Sabrina Sedlmayer FOTO Studio Tertulia
A arte de adaptar, improvisar e encontrar soluções criativas para desafios cotidianos, conhecida popularmente como ‘gambiarra’, é o tema central do novo livro da professora da Faculdade de Letras da UFMG, Sabrina Sedlmayer. Além de acadêmica, Sedlmayer é presidente da Associação Internacional de Lusitanistas. Intitulada Quem não tem cão caça com gato – estudando a gambiarra, a obra investiga a presença desse conceito não apenas no dia a dia, mas também na literatura, na cultura e nas artes visuais. O lançamento acontece neste sábado (15/3), às 11h, na livraria Quixote, com edição da UFRJ.
O livro questiona a noção da gambiarra apenas como um improviso criativo e examina suas ambivalências tanto em contextos locais quanto globais. A autora explora a relação entre improvisação, uso artesanal de materiais e escassez, ampliando o significado do termo. O estudo é embasado em obras de Carolina Maria de Jesus, Elvira Vigna e Lina Bo Bardi, além de diversas referências da arte contemporânea, demonstrando como a gambiarra se estabelece como método e produto na cultura brasileira.
O título do livro remete à primeira exposição de artesanato do MASP, planejada por Lina Bo Bardi com o nome Quem não tem cão caça com gato. No entanto, a escolha foi vetada, resultando na exposição A mão do povo brasileiro. ‘Quis fazer uma reparação, afinal a gambiarra faz parte da identidade do povo brasileiro’, explica Sedlmayer.
Sobre a autora
Sabrina Sedlmayer é professora titular da Faculdade de Letras da UFMG e pesquisadora do CNPq. Suas pesquisas situam-se no campo da literatura comparada, com ênfase nas literaturas e culturas de língua portuguesa. Entre suas publicações, destacam-se Ao lado esquerdo do pai (Editora UFMG), Lavoura Arcaica, um palimpsesto (Editora do Memorial da América Latina) e Pessoa e Borges: quanto a mim, eu (Editora Vendaval). Também organizou edições como Walter Benjamin: rastro, aura e história (Editora UFMG) e Comer com os olhos: cultura, cinema (Autêntica Editora).
Sedlmayer é a segunda brasileira a assumir a presidência da Associação Internacional de Lusitanistas, fundada há 40 anos em Poitiers, na França. A entidade reúne pesquisadores de mais de 30 países para fomentar estudos sobre a língua, literatura e cultura dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
