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Literatura

“Nihonjin”: Vencedor do Jabuti, livro de Oscar Nakasato, ganha aguardada reedição

Oscar Nakasato autor de “Nihonjin” (Foto Gilvam César Borges)

Oscar Nakasato autor de “Nihonjin” (Foto Gilvam Ce?sar Borges)

Publicado pela Fósforo Editora, “Nihonjin” acompanha três gerações de família de origem japonesa no Brasil 

Por Gabriel Pinheiro | Colunista de Literatura

Nihonjin é um termo da língua japonesa que significa “japonês”, referindo-se a pessoas de ascendência nipônica. Nas primeiras décadas do século XX, partir do Japão em direção ao Brasil, uma terra completamente desconhecida. Mas repleta de sonhos e possibilidades, não tornava aqueles que aqui chegavam menos nihonjin. O Japão permanecia como horizonte e como pátria. Já o Brasil era apenas uma terra temporária, um lugar de passagem. 

Sobre o livro

Foram muitos os navios que, naquele período, trouxeram japoneses para terras brasileiras, a partir de um acordo estabelecido entre o Brasil e o Japão. Entre aqueles que desembarcaram, estava Hideo Inabata, um nihonjin orgulhoso de suas origens e tradições. Aqui, Hideo fincou raízes mais firmes e duradouras do que acreditava ser capaz ao desembarcar de um navio no Porto de Santos. “Nihonjin”, premiado romance de Oscar Nakasato, acompanha três gerações da família Inabata no Brasil, desde o patriarca, um cidadão japonês, até seus descendentes nascidos aqui, logo, brasileiros – ainda que, no coração e na convicção de Hideo Inabata, fossem todos nihonjin. “Nihonjin” acaba de ganhar nova edição pela Fósforo Editora.

Do trabalho na lavoura encontrado na chegada ao Brasil, análogo à escravidão, ao estabelecimento da população de imigrantes japoneses no bairro da Liberdade em São Paulo, Oscar Nakasato faz um mergulho profundo no longo processo da imigração japonesa no Brasil a partir desde pequeno núcleo familiar.

“O que me deixa apreensivo é que lavraremos uma terra alheia, estrangeira, e obedeceremos às ordens dos donos dessa terra, que não conhecemos.”

Os conflitos íntimos e familiares espelham conflitos maiores. Acompanhamos, por exemplo, os efeitos da Segunda Guerra Mundial no Brasil, tanto entre a comunidade nipônica estabelecida aqui, quanto no seio desta família. Este período conturbado é marcado pelo aumento da xenofobia e pela descrença de grande parte da comunidade nipônica aqui estabelecida na derrota do Japão frente aos Aliados, resultando num acontecimento trágico para a família Inabata – num dos capítulos mais duros da narrativa de Oscar.

“Ojichan disse que o Brasil não era um país de pessoas livres, que o governo perseguia mais os japoneses que os italianos e alemães porque eram diferentes, não se confundiam com os outros em meio à multidão.”

“Nihonjin”

“Nihonjin” é um livro surpreendentemente curto para aquilo o que pretende – e alcança com êxito – contar, num olhar sensível para questões como o pertencimento, a identidade e a empatia. Acompanhamos décadas de história de uma família e de toda uma comunidade e o delicado equilíbrio entre aquilo o que somos e aquilo o que projetamos em nós mesmos e naqueles com os quais convivemos.

Encontre “Nihonjin” aqui.

Gabriel Pinheiro é jornalista e crítico de literatura. Escreve aqui no Culturadoria e também em seu Instagram: @tgpgabriel (https://www.instagram.com/tgpgabriel)

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