Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Discos para entender – e explorar! – a Bossa Nova

A Bossa Nova surgiu no fim dos anos 1950 e propunha uma renovação e internacionalização da música brasileira. Confira discos fundamentais para o gênero.

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Os ritmos e harmonias do samba carioca somados às invenções/improvisações da melodia do jazz estadunidense foram algumas das principais influências da Bossa Nova. O estilo musical nasceu no Brasil no final da década de 1950. Isso ocorreu como resultado de várias reuniões de jovens músicos da classe média alta na cidade do Rio de Janeiro.

Nomes como, por exemplo, Nara Leão, Roberto Menescal, Sérgio Ricardo e Carlos Lira se encontravam para ouvir e fazer música. Aos poucos, incorporou gente como João Gilberto, Ronaldo Bôscoli e Chico Feitosa. Além disso, o contexto político e social era o do pós-guerra, no qual o Brasil e o mundo passavam por crescimento urbano, econômico e social.

Um outro ponto de destaque da união desses artistas era a inconformidade com o cenário local o e a vontade de internacionalizar a música brasileira. Sendo assim, eles passaram a se apresentar em universidades, bares e locais de público jovem. O termo foi usado pela primeira vez por Noel Rosa na música Coisas nossas, de 1930. Entretanto, os artistas passaram a usar as duas palavras para dizer que estavam cantando e compondo de uma nova forma, já que o movimento propunha uma renovação da música.

bossa nova
João Gilberto. Foto: Adenor Gondin / Governo do Estado da Bahia (2)

Então, pensando na importância da Bossa Nova para a música brasileira, selecionamos cinco discos para aprofundar os conhecimentos sobre o gênero. Confira!

Chega de saudade, de João Gilberto

Álbum de estreia do cantor e compositor, teve lançamento em 1959. A música, composição de Tom Jobim e Vinícius, dá título ao disco e nasceu no ano anterior, atualmente considerada o marco inicial da Bossa Nova. O trabalho lançou João Gilberto e a sua carreira musical para o Brasil. Ademais, o lançamento do disco consolidou o novo estilo que surgia. Ou seja, marcado por características como o canto suave, influência do jazzista Chet Baker, e acordes pouco convencionais. Ouça aqui.

Canção de amor demais, de Elizeth Cardoso

Considerado outro marco da Bossa Nova, o disco de 1958 contém composições também de Vinícius e Tom Jobim. Chega de saudade, inclusive, foi gravada primeiro pela artista e depois por João Gilberto. Entretanto, ele participou do trabalho tocando a característica batida de violão, uma de suas marcas registradas, em duas faixas. Além disso, o disco não alcançou grande sucesso logo na estreia, já que a gravadora prensou apenas duas mil cópias e a divulgação era praticamente nula por parte do selo Festa. Apenas depois do compacto Chega de saudade e o reconhecimento da bossa nova no país e no mundo é que Canção de amor demais recebeu reconhecimento como precursor do gênero. Ouça no Spotify.  

The Composer of Desafinado, Plays, de Tom Jobim

Já conhecido como um grande compositor, em 1963 a gravadora estadunidense de jazz Verve Records convidou Tom Jobim para fazer o próprio disco. Ele topou e este foi o primeiro trabalho do artista lançado nos EUA, quando a Bossa Nova estava no ápice por causa de músicas como Garota de Ipanema e Desafinado. Dessa forma, The Composer of Desafinado, Plays conta com as músicas mais conhecidas de Tom Jobim à época. Entre elas, Chega de saudade, Insensatez, Água de beber e Corcovado. Além disso, foi incluído no Hall da Fama do Grammy Latino em 2001.

Dois anos depois, o álbum chegou em solo brasileiro sob o título Antônio Carlos Jobim pela gravadora Elenco. Aqui cabe um destaque para a faixa Garota de Ipanema. A música chegou e ficou por duas semanas no quinto lugar na Billboard Hot 100 nos EUA e no 29º no Reino Unido. Também ganhou interpretações de nomes como Frank Sinatra, Ami Winehouse, Madonna e Tim Maia. Estipula-se que seja a segunda música mais gravada da história, ficando atrás apenas dos Beatles com Yesterday. Confira aqui.

Nara, de Nara Leão

Musa da Bossa Nova, Nara Leão foi uma das precursoras do gênero ao realizar, no seu apartamento em Copacabana, as famosas reuniões com outros músicos. Nara é o primeiro disco da carreira da artista. Entretanto, é interessante notar como ela flertava com duas vertentes diferentes musicalmente. Isso porque por um lado o álbum tem canções de Vinicius de Moraes, Baden Powell e Carlos Lyra. De outro, de autores como Cartola, Nelson do Cavaquinho e Zé Kéti. Ou seja, ao mesmo tempo em que era nome forte na Bossa Nova, ela também atuava, tinha influência e resgatava a tradição do samba novamente em seu trabalho. Por fim, o trabalho também ofereceu novas possibilidades de reinvenção para a Bossa Nova, já que o ritmo foi se desgastando com o tempo. Ouça aqui.

Getz/Gilberto, de Stan Getz e João Gilberto

Mais uma ideia da gravadora Verve: unir Tom Jobim e João Gilberto ao saxofonista estadunidense de cool jazz Stan Getz, mais a participação de Astrud, esposa de João Gilberto, nos vocais. O resultado foi sucesso na certa, um disco que projetou a Bossa Nova para o mundo inteiro. Se tornou um dos discos de jazz mais vendidos da história e o primeiro ganhar o Grammy de Melhor Disco do Ano, em 1965. A junção entre música popular e “sofisticada” o fez cair no gosto da crítica especializada. Além disso, todas as gravações se tornaram clássicas, como Desafinado, Corcovado e principalmente Garota de Ipanema. Além de revelar Astrud Gilberto, a música foi a segunda mais tocada no mundo, de novo, atrás apenas de Yesterday. Confira no Spotify.

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Nara Leão. Foto: Silvio Viegas / cpdoc JB

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