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Agenda Cultural

Junto a Vera Holtz, na aclamada montagem “Ficções”, Federico Puppi esbanja carisma

Federico Puppi, músico italiano radicado no Brasil, em foto de Marcella Calixto

O músico italiano Federico Puppi, radicado no Brasil há mais de dez anos Foto de Marcella Calixto

Na peça protagonizada pela atriz, em cartaz no CCBB BH, o italiano Federico Puppi chama a atenção pelo talento

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Quando uma montagem teatral escala uma protagonista do naipe de Vera Holtz, não soaria descabido o temor de que a presença de nome de tal quilate pudesse eclipsar quem mais estivesse no palco. Afinal, mais do que o reconhecido talento, Vera tem uma presença que mesmeriza o olhar.

Mas no espetáculo “Ficções”, que cumpre temporada no CCBB BH até 8 de maio, mesmo diante dessa potência, é missão impossível não prestar atenção ao parceiro de Vera na empreitada.

Estamos falando do violoncelista e compositor Federico Puppi, que exerce um papel fundamental nesta adaptação personalíssima (assinada por Rodrigo Portella, também diretor da montagem) do livro-sensação “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”.

Best-seller mundial

Antes de seguir adiante, é cabível fazer uma breve contextualização do fenômeno escrito pelo filósofo israelense Yuval Noah Harari, 47. “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” (chancelado no Brasil pela Companhia das Letras) chegou às livrarias de Israel, em 2011, após ser recusado por algumas casas editoriais.

Logo virou best-seller. Já foi traduzido para dezenas de países e vendeu milhões de exemplares. Para se ter uma ideia, entrou no top 10 dos livros mais vendidos do The New York Times e recebeu elogios entusiasmados de gente como Barack Obama e Mark Zuckerberg.

Em 2019, o produtor Felipe Heráclito Lima comprou os direitos para adaptação aos palcos brasileiros e convidou Rodrigo Portella para assinar dramaturgia e direção. A estreia aconteceu no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, em setembro do ano passado.

Encenação brasileira

Na montagem brasileira, o elemento cênico mais marcante é a reprodução de um meteorito, que ora paira no teto, sustentado por fios, ora aterissa até o solo. Há também uma moldura gigante.

O entorno é todo pintado de preto, e os técnicos se movimentam ou ficam presentes por ali durante toda a duração do espetáculo, como se fosse um processo in progress.

As trocas de figurino também são feitas ali, em cena. Ah, sim. O cenário é de Bia Junqueira, a iluminação de Paulo Medeiros e as roupas, do estilista mineiro João Pimenta.

Agora sim, Federico Puppi

Apesar do português perfeito, um leve acento denuncia que o moço de cabelos compridos, louros e cacheados, que está ali, descalço, no palco, não nasceu no Brasil.

Para quem não o conhecia de outros trabalhos (e são muitos), o nome não deixa dúvida: sicuramente, italiano. Nascido em Aosta, a capital do vale de mesmo nome, há 36 anos.

Só por curiosidade: situada no noroeste da Itália, nos Alpes Ocidentais, perto da fronteira com a França e a Suíça, a região é muito procurada por turistas do mundo todo também pelas pistas de esqui que abriga.

Mas, de volta à peça, a primeira pergunta que acorre à mente é: o que fez Federico cruzar o Atlântico para se radicar no Brasil, há 11 anos? E como ele foi cooptado para “Ficções”, cujos ingressos andam se esgotando rapidamente, mal um novo lote é disponibilizado, deixando muita gente em desespero?

Para responder a essa e a outras questões, a reportagem do Culturadoria foi conversar com o simpático músico, cujo trabalho com Maria Gadú inclusive já concorreu a um Grammy Latino.

Em cena do espetáculo “Ficções”, em cartaz no CCBB, com Vera Holtz (foto de Ale Catan/Divulgação)

Brasiliano por opção

A ligação de Federico com o Brasil, na verdade, teve início quando ele se casou com uma artista brasileira, então radicada na Itália. No ano de 2012, o casal achou por bem se mudar para cá. Pouco depois, a relação chegou ao fim, mas Federico decidiu ficar.

Federico costuma dizer que foram as circunstâncias da vida que o trouxeram até o Rio de Janeiro. “Na verdade, à época, eu já queria mesmo sair da Itália. Ou melhor, da Europa. Conhecer outros lugares, outras culturas, outro jeito de viver. Vim parar no Brasil, mas não foi algo planejado”, explica ele.

Quis o destino que, algum tempo depois, Federico acabasse se apaixonando por outra brasileira: a atriz, autora, diretora, apresentadora, produtora e contadora de histórias Suzana Nascimento, mineira de Juiz de Fora e radicada no Rio.

