Diretor, ator, produtor e diplomata, Sidney Poitier é tema das próximas sessões no Cine Humberto Mauro. Ele tem importante presença na história do cinema. Foi o primeiro homem negro vencedor do Oscar, ganhou o prêmio de Melhor Ator em 1963. Até o dia 16 de setembro, a Mostra dedicada ao ator vai exibir filmes de destaques da carreira.
Entre os filmes selecionados estão, por exemplo, Uma voz nas sombras, de 1963, no qual interpreta um operário desempregado que ajuda freiras a construir uma igreja, e Aconteceu num sábado, de 1974. No segundo filme, dois amigos decidem ir a um clube de apostas secreto, são roubados e na carteira de um deles tem um bilhete premiado da loteria.
Além da exibição de produções e filmes com a presença de Poitier, o Cine Humberto Mauro vai exibir Corra!, filme de 2017 dirigido por Jordan Peele. A intenção é estabelecer um diálogo com discussões contemporâneas acerca da igualdade racial.
Em suma, trata-se de uma homenagem a um grande nome do cinema. Mas por que esta mostra é importante?
Primeiro homem negro vencedor do Oscar
Antes de Sidney Poitier a única pessoa negra a ganhar o Oscar foi a atriz Hattie McDaniel pelo papel de coadjuvante em …E o vento levou (1939). McDaniel também foi a primeira pessoa negra a ir como convidada à festa do Oscar.
Já o diretor fez história quando ganhou a premiação de melhor ator principal em 1963. A performance em Uma voz nas sombras foi responsável pelo prêmio. No longa, o ator é um operário, que trabalha em construções. Um dia, ao parar o carro em uma fazenda devido a um problema no motor, acaba encontrando algumas freiras. A superiora, então acredita que ele foi enviado por Deus para ajudá-las a construir uma igreja. Ele não queria, mas acaba auxiliando com pequenas tarefas e se envolve completamente com as religiosas.
Portanto, é importante destacar o reconhecimento visto que vivemos em uma sociedade na qual o racismo estrutural ainda é forte. Agora imagina o cenário nos Estados Unidos nos anos 1960?
Carreira
Sidney Poitier nasceu nas Bahamas prematuramente quando estava indo para a Flórida, nos Estados Unidos. Teve uma infância com poucos estudos e era pobre. Ao completar 15 anos mudou-se para Miami juntamente com o seu irmão mais velho e, a partir daí, sentiu na pele a discriminação racial. A princípio, trabalhou em subempregos e dormia em terminais de ônibus. Posteriormente, tentou ingressar na The American Negro Theatre, só que foi rejeitado em virtude de ter sotaque e precisar melhorar a atuação. Em síntese, conseguiu ser aceito depois de seis meses e o seu primeiro trabalho foi em Lysistrata, produção da Broadway, pelo qual recebeu elogios. A partir daí, não parou mais.
O artista começou a fazer cinema e atuou em O ódio é cego, de Joseph L. Mankiewicz. No longa ele fazia papel de um médico negro que tratava de pacientes brancos racistas. Ademais, fez papéis secundários até ser o protagonista em Acorrentados (1958). A atuação lhe rendeu uma indicação para melhor ator, mas ficou por isso mesmo.
Além de atuar nas telonas e palcos, Poitier se destacou participando de movimentos dos direitos civis da sua época.
Filmes marcantes e produções
Ao participar dos longas Ao mestre, com carinho, Adivinhe quem vem para jantar e No clamor da noite, todos de 1967, o ator ganhou ainda mais visibilidade no cenário da sétima arte. Os filmes foram muito importantes e marcos históricos, pois ajudaram a quebrar as barreiras sociais entre brancos e afro-americanos.
Na mostra do Cine Humberto Mauro, que vai até o dia 16 de setembro, são justamente essas três obras que se destacam na programação. Do mesmo modo que esses títulos serão exibidos, também estão na programação outros e Poitier atuou e dirigiu, como O sol tornará a brilhar (1961, de Daniel Petrie), Um homem tem três metros de altura (1957, de Martin Ritt) e sessões comentadas.
A programação completa da Mostra Sidney Poitier você encontra no site da Fundação Clóvis Salgado.
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