Personagens e histórias que transcenderam os quadrinhos e abrangem os videogames, televisão, cinema, brinquedos e diversos tipos de produtos. A Marvel está completando 80 anos em 2020 e tem uma história de altos e baixos, que passa por uma quase falência e chega ao sucesso absoluto no cinema. Veja os principais pontos dessa trajetória.
História
Hoje, a Marvel é considerada a maior editora de histórias em quadrinhos do mundo. Entretanto, a origem dessa grande poderosa começou humilde e sem muitas perspectivas. Martin Goodman fundou a empresa, que inicialmente recebeu o nome de Timely Comics, entre 1930 e 1940. Os principais personagens daquele período eram Namor, um herói subaquático que não gosta de humanos, e Tocha Humana, um tipo de androide que flutuava quando aumentava as chamas no corpo.
Depois disso, houveram outras publicações e foi aí que surgiu o Capitão América, herói patriota que ganhou o mundo e fez com que a Timely Comics se tornasse muito conhecida nos anos 1940. Nesse mesmo período um nome extremamente importante e fundamental para a história da empresa surgiu: Stan Lee. O editor, que ocuparia uma vaga temporária, permaneceu durante décadas. A primeira colaboração dele para a Timely foi um texto em que mostrava como o escudo do Capitão América era também uma arma que podia ser arremessada. Já a primeira cocriação de super-herói do autor foi o Destroyer, publicado nas histórias de 1941.
Era de ouro
A ascendência da Marvel começou de forma significativa nos anos 1960. Stan Lee virou o editor-chefe da empresa em parceria com Jack Kirby e Steve Dikto. Juntos eles criaram o Quarteto Fantástico, o Homem Aranha, os X-Men e outros heróis fundamentais para a história da editora. O período da era de ouro das histórias em quadrinhos americanas recebeu esse nome devido à popularidade que as HQs ganharam na sociedade. Isso porque o surgimento do Super-Homem (DC Comics), primeiro herói das histórias em quadrinhos, fez tanto sucesso que o gênero se tornou maioria em páginas de revistas e abriu precedente para criação e desenvolvimento de outros heróis. Entre eles Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro, Capitão América, Namor, Tocha Humana Original e Ka-Zar.
Quarteto Fantástico
Uma particularidade da Marvel, que ainda permanece, é a aproximação dos personagens da realidade. Exemplo disso é o Quarteto Fantástico. Em 1961, Stan Lee estava prestes a encerrar o contrato com a empresa e decidiu que a sua última produção seria uma super-equipe, protagonizada por uma família: Sue Storm (Garota Invisível), Reed Richards (Senhor Fantástico), Ben Grimm (Coisa) e Johnny Storm (Tocha Humana). Todos os personagens eram/são imperfeitos, ou seja, têm características de humanos tradicionais, com problemas relacionados ao dia a dia. Em resumo: não tem a vida fantástica de outros personagens de quadrinhos. Além disso, apresentam características mais próximas da realidade e isso é explorado por meio do cotidiano dos personagens, dos problemas pessoais e das relações com os outros.
No entanto, o que Stan Lee e Jack Kirby não previam era que a família fantástica seria um grande sucesso e levaria a Marvel a fazer outras publicações com super-heróis que são gente como a gente. Sendo assim, surgiu o Homem-Aranha (de Lee e Steve Ditko), um jovem com baixa autoestima e fazia clara referência à realidade dos adolescentes, e o grupo X-Men. O grupo de mutantes, inicialmente foi criado para tratar dos preconceitos da época.
Anos seguintes
Mas como nem tudo são flores, nos anos 1990 veio o declínio daquela que desde 1961 já era denominada Marvel. Isso aconteceu devido à mudança dos hábitos de consumo do público das produções. Os videogames chegaram com tudo. Com os jovens trocando os quadrinhos pelos jogos digitais, em 1994 a empresa precisou ajustar as contas para não falir. Foi então que uma fabricante de brinquedos comprou a Marvel. Mas a história não acabou nesse momento.
Antes da transferência definitiva da empresa, a Marvel já havia vendido os direitos do Homem-Aranha e do X-Men para a Fox e a Columbia Pictures, respectivamente. Foi aí que os personagens viraram filme bem no início dos anos 2000 e obtiveram sucesso de crítica e bilheteria. Nesse ponto, a empresa começou a atuar para voltar para os holofotes. Kevin Feige foi o nome contratado para iniciar o setor de negócios de cinema. Porém, em vez de negociar o formato de franquias, escolheu abrir um estúdio próprio, o Marvel Studios.
Os principais personagens já tinham sido negociados com a Toy Biz (a empresa de brinquedo citada antes), mas a empresa topou a parceria, conseguiu um empréstimo com um banco norte-americano e o resultado veio apenas em 2008. O filme Homem de Ferro rendeu mais de 500 milhões de dólares mundo afora e deu o primeiro passo para um novo modelo de cinema.
O diferencial escolhido foi o de lançar nas telonas a mesma ideia dos quadrinhos. Ou seja, heróis que fazem parte de um único universo, mas com aventuras solo.
Disney
A ascendência da Marvel despertou o interesse da Disney, que comprou a empresa por 4,3 bilhões de dólares. A parceria deu certo, prova disso foi o filme do Homem de Ferro. Depois dele chegaram os longas do Capitão América, do Hulk, do Thor. Como se não bastasse o sucesso dos filmes separados, por que, então, não juntá-los? Surgiu, assim, Os Vingadores, unindo os heróis também no cinema.
Presença feminina
Não podemos deixar de citar a Capitã Marvel (filme lançado em 2019). Primeira super-heroína a ter um filme solo na Marvel. Demorou, mas a iniciativa mostra como as mulheres também se destacam na indústria dos quadrinhos que tem, majoritariamente, o protagonismo masculino. O precedente desta história foi a Mulher Maravilha, primeira protagonista solo da DC Comics estrelando um longa em 2017. A produção arrecadou mais de 800 milhões de dólares, tornando-se o filme mais lucrativo entre todos os filmes de heróis. Desbancou, na época, até o Homem-Aranha.
Aos poucos, os diferentes públicos estão sendo contemplados e representados na sétima arte e no universo dos quadrinhos. Outro exemplo disso é o filme Pantera Negra, que retrata um super-herói negro. A notícia boa é que outros protagonistas negros já tiveram no cinema antes, mas não com tanta popularidade assim.