Aliás, Federico conta que, na pandemia, os dois permaneceram por longo período na terra natal dela. “Voltamos para o Rio em agosto do ano passado”, narra.

Convite especial

Neste meio tempo, veio o convite do diretor Rodrigo Portella para integrar a montagem brasileira de “Ficções”. “Desde o princípio, ele disse que queria me ver não só tocando em cena, como ter o meu corpo participando dela”, explica Federico.

Anteriormente, o artista já havia composto músicas para trilhas de alguns espetáculos de Portella, como “As Crianças” (adaptação do texto de atriz e roteirista britânica Lucy Kirkwood), “Replay” e “Meu Filho Só Anda um Pouco Mais Lento”.

“Eu também já havia feito alguns espetáculos de teatro em que ficava no palco, mas de forma mais tímida, menos presente. Esta montagem realmente me coloca num lugar muito híbrido, pois acabo sendo músico e ator”, diz Federico.

Música como elemento fundamental na montagem

O artista acrescenta que sua participação na empreitada se deu desde o primeiro ensaio. “Em ‘Ficções’, a música, na verdade, faz parte da dramaturgia. Ou melhor, ela constrói uma dramaturgia junto à dramaturgia do texto, verbal. Como se fosse uma outra linguagem que caminha junto e se soma”.

Não só. “Na peça, a música também entra com a função de ‘suspender’ (um assunto), para, então, marcar o início de outro. Porque a narrativa é muito densa de argumentos. Assim, a música acaba suspendeeeeeeeeeeeeeeendo (Federico arrasta propositadamente a fala para se fazer entender) para dar um tempo, e, aí, dar início a uma outra janela”.

A turma do fundo da sala (ou o primeiro encontro com Vera Holtz)

Quanto à companheira de cena, Federico Puppi relata que, até então, não conhecia pessoalmente a atriz, por cujo trabalho, claro, já nutria muita (muita) admiração. “A gente marcou de se encontrar no apartamento dela, fui sozinho, com meu violoncelo, bati à porta e, quando ela abriu, pronto! Já rolou uma identificação”, recorda.

Federico brinca o DNA italiano de ambos: “A Vera tem uma ascendência italiana, né? Metade da família dela é Fraletti. De pronto já nos reconhecemos, rolou uma química. Tivemos uma identificação muito rápida. Daí, fomos conversando, improvisando, fizemos vídeos. A Vera é muito aberta a fazer amizades, ao encontro”, elogia.

O ator gosta de brincar que a identificação imediata se deu também pelo fato de ambos sempre terem prontamente se reconhecidos como membros de uma mesma tribo: a chamada “turma dos fundos” (das salas de aulas).

O início no violoncelo

Voltando à Itália, a entrada de Federico Puppi no universo da música se deu por um belo fruto do acaso. “Ninguém na minha família é músico. Meu pai é engenheiro, minha mãe, professora de matemática, minha avó, professora também. Então, ninguém tem relação com a arte”, ressalta ele.

Acontece que a casa onde Federico nasceu e cresceu (e onde seus pais moram até hoje), em Aosta, tem localizada, à sua frente, uma biblioteca. Há 33 anos, quando ele contabilizava apenas quatro anos de idade, eis que o espaço abriu inscrições para um curso de violoncelo.

“E minha avó, que morava na nossa casa, no apartamento sob o nosso, resolveu me levar para uma aula experimental. Mas acho que ela nem sabia exatamente o que era um violoncelo. Na verdade, penso que achou que fosse violino. Bem, não sei o quanto disso é de fato lembrança ou fantasia minha (risos), mas também tanto faz”, diverte-se Federico.

Federico Puppi iniciou-se no violoncelo com apenas 4 anos de idade (foto de Marcella Calixto/Divulgação)

Um susto na nonna

Fato é que, naquele dia, o garoto já voltou para casa com um violoncelo, emprestado pelo curso – cumpre frisar que, no caso, um instrumento com um quarto do tamanho do tradicional, específico para o aprendizado por parte de crianças.

“Mesmo assim, quando a minha avó viu aquele instrumento, logo se assustou: ‘Nossa, mas como? Você não pode tocar isso aqui’. Só que eu já havia sido picado”, rememora, simulando a voz da progenitora.
Totalmente picado. Tanto que, na sequência, lá foi Federico, fazer uma aula experimental do primeiro ano de um curso do método Suzuki, no norte da Itália.

“Depois, fiz conservatório. Mas o fato é que meu encontro com a música foi casual, e, na verdade, se deu exclusivamente pelo fato de que havia uma biblioteca em frente à minha casa. Para a gente ver a importância que as bibliotecas podem ter na vida das pessoas”, pontua.

