
Bestiário do jardim oculto, exposição de Raquel Schembri. Foto: Jade Liz
A Albuquerque Contemporânea Galeria de Arte recebe, no mezanino, a exposição “Bestiário do Jardim Oculto”, uma mostra póstuma dedicada ao trabalho da artista Raquel Schembri. A exibição reúne uma série de obras em acrílico sobre papel que exploram o conceito do “entre” – um espaço intermediário entre o material e o espiritual, o gesto e a representação.
O “entre” como essência artística
A série apresentada por Schembri dialoga com o que a artista definia como uma “dialética escópica”. Em suas palavras, há força naquilo que antecede o gesto e na forma como ele se manifesta sobre a superfície. O conjunto de obras propõe uma fusão de elementos aparentemente opostos, criando uma narrativa visual que mescla o real e o imaginado. Nesse contexto, o “bestiário” de aparições sugere formas híbridas, como se fossem seres emergindo da intersecção entre a natureza e a imaginação.
Cores vibrantes e entrega ritualizada
Raquel costumava descrever essa série como o reflexo de uma “vida secreta ao nosso redor”, onde cores vivas e inusitadas dão forma a uma misteriosa fauna e flora. Os trabalhos evocam uma dança gestual que transcende o ato de pintar, revelando uma entrega quase ritualística. O resultado é um universo visual que convida o espectador a refletir sobre a relação entre o natural e o onírico.
Legado de uma artista internacional
Raquel Schembri faleceu em 27 de junho de 2016, durante o parto de sua filha, Marta. Sua trajetória artística é marcada por residências em países como Inglaterra, Alemanha, Sérvia, Brasil e Coreia do Sul. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, com destaque internacional na Alemanha e Coreia. Sua obra, ainda hoje, continua a se reinventar e influenciar novas gerações, evidenciando sua relevância e contemporaneidade.
A exposição permanece aberta ao público até o final de fevereiro, propondo uma reflexão sobre o legado atemporal de Schembri.