Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Mostra “Drummond e o Cinema” entra em campo

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Evento “Drummond e o Cinema” exibe, no Cine Humberto Mauro, filmes nacionais e internacionais (como “Morangos Silvestres”, de Bergman) em sessões seguidas por debates

Celebrando a relação intrínseca entre Carlos Drummond de Andrade e a sétima arte, o Cine Humberto Mauro será o palco da mostra “Drummond e o Cinema”, de 7 a 17 de novembro. Com curadoria de Roberto Said e Pedro Rena, além de produção de Victória Morais, o evento exibirá uma série de filmes nacionais e internacionais. São curtas e longas-metragens, das décadas 1920 a 2020. Tal qual, a iniciativa promove debates sobre a relação do escritor com o cinema e outros temas.

Desse modo, ao longo dos dez dias da mostra, serão exibidos 39 filmes – dentre eles, obras que marcaram a vida de Drummond. Tal qual, produções brasileiras que trazem temas abordados em sua poesia. Cada dia terá um tema diferente, que será discutido à noite em uma mesa de debate com pesquisadores. Toda a programação é gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início das sessões.

Cena de "Morangos Silvestres", um dos filmes previstos na Mostra Drummond e o Cinema (Frame/FCS/Divulgação)

Títulos

A abertura da mostra, nesta quinta-feira, 7 de novembro, contará com a exibição do documentário “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade” (2014). E, ainda, do curta “O fazendeiro do ar” (1972), de Fernando Sabino, em que o próprio Drummond aparece como personagem. Em seguida, haverá um debate com a presença de Humberto Werneck, jornalista e biógrafo do poeta, e Roberto Said, curador e professor da Faculdade de Letras da UFMG. Eles vão discutir a relação entre Drummond e o cinema.

Posteriormente, a mostra terá filmes admirados pelo itabirano Carlos Drummond de Andrade, como “Ninotchka” (1939), estrelado por Greta Garbo. Ou, ainda, “Tempos modernos” (1936), de Charlie Chaplin. A exibição de ambos será no dia 8/11. Haverá, ainda, homenagens ao cinema brasileiro, com clássicos como “Macunaíma” (1968) e “O Padre e a Moça” (1966), no dia 9/11.

Debates

Entre os destaques da programação de “Drummond e o Cinema” estão ainda debates com nomes como Eucanaã Ferraz, professor, poeta e consultor de literatura do Instituto Moreira Salles. Do mesmo modo, com Heloisa Starling, historiadora e pesquisadora, José Miguel Wisnik, músico, compositor e professor aposentado de Literatura Brasileira na USP, e Laura Vinci, artista visual que já participou de exposições na Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires e mais. 

A relação entre a poética de Drummond e o cinema

Os curadores destacam que a obra drummondiana, além de refletir uma sensibilidade cinematográfica, também dialoga com grandes questões da modernidade que foram exploradas na sétima arte. A ideia da mostra surgiu no ano de 2021, quando Roberto Said ministrou um curso sobre a obra do poeta na Faculdade de Letras da UFMG. A partir das leituras propostas, Pedro Rena, então aluno do Mestrado em Comunicação Social, começou a notar a forte presença dos olhos e do olhar na obra de Drummond, assim como sua relação intensa com o cinema.

Em 2023, Pedro iniciou sua pesquisa de doutorado em Literatura Comparada na UFMG, com orientação de Roberto Said. Assim, ele pesquisou a “poética do olhar” de Drummond, com ênfase nas relações entre sua poética e obras cinematográficas, brasileiras e estrangeiras. Assim surgiu a ideia de fazerem, em conjunto, a mostra. E já com o objetivo de, além da exibição de filmes, realizar um seminário envolvendo pesquisadores de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Expoente de áreas como Letras, Comunicação, Cinema e Teatro – todos eles envolvidos com a obra de Drummond ou com os filmes que serão exibidos.

Eixos da mostra

A curadoria da mostra é organizada em quatro principais linhas de força. As duas primeiras apresentam filmes clássicos. Assim, a primeira inclui obras do cinema mundial do século XX que Drummond admirava e escreveu sobre, como “Tempos modernos” (1936) e “Morangos Silvestres” (1957). Do mesmo modo, produções que ele apreciava, mas com reservas estéticas, como “Ivan, o Terrível” (1944) e “Hiroshima, mon amour” (1959). A segunda linha exibe filmes canônicos do cinema brasileiro relacionados à obra do poeta, como “O Padre e a Moça” (1966), baseado em seu poema, e “Macunaíma” (1969), com Grande Otelo.

As duas últimas linhas trazem filmes contemporâneos. Assim, a terceira reúne obras brasileiras que dialogam com o poeta, abordando temas como a exploração mineral e a cidade moderna. Já a quarta apresenta filmes acessíveis que incorporam um viés poético. “Os títulos selecionados, para além da dimensão narrativa e estética, atuam também como gatilhos para que possamos discutir questões de ordem política, cultural e social, tão bem esquadrinhadas por Drummond”, explica Said. 

Livro

Nos dois primeiros dias da mostra, no hall do Cine Humberto Mauro, será vendido o livro “O cinema de perto: prosa e poesia”,  organizado por Pedro Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade, e Rodrigo Lacerda. A obra conta com crônicas e poemas inéditos nos quais o poeta anuncia seu encanto por atrizes, atores, cineastas e todo o universo que envolve a sétima arte do século XX.

Serviço

Mostra “Drummond e o Cinema”

Quando. 7 a 17 de novembro de 2024

Onde. Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)

Horários: Variados

Classificação indicativa: Varia de acordo com a sessão

Todas as exibições são gratuitas, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início da sessão

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