“Parque de experimentações”

Na adolescência, Federico se filiou ao rock. “Como só sabia tocar violoncelo, aprendi a criar rock neste instrumento”, ri. Depois, Federico começou a se interessar pelo jazz (pela música improvisada em geral) e pela música popular. Tudo isso enquanto seguia no conservatório.

Aos 16 anos, entrou em uma primeira banda. “Foi quando comecei a usar pedal, amplificador, a pesquisar toda essa parte mais moderna do violoncelo. A gente fazia um som muito doido, psicodélico, misturado a um tanto de coisa, do metal. Foi o meu parque de diversões de experimentações”, relembra Federico.

Evidentemente, esta nova fase não foi assim, tão bem vista no conservatório. “Imagina um conservatório de música clássica na Itália, o nível de conservadorismo. Mas, enfim, eu sempre fui mesmo um rebelde lá dentro”, admite.

Andanças (e estudos) em Barcelona

Em um festival de Jazz na Itália, Federico ganhou uma bolsa de estudos para a Berklee College of Music, a célebre instituição localizada em Boston. “Só que não consegui os documentos necessários, o visto. E, então, fui para uma uma escola filiada em Barcelona”.

Federico ficou um ano por lá. “Foi ótimo poder estudar a música popular do mundo, a world music. Depois voltei para a Itália e terminei o conservatório – que estava conservador demais”, ri.

No cômputo geral, Federico assume que sempre preferiu tocar “música de agora”. “A música do meu tempo. Mas, veja, nada contra a música do passado, que, aliás, adoro ouvir. Mas, em termos de tocar, gosto da música do presente”.

Humano, demasiadamente humano

Sim, Federico já havia lido o livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” antes de ser arrolado na peça “Ficções”. “Achei muito interessante. Eu concordo com quase tudo que Harari propõe. Claro, ele tem alguns pontos de vista que fazem parte da cultura dele, mas acho a construção do livro muito interessante, assim como a forma que ele analisa a evolução da humanidade”.

O músico entende que, nesta tarefa, o autor demonstra grande sagacidade e, ao mesmo tempo, simplicidade e perspicácia. “E o Rodrigo Portella, que escreveu a dramaturgia a partir da obra, em uma interlocução artística com Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa, fez, na minha opinião, um corte muito interessante”, opina.

Federico se refere ao que seria a decisão do autor e diretor da montagem de colocar, como tema central, a capacidade do sapiens de criar suas próprias realidades. “E passar a acreditar nelas como se fossem fatos”, esmiúça.

Muitas perguntas, poucas respostas

Ao fim, Federico analisa que trata-se de uma peça de muitas perguntas e pouquíssimas respostas. “Geralmente, as pessoas saem do teatro se perguntando mil coisas. Porque a peça questiona tudo. Então, uma das coisas mais interessantes foi pegar o livro e transportar as questões para o plano individual. O Rodrigo coloca as questões dentro da vida de cada um. Dentro daquilo como indivíduo, não mais como espécie”.

Não só. Federico Puppi entende que a peça instiga o público a pensar por que cada um não parte para a decisão de criar uma ficção que seja melhor para si. “Por que você se comporta de determinada forma, por que não muda isso? Então, transporta do plano macro para o individual”.

Trajetória longa pela frente

“Agora, estamos aqui, em BH, e em junho vamos para Brasília”, conta Federico, sobre a agenda de “Ficções”. “No meio disso, fizemos SP, no Teatro Faap, de janeiro a março. Depois de Brasília, vamos voltar para o Rio, fazer dois meses no Teatro CasaGrande, no Leblon. Depois novamente São Paulo”, lista.

O espetáculo, portanto, tem uma vida muito longa pela frente, com direito a muitas viagens. “Então, neste momento, estou me dedicando mesmo a ele, não estou fazendo shows. Mas estou compondo material para o meu próximo álbum”, avisa.

Em tempo: Federico já lançou os álbuns solo “Canto da Madeira”, “Marinheiro de Terra Firme” e “Crisalide – Songs for Metamorphosis”, assim como a trilha sonora da peça “Em Nome da Mãe”, dirigida por Miwa Yanagizawa e protagonizada pela esposa de Puppi, Suzana Nascimento.

Ano passado, lançou “Enquanto você voava, eu criava raízes”, com trilhas feitas para o teatro. Na agenda, ele também tem trilhas sonoras de outras peças. “E ainda trabalho muito com trilha sonora para a televisão, produzo muito material para novelas”. Entre essas, vale citar o remake de “Pantanal”.

Confira, a seguir, outros tópicos da entrevista

Expectativas em relação ao Brasil (quando veio da Itália)

“Na verdade, eu não tinha muitas expectativas. Antes de vir morar no Brasil, tinha vindo aqui, em 2010, de férias. Fiquei um mês. Mas conhecia muito pouco, o país, não falava português. Quando vim de vez, foi de fato sem grandes expectativas, sem saber que o ia encontrar”, admite Federico, sincero.

