
Juvi: Conheça a artista por trás da trilha sonora de “Oceanvs: Imersão em Azul”
Juvi. Foto Manuel Nogueira
Juvi. Foto Manuel Nogueira
Apaixonada pela música experimental, Juvi fala ao Culturadoria sobre a exposição “Oceanvs, Ordem Paranormal” e sobre o sucesso no TikTok.
Por Gui Silva
Inaugurada na Casa Fiat de Cultura no dia 12 de setembro, a exposição “Oceanvs” propõe o que o próprio subtítulo da iniciativa já deixa bem sinalizado: ou seja, uma “Imersão em Azul“. Mas quais seriam as condições ideais para assegurar que o visitante de fato consiga realizar esta imersão? Sem dúvida, o que mais impacta o público é a junção das intrigantes e belíssimas imagens que são projetadas com a trilha sonora que acompanha todo o processo.
Responsável pela música, a artista independente Juvi conta que a trilha foi pensada para conduzir o espectador a um estado de espírito introspectivo. “É algo bem imersivo, bem melódico, mas, ao mesmo tempo, com um lado lúdico presente. Assim, ela não rouba a cena, mas, ao contrário, se coloca a serviço da projeção”
Juvi conta que o convite para produzir a trilha da exposição surgiu de maneira inusitada. Tudo começou por conta do número de visualizações que obteve trabalhando no RPG de mesa ao vivo “Ordem Paranormal”, produzido e mestrado pelo streamer Cellbit: “Foi aí que eu conheci o Felipe (Sztutman, diretor criativo da exposição “Oceanvs”). E, nisso, ele acabou me apresentando ao Antônio (Curti, curador). Logo fui convidado a fazer a trilha sonora de “Oceanvs”. Os dois, na verdade, estavam justamente procurando alguém para fazer a música. E o Felipe, convivendo comigo ali, no projeto do RPG, gostou bastante do meu trabalho. Ele sempre me elogiava, e eu dizia: “Precisando, tamo aí”. E, assim, estive lá.
Assim, quando o visitante adentra a Casa Fiat, nota de pronto o caráter cooperativo entre Antonio Curti e Felipe Sztutman. E Juvi complementou o projeto para que, assim, o visitante pudesse efetivamente “mergulhar” na experiência. Sobre suas referências, ela conta que bebeu bastante da música experimental. “Do nóis e do drone, e também do princípio da música eletrônica, Kraftwerk. Do mesmo modo, muito de Tangerine Dream, que talvez seja a minha maior referência nesse lance de progressivo…”
Porém, Juvi não buscou inspiração apenas na música experimental. Logo, outras mídias ajudaram a artista a alcançar a imersão em azul. Assim, também foi buscar referências no universo dos games. “No caso desta trilha, para mim, a principal (referência) foi o Donkey Kong Country. Ele botou algumas bases sinestésicas no imaginário das pessoas, do que é um sintetizador que tem a ver com a fase da água, que remete a isso”.
Para além da exposição, a música mobiliza Juvi em diversas outras áreas. Como dito anteriormente, o RPG “Ordem Paranormal” é um exemplo, assim como o seu trabalho completamente autoral. Entretanto, acessar esses universos tão distintos para produzir pode ser uma tarefa complexa. “As músicas do ‘Ordem’ têm muito de metal, de sujeira e, ao mesmo tempo, de música clássica. Mas o principal é que são músicas feitas para tocar em loop durante uma sessão. Já na exposição, acesso outro público, que não é de nicho, vai de crianças a idosos. Da pessoa que nunca foi a uma exposição àquela que vai a várias – e ama.”
Por outro lado, Juvi conta que produzir músicas autorais atua como uma espécie de livre acesso “para fazer o que eu quiser e me expressar através disso”. Em “Músicas pra Ex, Vol. 1: Só Gatilho Foda”, um dos seus mais recentes trabalhos autorais, é possível perceber exatamente isso com o resultado. Ou seja, Juvi está completamente confortável. “Eu não quero tocar ao vivo, assim como não quero entrar no top 1 do Spotify, nada disso. A minha única pretensão é fazer música e lançar. E se alguém puder ouvir comigo, ótimo, é melhor do que ouvir sozinho.”
Nesse meio tempo, a artista independente também produz conteúdo para a internet. Na verdade, desde 2014 – e nem sempre sobre música. Assuntos como filosofia, literatura e psicologia entravam em pauta, no canal de Juvi no YouTube. Mas de um tempo para cá, com a pandemia e com muito tempo em casa, a plataforma TikTok começou a crescer ainda mais. E, logo, Juvi ficou interessada na proposta de se desligar da seriedade dos outros conteúdos. “Pensei assim: vou usar o TikTok como uma válvula de escape para uma faceta que quem convive comigo pessoalmente conhece, mas que talvez eu nunca tenha mostrado na internet”.
As listas Top 5 e publicidades de Juvi na plataforma já somam milhares de visualizações e compartilhamentos. Entretanto, ela entende ter uma responsabilidade maior ainda no sentido de produzir um humor responsável. Do mesmo modo, preservar o senso crítico: “Tenho o privilégio de ser escutada, e, com isso, vem a necessidade de fazer um humor que não ofenda ninguém, que não atinja ninguém. Quero provar que isso é possível. Ao mesmo tempo, mantendo um humor que tenha um pensamento crítico por trás.”
@oijuvi
Publicado por Carol Braga
Publicado em 20/09/23