
Na foto, os atores do elenco do espetáculo "O Som do Mundo Desmoronando" (Foto : @abaporuta)
“O Som do Mundo Desmoronando”, uma produção da Graduação em Teatro da UFMG, terá três apresentações na Funarte MG, de 5 a 8 fevereiro. A peça é entendida como uma travessia teatral por tempos de colapso, na qual certezas caem junto às estátuas e os sons da destruição reverberam em ecos de resistência. Com dramaturgia coletiva orientada e dirigida por Altemar Di Monteiro, a obra é livremente inspirada nos escritos de Paul B. Preciado e Achille Mbembe. Em diálogo com o conceito de disphoria, cunhado por Preciado, a peça explora a noção de inadequação para refletir sobre uma dimensão existencial que define nosso tempo e reafirmar que corpo e mundo nunca estiveram separados.
No palco, narrativas de resistência (e sua cooptação neoliberal) se entrelaçam com reflexões sobre a devastação ecológica e humana. Desse modo, temos um mosaico de utopias e descrenças que ressoam no agora. A criação toma como inspiração o cortejo zapatista realizado nas ruas México em dezembro de 2012. A partir daí, explora perguntas que ele ecoa. Por exemplo: o que é necessário desmoronar para que outro mundo possa emergir? A pergunta não é se as estátuas devem ou não cair. A questão é decidir o que fazer com os escombros.
Experiência sensorial
Com 22 atuantes em cena, o espetáculo propõe uma experiência sensorial intensa. Assim, corpos em movimento dialogam com o silêncio e um design sonoro envolvente. Projeções de vídeo expandem o espaço cênico, construindo uma paisagem vibrante e efêmera. A proposta bilíngue transcende a acessibilidade. Desse modo, busca acolher tanto corpos ouvintes quanto surdos, criando uma dramaturgia que se debruça sobre o ruir e o reconstruir, o ouvir e o não ouvir.