“E, veja, foi uma descoberta. Continua sendo. A cultura brasileira é muito rica, é muito diversa, muito plural, ampla. Na verdade, há 11 anos, descubro uma coisa nova a cada dia”, diz, feliz.

Apreço pela música brasileira

Federico conta que ouve muita coisa, de estilos diferentes, formas diferentes. “Gosto da música brasileira em todos seus aspectos, não saberia nem te citar um nome específico, porque são tantos…. Provavelmente, cometeria injustiças. Mas se fosse falar de um ícone, de alguém que acho extremamente inspirador, ficaria com o Milton Nascimento”, assume.

Trabalho com Maria Gadú

Um ano após ter chegado ao Brasil, Federico começou a tocar com a Maria Gadú. “Produzimos, juntos, o disco “Guelã”, que foi indicado ao Grammy Latino como melhor álbum de MPB”.

Os dois fizeram várias turnês (ele fez parte da banda fixa da cantora por 4 anos, com turnês nacionais e internacionais). “Só parei de tocar com ela para desenvolver alguns projetos pessoais”.

Federico também tem um duo – o Yamí Music – com o percussionista baiano Marco Lobo, com o qual, diz, tem rodado bastante. Os dois já lançaram um disco, “Yamí”. “Enfim, tenho uma série de projetos musicais, de vários formatos”.

Relação com a capital mineira

Antes desta temporada de “Ficções”, Federico Puppi já havia passado várias vezes em Belo Horizonte, muitas delas, com Maria Gadú. “Fizemos vários show, em locais como o Cine Theatro Brasil Vallourec. Também já estive aí com meu projeto com o Marco Lobo”.

Federico conta ter vários amigos por aqui, caso do cantor e compositor Lula Ribeiro (que, na verdade, nasceu em Aracaju, mas mora na cidade) e a mulher dele, Suely Machado, do (grupo de dança) Primeiro Ato. “É uma cidade que gosto muito. Só que, por conta da pandemia, tem quase quatro anos que não vinha”.

Arte de cozinhar

Não passou indiferente à reportagem o fato de o perfil de Federico no Instagram ter uma aba voltada à culinária. “Rá! (explana, diante da pergunta). Eu adoro cozinhar. Como bom italiano, gosto muito de fazer pastas, risotos. E também de fazer pratos italianos que não encontro nos restaurantes daqui, do Brasil”.

Mas sim, Federico também diz adorar a cozinha brasileira. “Acho fantástica! E a cozinha mineira é maravilhosa”.
Na verdade, ele entende que a arte de cozinhar é muito próxima à de compor ou tocar. “Você escolhe os ingredientes, dá início a um processo, usa certas fórmulas, na hora… Eu adoro mesmo (cozinhar). Acho terapêutico, me faz bem, me relaxa muito, me dá paz”.

Itália

À terra natal, Federico tento retornar sempre que possível, para visitar a família. “Meus pais, assim como uma de minhas irmãs, moram lá”, diz ele, que tem outra irmã que vive em Edimburgo. “Com a pandemia, fiquei dois anos sem vê-los, foi bastante tenso. Mas estive no Natal passado e agora, em maio, meus pais virão aqui”.

Aliás, vão chegar na última semana de apresentação de “Ficções” em Belo Horizonte. “Devo levá-los para visitar as cidades históricas mineiras”, brinda ele.

Federico por Federico

Nooooooooooooossa, que pergunta difícil”, diz Federico, antes de explodir em risos, ao ser solicitado a definir as características que mais se sobressaem em sua personalidade. Depois, capitula.

“Ok, vamos lá! Talvez o que mais me caracterize seja uma certa inquietude. Eu gosto muito de pesquisar, de buscar novas linguagens. Sou muito curioso. E esse lado inquieto me impulsiona a buscar coisas, enquanto o lado curioso me leva a várias descobertas”.

Federico, vale dizer, credita a essas duas características o fato de ter colocado em prática o sonho de um dia sair da Europa para conhecer uma nova cultura, sem nem dominar o idioma.

“Acho que isso realmente vem da minha inquietude e da minha curiosidade. São traços fortes da minha personalidade que, penso, acabam por impulsionar o lado artístico”, encerra ele.

Serviço

“Ficções” – Com Vera Holtz e Federico Puppi

Onde: Teatro I do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450), de sexta a segunda, sempre às 20h.
Duração: 80 minutos.
Quanto: Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), e podem ser adquiridos na bilheteria do CCBB BH ou no site (os lotes são renovados às quartas-feiras, às 10h)
Clientes Banco do Brasil com cartão Ourocard pagam meia-entrada.

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