Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

O Lodo, novo filme de Helvécio Ratton, estreia em Tiradentes

Filme é uma livre adaptação do conto homônimo de Murilo Rubião fez sua pré-estreia na Mostra de Cinema de Tiradentes

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O Lodo é um filme diferente. Essa foi a primeira impressão sobre o novo – e nono – longa dirigido por Helvécio Ratton, que teve sua pré-estreia na Mostra de Cinema de Tiradentes. É também propositalmente estranho e justamente isso que faz dele um trabalho que chama atenção.

É aquele tipo de filme que permite inúmeras aproximações e leituras. Faz pensar mesmo. Durante o debate sobre o longa, Renato Silveira, o crítico convidado, reconheceu o machismo estrutural retratado no conto homônimo de Murilo Rubião, livremente adaptado por Ratton. O cineasta, por sua vez, fala de referências em Franz Kafka, Fiódor Dostoiévski e também em Freud. Fato é que cada espectador poderá reconhecer seu próprio lodo.

Em resumo, é a história de Manfredo, um homem comum que, para tratar uma depressão, resolve procurar a ajuda de um psiquiatra. Esperava encontrar uma solução rápida. Mas o médico revelou que a cura estava diretamente relacionada ao lodo interior dele. Não seria um simples remédio que solucionaria a questão.

Foto: Netun Lima / Divulgação

Direção de arte e fotografia

Para além das camadas temáticas que O Lodo oferece ao espectador, é interessante também observar como cada detalhe que aparece na tela diz alguma coisa sobre aquele homem comum. Os móveis da casa dele, as roupas que usa, tudo leva a crer, inicialmente, se tratar de uma vida do passado. Porém, a trama se passa no tempo presente.

O mundo limitado de Manfredo – em interpretação surpreendente de Eduardo Moreira – também aparece na fotografia, especialmente, no formato. O Lodo foi feito em uma janela quadrada. Sendo assim, uma sugestão feita pelo diretor de fotografia Lauro Escorel e prontamente aceita pelo diretor.

Cena de Lodo – Foto: Bianca Aun / Divulgação

Interpretação

Outro destaque do longa é o elenco, grande parte formada por integrantes do Grupo Galpão. Eduardo Moreira, Renato Parara, Inês Peixoto, Rodolfo Vaz, Fernanda Vianna, Mario Cesar Camargo, Teuda Bara, Maria Clara Strambi e Cláudio Márcio. São todos atores de Belo Horizonte e que, por isso, proporcionaram ao diretor a chance de ensaiar até chegar no tom ideal que o filme pedia.

Ou seja, O Lodo é um filme realista. É exatamente isso que gera tal estranheza e, assim, cumpre o papel que uma obra de arte tem a cumprir. Provocar, fazer refletir e tirar o espectador de uma área de conforto em busca do seu próprio lodo.

Confira a entrevista com o diretor Helvécio Ratton:

 

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