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Agenda Cultural

Ligia Amadio estreia como primeira regente titular da Orquestra Sinfônica de MG

Ligia Amadio. Foto: Priscila Natany

Ligia Amadio. Foto: Priscila Natany

Programação especial da Orquestra Sinfônica contará com obras de Chiquinha Gonzaga, Dinorá de Carvalho e Amy Beach, além de solo da pianista Linda Bustani

Por Caio Brandão | Repórter

Depois de 46 anos de atividade, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais terá pela primeira vez uma mulher como regente titular. Ela é Ligia Amadio, que começou a carreira em São Paulo mas já percorreu o mundo dirigindo orquestras. O concerto de estreia em BH, além de destacar obras de importantes compositoras brasileiras, marca também o encontro com a pianista Linda Bustani. Ou seja, as mulheres estarão em destaque na programação da semana no Palácio das Artes.

Elas estarão juntas no Sinfônica em Concerto, dia 08 de março, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Assim, o programa será composto por obras de compositoras icônicas. Serão elas Chiquinha Gonzaga, Dinorá de Carvalho e Amy Beach. Além disso, a programação terá um solo de piano realizado por Linda. Ela vai interpretar “Rapsódia sobre um tema de Paganini”, de Sergei Rachmaninoff. 

Cooperação com Linda Bustani

A obra, considerada de altíssimo grau de dificuldade na execução, promete ser um dos pontos altos do concerto. Porém, é justamente essa particularidade que instiga o apreço de Bustani pela peça. “Eu sou uma pessoa muito sensível, então às vezes eu tenho até que controlar um pouquinho a emoção para que eu não perca o rumo”, afirmou Linda. 

“Tem momentos em que a gente se envolve tanto que a gente para um outro patamar. Você sai um pouco dessa esfera terrestre”, detalhou.

Erguendo-se como uma das pianistas sul-americanas de maior renome no cenário internacional, Bustani desenvolveu o talento sob a tutela de Arnaldo Estrella, no Rio de Janeiro. Aos 15 anos de idade, venceu o Concurso Internacional Vianna da Mota, de Lisboa. Depois, foi convidada por Iakov Zak para trabalhar no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou. 

Ela não esconde a paixão pelo ofício de musicista, nem a forte relação dessa dinâmica com o fato de ser mulher. “A mulher traz algo de diferente para a música. Vocês vão achar engraçado o que eu vou falar, mas a gente toca com o útero. Eu acho que a gente tem uma coisa diferente.  Só agora o mundo está aproveitando e descobrindo.”

Foto: Isabela Senatore

Regência feminina

Ligia Amadio tem experiência de sobra. Importante liderança do Movimento Mulheres Regentes, atuou como regente titular e diretora artística nas Orquestras Filarmônicas de Montevidéu (Uruguai), Bogotá (Colômbia), Mendoza (Argentina) e Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo. Em solo brasileiro, comandou a Orquestra Sinfônica Nacional, a Sinfônica de Campinas e a Sinfônica da Universidade de São Paulo. 

Ou seja, Ligia Amadio está acostumada a derrubar tabus. Todas as vezes que foi Regente Titular, a maestra foi a primeira mulher a ocupar a função. “Eu já não sinto mais nada diferente, porque em todas as orquestras que eu regi eu fui a primeira mulher. Então, para mim, isso é uma coisa normal”, disse em meio à risadas.

Obras selecionadas

O concerto de estreia de Ligia Amadio na regência da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais parte de três alicerces. O primeiro deles é a obra da pianista e compositora Chiquinha Gonzaga. Tendo sua origem nas rodas de choro, Gonzaga construiu o próprio legado mesclando o som do piano à estética da música popular. Assim, tornou-se pioneira dentro desse estilo. 

A programação seguirá com composições de Dinorá de Carvalho, primeira maestra do Brasil. Ela também foi a primeira mulher indicada à Academia Brasileira de Música. Mineira de Uberaba, Carvalho percorreu o Brasil e o mundo. Composições de Amy Beach serão o destaque da segunda parte do concerto. Pioneira na América do Norte, Beach compôs “Gaelica”, primeira sinfonia desenvolvida e publicada por uma mulher estadunidense.

A apresentação de gala ocorrerá no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, às 20h, com entradas a partir de R$5 (meia-entrada na Plateia Superior). Os ingressos podem ser retirados na bilheteria do Palácio das Artes ou pelo link

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