
Eliane Marques (foto Gismara Oliveira)
Novo livro de Eliane Marques é sucessor do premiado romance “Louças de família”, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2024
Por Gabriel Pinheiro | Colunista de Literatura
Sílex, uma rocha sedimentar, muito dura e alta densidade. Na pré-história, foi muito utilizada na confecção de armas ou objetos cortantes, devido a sua natureza dura e seu corte incisivo. “Sílex”, novo livro de Eliane Marques, traz em comum com a rocha que lhe dá nome a firmeza e a incisão. Mergulhamos ao longo de seus poemas numa história ancestral, tanto resgatada quanto reinventada pela poética da escritora gaúcha.
O texto de Eliane Marques descobre novos significados para palavras conhecidas, assim como apresenta tantas outras desconhecidas que se tornam próximas do leitor. Há algo que remete ao transe, por vezes, na repetição e no acúmulo. Na esteira de uma divindade- cobra que descende ao submundo, os versos de “Sílex” reinventam cosmologias e tradições.
“gán gán
descendendo ao submundo
carreia em sílex consigo
sob sua barriga tolteca
a barrosa caligrafia
dos tempos.”
“Sílex” desafia o leitor numa história que não é contada de maneira narrativa ou linear. É sobretudo pelo ritmo – uma dica: leia em voz alta – que mergulhamos em suas páginas, serpenteando, encontrando curvas inesperadas, buscando nossos próprios caminhos por um texto que não se pretende simples ou figurativo. Se Eliane Marques nos desafia, também nos recompensa, tamanha a beleza e a força dessa breve, porém intensa, leitura.
“difícil imaginar que tudo
foi comido
vez que a língua contínua
continua lambendo”
Círculo de Poemas
“Sílex” foi enviado em primeira mão para os assinantes do Círculo de Poemas, uma coleção de poesia e um clube de assinaturas da Fósforo Editora.
A cada mês, o assinante recebe duas publicações: um livro e uma plaquete. O livro pode ser um inédito de autor brasileiro, uma obra reunida, antologia ou resgate de algum livro esgotado ou uma tradução. Essa mesma edição chegará às livrarias no mês seguinte ao lançamento no clube. Já a plaquete, consiste num texto inédito concebido exclusivamente para o Círculo de poemas.
Gabriel Pinheiro é jornalista e crítico de literatura. Escreve aqui no Culturadoria e também em seu Instagram: @tgpgabriel (https://www.instagram.com/tgpgabriel)