
Una Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581) – Sala 2 – 14h30, 16h20 e 20h – com poltrona numerada
Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes) – 16h20 – sem poltrona numerada

(*) Por conta da possibilidade de cessão das salas citadas para eventos especiais, o Culturadoria aconselha o interessado em assistir a “Ritas” a, antes de sair de casa, entrar no site dos cinemas para checar a manutenção da sessão para o horário pretendido.

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Publicado por Patrícia Cassese

Publicado em 22/05/25

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