Teatro

O Mistério de Irma Vap circula o Brasil depois de Curitiba

A remontagem de O Mistério de Irma Vap tem direção de Jorge Farjalla, com Mateus Solano e Luís Miranda no elenco. Temporada em BH será dias 02 e 03 de julho.

Por Carol Braga | Editora

“Besteirol é uma comédia que não leva nem a si própria a sério”. A definição do gênero dada por Mateus Solano é também uma das razões que o fizeram, em um primeiro momento, recusar o convite para protagonizar a remontagem de O Mistério de Irma Vap. “Tem uma coisa da troca de roupas que é legal, mas é um besteirol que não diz nada a ninguém”. 

No entanto, tudo mudou quando ele soube que a direção seria de Jorge Farjalla. “Aí eu mudei totalmente de opinião”, conta o ator que divide a cena com Luís Miranda. O encenador é conhecido por ser muito original nas adaptações. Vamos combinar que a remontagem O Mistério de Irma Vap precisaria mesmo de um profissional assim. A peça esteve em cartaz no fim de semana no Festival de Curitiba

Histórico

O texto do americano Charles Ludlam estreou no Brasil em 1986. Marco Nanini e Ney Latorraca interpretaram os protagonistas na montagem que entrou para o Livro dos Recordes. Foram 11 anos em cartaz. Detalhe: com o mesmo elenco. Mas a comédia sempre tem a possibilidade de se atualizar, né? É o que Farjalla faz, contando com a capacidade de improviso da “nova” dupla em cena: Luis Miranda e Mateus Solano.

Ainda que em 2022, peça em que os atores interpretam mais de um personagem, trocas e mais trocas de roupas não sejam novidade, a graça deste Irma Vap é a troca entre eles. “É um jogo que eu só aprendo”, resume Mateus.

Mudanças

O espetáculo tem quase duas horas de duração. Se o original se passa em uma mansão mal-assombrada, Fajarlla transforma o ambiente em um trem fantasma. Além disso, os camareiros entram em cena como monstrinhos que interagem com os atores. “A peça traz reflexões super divertidas sobre o  momento em que a gente está vivendo tanto político, quanto pandêmico”, ressalta. 

A escolha por ter em cena um ator negro e um branco diz, também, sobre os preconceitos que os criadores pretendem criticar. “A gente fica brincando com essas coisas muito sérias que estão aí”, salienta Mateus. 

Técnica

Além do trabalho dos atores, vale destacar a grandiosidade do cenário de Marco Lima e a iluminação criada por Cesar Pivetti. São elementos que, de fato, fazem com que a montagem se destaque na atual safra de produções nacionais. 

Outro aspecto interessante na montagem são as constantes quebras da quarta parede. Ou seja, a todo momento os atores deixam claro para a plateia como se dá o jogo teatral. Mateus entende essa escolha da direção como uma grande homenagem ao teatro. “Ele revela as trocas de roupas, os camareiros, o maquinário e revela que na verdade somos eu e o Luís fazendo”, conta. 

Sendo assim, a plateia do Festival de Curitiba parece ter gostado bastante dessas quebras. Em geral, foram os momentos em que as pessoas mais riram. E a comédia é isso, né? Se não tiver gargalhada, não tem graça.

Depois do Festival de Curitiba, O mistério de Irma Vap começa uma turnê pelo Brasil. Passará por Florianópolis, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro até chegar em Belo Horizonte nos dias 02 e 03 de julho, pelo projeto Teatro em Movimento. 

Carol Braga viajou para Curitiba a convite do Festival.

O mistério de Irma Vap. Foto: Annelize Tozetto/Divulgação
O mistério de Irma Vap. Foto: Annelize Tozetto/Divulgação
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Publicado por Carol Braga

Publicado em 03/04/22

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