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Oportunidades na Cultura

Leo Cunha lança “Palíndromos Caninos” em evento sobre o tema

Leo Cunha, que lança seu livro sobre palíndromos em SP, no sábado (André Cunha/Divulgação)

Leo Cunha, que lança seu livro sobre palíndromos em SP, no sábado (André Cunha/Divulgação)

Escritores e fãs do palíndromo têm um encontro marcado nesta semana: o Lá Una Anual será realizado no dia 19, em São Paulo

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Palíndromo: segundo os dicionários, frase ou palavra que se pode ler, indiferentemente, da esquerda para a direita ou vice-versa. O exercício deste fenômeno (digamos assim) sempre suscita curiosidade e interesse, e exemplos costumam acorrer de pronto à língua. Caso de “Roma é Amor”, um dos mais notórios. A novidade é que, no próximo dia 19, a cidade de São Paulo sedia o Lá Una Anual, que correspondente ao 1º Encontro Brasileiro de Palindromistas. Nele, acontecerá a fundação da Liga Ágil, Associação Brasileira de Palindromistas. “Depois disso, a palindromia tupiniquim nunca mais será a mesma”, assegura a organização do evento, no material de divulgação enviado à imprensa.

Fato é que o evento vai ser composto de um dia inteiro de palestras, entrevistas, oficinas, desafios com palíndromos, música, lançamento de livros e lançamento da revista semestral da associação, a “ArtSinistra”. Segundo o material da associação, embora dispersos por várias regiões do país, os palindromistas, no curso dos anos, acabaram por convergir para o Twitter – ou X -, plataforma que hoje abriga mais de uma centena de criadores de palíndromos.

Enxurrada palindrômica

O capítulo seguinte aconteceu em março de 2021, quando oito palindromistas – sendo Ana Lia a proponente – criaram uma série semanal, o #desafiopalindromo. Assim, a cada semana, um curador propõe um tema e, daí, acontece a “enxurrada palindrômica”. Tal qual, a seguir são escolhidos os três melhores palíndromos da vez. Com o sucesso da iniciativa, veio, então, a vontade de ter um evento presencial, de encontro. Logo, motivo do nascimento do Lá Una Anual, que, vale dizer, conta com um mineiro em seu comitê organizador: o escritor Leo Cunha.

Em São Paulo, aliás, Leo Cunha aproveita para lançar o livro “Osso Nosso – Palíndromos Caninos” (Editora Aletria), que traz ilustrações de Angelo Abu (leia resenha no final desta matéria). Em entrevista ao Culturadoria, Leo Cunha confirma que sim, o Brasil tem, hoje, muitos palindromistas. “Na verdade, dezenas e dezenas. São pessoas que se dedicam, estudam, curtem… E o Twitter (X) acabou se tornando uma espécie de clube, um grupo de palindromistas”, confirma ele, acrescentando que, no caso dos desafios, o time já cumpriu mais de 120. “Semanalmente, cada um (palindromista) posta o seu, sempre inventado a partir do tema proposto. E daí (do sucesso da iniciativa), resolvemos partir para a realização de um encontro”.

Pessoas de todo o país

Assim, vão participar palindromistas do Brasil inteiro. “Vai gente lá do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul, do Rio, São Paulo, Paraná, Minas, Brasília… Gente de todos os cantos. E vale lembrar que cada um tem a sua profissão. Tem gente que é médico, tem gente que é lojista, tem gente que é escritor, editor, professor, advogado, jornalista. E o que nos une é essa paixão, esse interesse pelo palíndromo. E aí vamos fazer esse encontro que está sendo chamado de La Una Anual, que, dá para notar, é também um palíndromo. A gente está chamando de o Primeiro Encontro Brasileiro de Palindromistas”.

Além do livro de Leo Cunha, que é uma obra infantojuvenil, outros títulos serão lançados no evento, de autores como Ana Lia, Fábio Aristimunho Vargas (pesquisador de palíndromos), de Foz do Iguaçu, e o Giba, que é de Porto Alegre. “Vai ter exposição, vai ter desafio palíndromo, vai ter várias mesas redondas… Um dia repleto de atividades em torno dos palíndromos. Acho que vai ser muito bacana. Quem se inscreveu vai receber cartaz, certificado, botão e tal. Mas quem aparecer lá no dia para assistir, pode conferir o que quiser: tudo ou parte dos eventos, assim como participar dos lançamentos de livros. Nós, autores, vamos estar lá, autografando”, afiança.

