
Odilon Esteves, Cláudio Dias, Guilherme Theo e Marcelo Soul, do Luna Lunera, em cena de "Aqueles Dois" (Kika Antunes/Divulgação)
Neste sábado, 8 de fevereiro, o Luna Lunera faz a única apresentação com a qual integra a 50ª Campanha de Popularização do Teatro e Dança ao mesmo tempo que dá início à 7ª edição da Expedição Lunar. No segundo caso, trata-se do projeto de circulação de espetáculos do grupo por Minas Gerais, que, neste 2025, irá passar cidades como Uberlândia, Uberaba, Divinópolis, Barbacena e Juiz de Fora. O espetáculo que será mostrado por meio Campanha é “Aqueles Dois”, que, desta vez, ocupa o palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.
Na verdade, é a segunda vez que o Luna Lunera apresenta a montagem baseada no conto de Caio Fernando Abreu no icônico Grande Teatro. “Aqueles Dois”, lembra o ator e co-diretor Cláudio Dias, foi concebido inicialmente para espaços menores, propondo, ao espectador, um formato intimista, com a plateia posicionada bem próxima à cena. “O espetáculo estreou no Teatro de Bolso do Sesiminas, depois passou pelo João Ceschiatti, no Palácio das Artes, pelo Teatro Francisco Nunes… Mais tarde também fizemos em Curitiba, num espaço semi-arena. E essa proximidade criou uma experiência muito particular, envolvente, com o público”.
Versatilidade
No entanto, prossegue Cláudio Dias, com o passar do tempo, os integrantes do Luna Lunera se deram conta que esse formato limitaria um pouco a circulação do trabalho por outras cidades. “Então, três anos após a estreia, lá pelos idos de 2010, a gente decidiu adaptá-lo também para apresentações em palcos italianos, incluindo teatros maiores e até espaços alternativos. O objetivo, naquele momento, era de fato expandir o alcance da obra e, de alguma forma, viabilizar apresentações em outros lugares”, rememora.
Qualidade visual
A adaptação, claro, exigiu algumas mudanças no formato original. “No palco italiano, por exemplo, a gente ganha uma frontalidade na encenação e há todo um trabalho de sonorização, para que o público se sinta envolvido a partir do som”. Uma curiosidade é que, em alguns locais pelos quais o Luna Lunera se apresentou assim (inclusive já no próprio Palácio das Artes), veio a percepção de que, com o distanciamento, a peça se aproximava do cinema. “Algumas pessoas falaram isso com a gente, a partir das primeiras vezes que fizemos em espaços maiores”, salienta Cláudio Dias.
O que, na visão dele, destaca a qualidade visual que caracteriza “Aqueles Dois”. “E a partir desse momento em que a gente, do Luna, experimentou esses novos espaços (o palco italiano, grandes teatros), o espetáculo percorreu quase o Brasil inteiro: fizemos 25 capitais brasileiras e nove países. E isso a gente credita também à versatilidade da montagem. Claro, primeiramente, à recepção que a peça tem em todos os lugares, mas também pela possibilidade de ser apresentado tanto em espaços pequenos, intimistas, quando em locais maiores. Acho que, de alguma forma, essa característica reafirma a força e a versatilidade da obra, que foi se reinventando para dialogar com as plateias”.
Dezoito anos de trajetória
A volta ao Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, contextualiza Cláudio Dias, ocorre em um momento importante da trajetória de “Aqueles Dois”, que, agora, completa 18 anos. “Então, de alguma forma, nos apresentarmos mais uma vez no Grande Teatro é uma forma de comemorar esse marco e, ao mesmo tempo, também lançar a 7ª edição da Expedição Lunar, que começa em BH e, depois, segue para o interior”.
Expedição Lunar
A Expedição Lunar é um projeto da Luna Lunera que entrou em cena em 2006. A proposta é fomentar a circulação de espetáculos por cidades mineiras, associada à formação artística e de público. Nesta 7ª edição, que segue até julho de 2025, a circulação passa por Uberlândia, Uberaba, Divinópolis, Barbacena e Juiz de Fora, além de BH. Este percurso se dará com quatro espetáculos do repertório da companhia. Assim, além de “Aqueles Dois”, foram incluídos “E ainda assim se levantar”, “Prazer” e “Urgente”. A Expedição também prevê oficinas e bate papos. O projeto conta com o patrocínio da Cemig, via recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de MG.
Desde o início, a Expedição Lunar da Luna Lunera já passou por Araxá, Barbacena, Bocaiúva, Conselheiro Lafaiete, Coronel Fabriciano, Guaxupé, Ipatinga, Mariana, Montes Claros, Ouro Branco, Ouro Preto, Uberaba, São João del-Rei, São Sebastião do Paraíso e Uberlândia. “A ideia é compartilhar nossa forma de fazer produção, de lidar com os projetos, com as circulações, com as leis de incentivo. Além disso, a gente também realiza um bate-papo após a apresentação, com um mediador local”, explica Cláudio. O ator ressalta que o grupo sempre gosta de retornar a cidades pelas quais já passou, para reencontrar o público. “Do mesmo modo, sempre procuramos incluir uma cidade nova. Desta vez, será Divinópolis”.
“Aqueles Dois”
Inspirada no conto homônimo de Caio Fernando Abreu (1948-1996), a montagem narra a relação entre Raul e Saul. Os dois são funcionários de uma repartição no qual a burocracia dita as regras. Pouco a pouco, desenvolvem laços afetivos, ao som de uma excelente trilha sonora, que inclui músicas como “Io Che Non Vivo Senza Te”, sucesso de Pino Donaggio no início dos anos 1960. O espetáculo circulou por 25 diversos estados brasileiros e se apresentou por países como Argentina, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Portugal, Uruguai e Venezuela.
Outros projetos
Um outro projeto do Luna Lunera é o Curso em Cena, curso livre de teatro que o grupo oferece já há 20 anos. Neste mês de fevereiro, começam as novas turmas. São três módulos, sendo o I, de iniciação teatral. Tal qual, o 2, para quem já tem experiência, e o 3, prevendo uma montagem, As inscrições estão abertas no perfil oficial do Instagram
No segundo semestre, prossegue Cláudio, terá início a Temporada Luna Lunera 2025, “na qual a gente fica em cartaz com um espetáculo de repertório”. Desta vez, a escolhida é “Aquela Que Eu (Não) Fui”, que estreou em 2022. “Vamos fazer duas temporadas, uma mais central e outra em algum território da cidade – neste caso, para descentralizar as nossas ações”. Ainda segundo Dias, ação que integra a temporada é o lançamento da dramaturgia de “Nesta Data Querida”. O evento terá a exibição do curta homônimo em vários centros culturais da cidade.
Serviço
“Aqueles Dois” – 50ª Campanha de Popularização do Teatro e Dança
Quando. Sábado, dia 8 de fevereiro, 21h
Onde. Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro)
Quanto. Ingressos nos postos Sinparc e no App Vá ao Teatro. Valor único: R$ 25. Ou, ainda, na bilheteria do Palácio das Artes ou no site Eventim: R$ 52 (inteira) e R$ 26 (meia).
Classificação Indicativa: 16 anos | Duração: 90 minutos