
A Bela e a Fera da Cyntilante Produções - Foto: Guto Muniz / Divulgação
Fernando Bustamante, diretor, ator e fundador da Cyntilante Produções, se deparou com uma série de cancelamentos dos espetáculos da companhia. A medida que a pandemia do Coronavírus avançava, crescia também a dúvida do que fazer para manter vivo o negócio. Dessa maneira, era hora de agir e se reinventar. Fernando não foi o único. Copas Produções, Orquestra Sesiminas Musicoop, La da Favelinha, Orquestra Filarmônica, Grupo Galpão e Grupo Corpo também estão traçando alternativas de interação com público.
A cultura é um dos setores mais atingidos pelo pandemia do Coronavírus. Segundo levantamento do SEBRAE, divulgado no fim de março, quase 160 mil empresas do setor criativo foram afetadas. Dessa forma, as buscas por serviços de eventos e cultura teve uma queda de 66%. Com a restrição de aglomerações, praticamente todos os eventos dos meses de março, abril e maio foram cancelados.
“Diante disso, juntamos com os artistas e pensamos em alternativas para minimizar o impacto de não apresentar diretamente para o público. Sendo assim, criamos o projeto Quarentena Cyntilante. Resgatamos o acervo de gravações, que eram para divulgações, e colocamos à venda em plataforma on-line. A nossa proposta é tentar, de alguma forma, gerar sustentabilidade por esse período. Isso é um caminho alternativo”, conta Fernando. A Quarentena Cyntilante disponibiliza gravações de 26 espetáculos dirigidos por Bustamente, cada um a R$ 20, e lives gratuitas no Instagram.
Financiamento coletivo
A Copas Produções, outra companhia de teatro infantil de Belo Horizonte, também teve as apresentações suspensas. Para ajudar na manutenção financeira, a produtora lançou um financiamento coletivo no Catarse. Dessa maneira, cada pessoa doa R$ 20 e ganha um ingresso para quando as apresentações voltarem. Para quem não tiver o interesse em receber o ingresso, ele será doado para crianças carentes.

Orquestra Sesiminas – Foto: Rafael Motta / Divulgação
Proximidade com o público
A preocupação em continuar oferecendo cultura para o público também tem motivado os produtores culturais a se reinventar. A Orquestra Sesiminas Musicoop, por exemplo, teve as apresentações e ensaios cancelados no meio de março. Durante a quarentena, decidiu criar conteúdo exclusivo nas redes socais para continuar em contato com o público. “Elaboramos ações por meio das redes para continuar nosso trabalho, como música boa e informação”, conta o maestro Felipe Magalhães, diretor artístico da Orquestra.
Uma das primeiras ações foi a lançamento do vídeo da canção Tico-tico no Fubá. Cada músico, dentro de casa, gravou um vídeo tocando. Depois, o material foi editado, dando origem a peça musical. A Orquestra ainda fará lives no Instagram para falar sobre a música clássica, as curiosidades e tirar dúvidas. Por fim, tem ainda, a produção de uma série de vídeos sobre o grupo, com os músicos da Orquestra. “É uma forma de aproximar do público e de não ficarmos parados”, salienta Felipe.
A Orquestra Filarmônica de Minas também tem procurado estar próxima do público e continuar oferecendo música. Dessa forma, disponibilizou no YouTube mais de 100 vídeos com concertos na íntegra, lançou o podcast Filarmônica no Ar e alimenta as redes sociais com vídeos feitos pelos integrantes. O podcast, na primeira temporada, destacará as diferentes formas musicais, que também são temas dos concertos da série Fora de Série.

Carol Braga – Foto: Arthur Senra / Divulgação
No ar
Logo que a quarentena começou, o Grupo Corpo passou a disponibilizar semanalmente espetáculos gratuitos no streaming. Até o dia 12 de abril, por exemplo, estão “em cartaz” Gira e Bach. Os interessados devem acessar o canal da companhia no Vímeo, fazer login, clicar em ALUGAR e não preencher os dados do cartão. A recomendação é usar o código promocional grupocorpo45anos.
O Grupo Galpão também disponibilizou alguns de seus trabalhos e, um deles, é o mais emblemático da história da companhia. Trata-se da apresentação de Romeu e Julieta na Praça do Papa e também do sarau De tempo somos. Tudo está no YouTube. Clique aqui para assistir.
Outras formas de renda
O projeto Lá Da Favelinha, no Aglomerado da Serra, idealizado por Kadu dos Anjos, também teve que paralisar suas apresentações de dança e de rap que fazem por aí. Boa parte da renda do espaço vinha delas. Aproveitando o tempo e um outro braço do projeto, o Remexe Favelinha, o Lá da Favelinha decidiu produzir máscara e jalecos para doar aos profissionais que estão distribuindo cestas básicas e para UPA Centro-Sul de BH. Uma outra parcela está sendo vendida para angariar fundos para o projeto.
Até nós, do Culturadoria, tivemos que nos reinventar durante a quarentena. Sendo assim, criamos o Culturadoria Lab. Uma expansão das nossas atividades voltadas para a educação. Com isso, lançamos o primeiro curso on-line do portal voltado para a Divulgação de Negócios criativos. As aulas serão on-line e ao vivo, por meio da plataforma Zoom, nos dias 14 e 15 de abril, entre 15h e 17h15, e custam R$ 89,90. As inscrições poder ser feitas pelo Sympla.
Cultura sem sair de casa
Até mesmo projetos super tradicionais, como a Semana Santa das cidades históricas precisou se atualizar. Em Congonhas, por exemplo, ao longo da semana serão lançados episódios de uma minissérie sobre a celebração cristã. Os vídeos serão exibidos no Canal Congonhas no Youtube, no Domingo de Ramos, Terça-feira Santa (Encontro de Jesus com Maria), Quinta-feira Santa (Lava-pés), Sexta-feira da Paixão e Domingo de Páscoa, sempre às 8h.
Além dessas iniciativas, diversas outras foram criadas Brasil a fora. A mais famosa são as lives realizadas por músicos, pelo Instagram e YouTube. Como por exemplo, os festivais Fico em Casa e Solitude. Muitos companhias de teatro também abriram seus canais no Youtube , durante a quarentena, para compartilhar peças. Paulo Gustavo disponibilizou a peça Hiperativo. Na internet ainda é possível encontrar títulos, como A Bela e a Fera, A Noviça Rebelde, O Despertar da Primavera, O Mágico de Oz, O Fantasma da Ópera e, e por fim, Os Miseráveis. Tudo isso, para levar conteúdo e interação ao público. Além disso, é uma forma das produtoras reforçarem a marca.