“Palíndromos Caninos”

Antes de adentrar o livro “Osso Nosso – Palíndromos Caninos”, que está lançando pela Editora Aletria, Leo Cunha conta que sempre gostou muito de palíndromos. “Na verdade, de todas as brincadeiras de linguagem: anagramas, trocadilhos, trava-línguas, tudo. Inclusive, eu tenho um livro que chama ‘Língua de Sobra e Outras Brincadeiras Poéticas, Língua de Sobra com B de Bola, que traz várias brincadeiras poéticas. Ali, já tinha um palíndromo. É um livro infantil que foi lançado há uns dez anos. Mas, dessa vez, é um livro inteiro só de palíndromos”.

E a ideia, conta ele, veio justamente do ilustrador que o acompanha nesta empreitada, o já citado Angelo Abu. “Ele é um grande artista, que já recebeu vários prêmios. Para citar um exemplo, fez todas as capas das edições dos livros do Mia Couto na Companhia das Letras. Um cara muito fera”. Leo relata que Angelo acompanha suas redes sociais já há um tempo. “E, como posto muitos palíndromos, como brincadeira mesmo, um dia, ele propôs: ‘Olha, vamos fazer um livro infantil de palíndromos’. Achei a ideia muito legal, mas desafiante, porque o palíndromo, às vezes, é uma coisa um pouco complexa. Então, eu fiquei pensando, pensando, até achar uma solução”.

Jogo de imagens

O caminho que Leo Cunha vislumbrou foi fazer um livro com palíndromos curtos, não muito complexos. “Quer dizer, que interessem a criança e com um tema central, que, no caso, seriam os cachorros, uma vez que crianças adoram livros sobre bichos, né?”. Assim, durante um período, o mineiro se dedicou a criar vários palíndromos caninos, condizendo com o subtítulo do livro. O passo seguinte foi enviar o resultado para Abu. “E ele fez as ilustrações, que também são espelhadas, assim como o palíndromo. Ou seja, você pode ler da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. E aí, foi impresso na semana passada, pela editora Aletria, e já está no mercado”.

No frigir dos ovos, Leo Cunha entende que a obra será bastante curtida pela meninada. “Tanto por conta dos palíndromos propriamente ditos quanto por esse jogo com as imagens. Acho que vai ser uma leitura muito divertida, curiosa e intrigante para a meninada”.

“Osso Nosso” – Resenha

Encantador, “Osso Nosso” tem todas as credenciais para, de fato, cair no gosto da garotada. E, neste caso, os méritos podem ser democraticamente divididos entre ambas as partes envolvidas, autor e ilustrador.
No que tange ao texto, fica evidente o quanto o autor, o premiado Leo Cunha, deve ter quebrado a cabeça para pensar em tantos (e criativos, complexos) palíndromos que se encaixassem no tema proposto de modo a estabelecer, ao fim, uma narrativa. Na verdade, a história, aqui, é menos importante que o jogo proposto pela obra, que, como dito, provoca o leitor (e de todas as idades) a ler de frente para trás, quase como se quisesse averiguar a real formação do palíndromo. E ainda que, neste jogo, a resposta seja um “claro que forma”.

Os dálmatas, na representação de Angelo Abu (André Cunha/Divulgação)

As ilustrações são maravilhosas! E não estamos nos referindo apenas ao traço em si (destaques para as representações de Lulus da Pomerânia, dálmatas e bassets), mas à paleta de cores usada. A composição cromática resulta em um conjunto harmônico, aprazível, que promove deleite colocado sob o olhar de um adulto. Aliás, o livro tem essa incrível capacidade de agradar também aos mais grandinhos.
Ah, sim… E não podemos deixar de assinalar um certo animal que aparece ao fim da história. Ele definitivamente não pertence à família dos caninos, mas, nos livros e filmes infantis, está quase sempre presente nas narrativas que orbitam sobre animais domésticos.

Vale, ainda, ao fim, ler a apresentação dos autores, já que, nelas, os dois falam muito sobre o exercício dos palíndromos, tocando em aspectos bem curiosos e pouco conhecidos.

Evento em SP

O Lá Una Anual conta com dois gentis anfitriões: o patrocínio da Editora Carótide e o apoio da Universidade Presbiteriana Mackenzie

A Liga Ágil tem as seguintes propostas e projetos, tanto para o futuro quanto “para o passado”. São elas:


Para o futuro

1) Criar mais eventos
2) incentivar a palindromia
3) formar novos talentos
4) integrar a palindromia nacional à palindromia internacional.
5) ter uma sede

Para o passado

1) pesquisar e resgatar a história da palindromia brasileira
2) valorizar a memória e homenagear autores pioneiros.

Comitê Organizador do Evento.

Andre Santiago de Araujo /Jundiaí /
Cassie J / Rio de Janeiro
Edson Kanashiro / São Paulo
Fábio Aristimunho Vargas /Foz do Iguaçu
Fraga / Porto Alegre
Leo Cunha / Belo Horizonte
Pablo Javier Alsina / Parnamirim
Sílvio Lourenço de Souza / Jundiaí

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