Logo de primeira, a cantora belo-horizontina Marina Sena conquista o ouvinte. “De Primeira”, o disco de estreia é, também, de primeira qualidade. A voz única já é conhecida pelos trabalhos com o grupo Rosa Neon, com o qual seguiu desde sua fundação até sua separação, de 2018 a 2021. A cantora, que também já fez parte do grupo A Outra Banda da Lua, já realizou diversas colaborações com outros artistas da capital mineira, como é o caso de Hot e Oreia, Dom Pepo e Jean Tassy. Agora, chegou a hora de Marina voar sozinha.
A sonoridade do disco remete, de certa forma, aos trabalhos anteriores – principalmente aos projetos desenvolvidos com Rosa Neon. Sena perpetua o pop brasileiro. Explora o sincretismo musical na mistura de diversos gêneros, como é o caso do funk e do samba. A decisão de seu estilo musical não é acertada apenas por ser afim à sua bagagem musical. É também por adotar similaridades popísticas de artistas como Duda Beat e Jaloo, que movimentam as playlists de muitos jovens brasileiros ligados no novo e no independente.
Repertório
Com um banco de mais de sessenta músicas finalizadas, Sena teve de escolher à dedo quais composições entrariam no álbum. Não se tratava dos trabalhos de maior qualidade, mas sim de maior sintonia com a essência de “De Primeira”. A escolha foi mais do que acertada: o primeiro disco solo da artista é admirável.
Ao chegar ao fim das dez faixas, a vontade é de voltar ao início e ouvir “De Primeira” pela segunda, terceira, quarta vez. A determinação, a ousadia e o estilo de Marina são elementos chave para que seja uma aposta do pop mineiro. É claro que o currículo, enquanto ex-integrante dos grupos Rosa Neon e A Outra Banda da Lua, agrega valor a seu trabalho. Mas Marina não precisa de associações para brilhar: possui atitude audaciosa suficiente para sempre superar.
Faixa a faixa
As letras das canções conversam com a melodia de forma complementar, de modo que a mensagem passada pelas palavras é harmônica à melodia. Por exemplo, “Pelejei”, segunda faixa do disco, representa a caminhada profissional de Sena por meio da rapidez com que o pré-refrão é cantado.
Já “Tamborim”, canção de número sete, mostra o lado “malandro” de Marina, com uma composição de samba mais lentinha. Logo em seguida, é com “Amiúde” que a artista transparece sua melancolia da saudade da pessoa amada com as palavras cantadas de maneira alongada.
Há um fator comum entre as faixas do álbum: todas escancaram a segurança de Marina com seus amores, suas relações, seus trabalhos.
Parcerias
O disco é uma parceria dos selos Alá e Quadrilha. A distribuição é da Altafonte. Além da parceria na produção de Iuri Rio Branco, “De Primeira” leva nos créditos a mixagem de Guigo Berger e a masterização de Felipe Tichauer. Dando um “tchan” em seu debut solo, Marina Sena lança um vídeo para cada faixa – totalizando dez -, com direção de Vito Soares.
Os 34 minutos de “De Primeira” cativam o ouvinte com a voz única de Marina. Sendo assim, a cantora e compositora começa a carreira solo com um pé mais do que direito. Se há espaço para trocadilhos, aqui vai um, feito com a primeira faixa do disco, “Me Toca”: “Quando te ouvi, não quis ouvir mais nada”.
Por Letícia Finamore | Culturadoria
Letícia Finamore é estudante de jornalismo pela UFMG, entusiasta de biografias e criadora compulsiva de playlists.