A música francesa conduz o show “Uma Noite em Paris”, no qual a Outro Gato convida Bruno Gouveia, Izabella Brant, grupo Be Hoppers e outros
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Há pouco mais de dois anos, a banda Outro Gato (Gypsy Jazz) deu início a um flerte com a trilha sonora de um título da sétima arte de recortes bem específicos: “Meia-Noite em Paris”. Lançado em 2011, o filme de Woody Allen mostra Gil Pender (Owen Wilson) como um jovem escritor norte-americano que vai a Paris com a noiva, Inez (Rachel McAdams), e a família dela. Na cidade-luz, à noite, ele começa a embarcar em um carro e, assim, a passar as noites na fervilhante década de 1920. Daí, passa a conviver com ícones como Ernest Hemingway (Corey Stoll), Pablo Picasso (Adrien Brody), F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston), Gertrude Stein (Kathy Bates) ou T.S. Eliot (David Lowe).
A música do longa-metragem arrebatou de tal forma os integrantes que não tardou para que passassem a incluir músicas deste repertório em shows. Nesta terça-feira, 13 de agosto, os músicos do Outro Gato avançam ainda mais nessa relação, que dá ênfase à música francesa. Assim, o espetáculo “Uma Noite em Paris” – que ocupa o palco do Centro Cultural Unimed-BH Minas, a partir das 20h – promete um encontro potente entre o cancioneiro francês e manouche com o jazz americano, conduzindo o público a um passeio por várias épocas.
Chamarizes
Não bastasse, o espetáculo terá uma série de chamarizes. Assim, além dos integrantes – Matheus Félix (violino), Marcelo Luiz Barbosa (baixo acústico), João Gabriel Carvalho (violão manouche e voz) + Dudu Amendoeira (violão, piano e acordeão) -, a Outro Gato convida, por exemplo, o cantor e compositor Bruno Gouveia (Biquini) e sua esposa, a cantora Izabella Brant (ex-Menina do Céu, agora em carreira solo). Tal qual, Walmer Carvalho (também integrante do Biquini, no sax e flauta). Não bastasse, o espetáculo também contará com a participação do grupo belo-horizontino Be Hopper, de lindy hop.
Repertório
Ao Culturadoria, Matheus conta que o Outro Gato – que foi criado em 2017 – realiza um sonho com esse show. “A começar por nos apresentarmos em um teatro tão emblemático, querido, e com um aparato técnico maravilhoso, uma equipe atenciosa”. E, ainda, por conta dos convidados. “Vai ser uma celebração feliz, inesquecível”, prevê. O violinista salienta que, além de “Meia-Noite em Paris”, o repertório do show também ecoa influências de outros filmes, como “As Bicicletas de Belleville” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (direção de Jean-Pierre Jeunet, 2001). “Foi o próprio Bruno (Gouveia) que comentou sobre a animação de Sylvain Chomet, lançada em 2002”, diz Matheus sobre a escolha de “As Bicicletas de Belleville”.
Aliás, ele ressalta que Bruno Gouveia e Izabella Brant têm um projeto direcionado ao jazz e a músicas de trilhas de cinema, o Cheek to Cheek. “E, para quem não sabe, a Izabella é cantora lírica por formação. Aliás, tanto nos shows solo quanto nos do Menina do Céu, já cantou ‘Habanera’, de (da ópera francesa) ‘Carmen’ (Georges Bizet, 1875)”. Na verdade, Matheus Félix (que, além de instrumentista, também é o produtor do Outro Gato) entende que só o repertório e os convidados, por si, já conduziriam ao público para um momento áureo da cultura francesa. “Assim como no filme, nesta maquina do tempo”. Mas ee ressalta que o público também vai se deparar com surpresas “E, ainda, algumas projeções, reforçando impressões que queremos retratar. Afetos que a gente quer buscar dentro de cada a música. A sensibilidade vai ficar à flor da pele”, promete.
O grupo
Como dito, o Outro Gato já soma oito anos empunhando a bandeira do gypsy jazz. Que, como lembra Matheus Félix, é também conhecido como “jazz francês” ou “jazz manouche”. “Ou seja, caracterizado por ter só instrumentos de corda”. Ele também comenta que os precursores do jazz manouche foram o guitarrista Django Reinhardt e o violinista Stéphane Grappelli. Os dois, relembra, fundaram, em 1934, o quinteto Hot Club de France (Quintette du Hot Club de France), “realizando releituras em jazz manouche das músicas da época”. “Django e Grappelli inspiraram muito a banda Outro Gato”.
Tal qual, os integrantes da Outro Gato começaram a trajetória artística fazendo releituras de músicas que estavam na moda à época para o estilo do gypsy jazz. “Durante a pandemia, fizemos a gravação do nosso primeiro álbum, ‘Cantando a Pedra’, que lançamos em 2022, na Casa Outono”. Matheus lembra que o trabalho teve uma excelente circulação também por São Paulo e em alguns festivais, caso do Festival de Inverno de Itabira, do Fartura Brasil e da 9ª edição do Festival Manouche de Piracicaba.
Serviço
“Uma Noite em Paris” – Outro Gato Gypsy Jazz e convidados
Quando. Terça, dia 13 de agosto de 2024, às 20h
Onde. Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rura da Bahia, 2.244, Lourdes)
Quanto. R$ 60 (inteira) ou R$ 30 (meia). Clientes Unimed têm desconto. Ingresso solidário / mediante 1KG de alimento R$ 40. À venda no Sympla.