Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Devoção: nova ópera do Palácio das Artes estreia em BH

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Devoção, a 95ª produção operística da Fundação Clóvis Salgado, estreia no próximo dia 19 de julho. É um libreto inédito que conta a história sobre as raízes da fé dos mineiros. 

Por Carol Braga

Depois de uma emocionante pré-estreia em Congonhas, chegou a vez do público de Belo Horizonte conferir “Devoção”, a nova ópera produzida pela Fundação Clóvis Salgado. As apresentações no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes serão nos dias dias 19, 20, 22 e 23 de Julho, 20h.

Estreia de Devoção em Congonhas. Foto: Márcia Charnizon
Estreia de Devoção em Congonhas. Foto: Márcia Charnizon

A montagem, como sempre grandiosa, foi especialmente encomendada para exaltar as raízes de fé e devoção do povo mineiro. Os ingressos estão à venda por R$60 (inteira) e R$30 (meia).

Grandiosidade

Composta por João Guilherme Ripper e libreto de André Cardoso, a produção é dirigida musicalmente por Ligia Amadio e cenicamente por Ronaldo Zero. Para a estreia em Belo Horizonte, a equipe conta com mais de 600 pessoas entre técnicos e artistas. 

No palco, entre 150 e 200 artistas se apresentam, incluindo, por exemplo, 67 músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, 67 coralistas do Coral Lírico de Minas Gerais e 17 bailarinos da Cia de Dança do Palácio das Artes. 

Os seis solistas interpretam os papéis que compõem essa história. Assim, Matheus Pompeu atua como Feliciano Mendes, um devoto português do Bom Jesus. Ao seu lado, a soprano portuguesa Carla Caramujo representa Mercês, esposa de Feliciano. Johnny França assume o papel do Tropeiro e mascate, enquanto Sávio Sperandio interpreta o Padre Antônio Rodrigues de Sousa. Barbara Brasil é a Beata, e Miguel de Andrade personifica o Menino Sebastião.

Números

Com 90 minutos de duração, a produção tem quatro mudanças de cenário. Ao todo, envolve cerca de 230 figurinos, 500 adereços e 18 elementos cênicos principais, alguns de grandes dimensões. Uma curiosidade é que a paleta de cores é inspirada nos tons usados por Aleijadinho.

Sendo assim, “Devoção” nos transporta para uma Minas Gerais do passado ao contar a história de Feliciano Mendes. Ele é um português que chegou ao Brasil na corrida pelo Ouro e, ao contrair uma grave doença, faz a promessa de construir uma igreja. No caso, então, o que veio a se tornar o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. 

A montagem encerra uma trilogia de óperas inspiradas na história de Minas Gerais. Em 2022, “Aleijadinho” estreou ao ar livre em Ouro Preto, tendo como cenário a Igreja São Francisco de Assis, onde se encontram algumas das principais obras do escultor Aleijadinho. Em 2023, “Matraga”, baseada no conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” de Guimarães Rosa, estreou na Gruta do Maquiné, em Cordisburgo, terra natal do escritor. 

O Desafio da Criação contemporânea

“A ópera é um gênero vivo, que reúne diferentes linguagens artísticas. Quando se cria uma ópera, seja o libretto ou a música, é preciso imaginar o todo funcionando, incluindo cenário, figurino e personagens”, explica André Cardoso, autor do libreto. Ele destaca que, embora a ópera parta de personagens reais, como Feliciano Mendes, toda a narrativa é uma ficção baseada em pesquisa histórica.

“Uma das coisas mais fascinantes no trabalho de compositor de óperas é o trabalho em conjunto que é deflagrado a partir do surgimento da partitura. Orquestra, solistas, coro, coreógrafo, cenógrafo, figurinista, todos começam a trabalhar para criar esse universo imaginado”, comenta João Guilherme Ripper, compositor da ópera.

A Produção e seus desafios

Para Ronaldo Zero, diretor cênico de “Devoção”, levar a essência de Congonhas para o palco do Palácio das Artes foi um desafio significativo, mas também uma homenagem profunda à história de Feliciano Mendes e ao interior de Minas Gerais. Segundo ele, “toda essa história está lá presente”, representando artistas, poetas, músicos e artistas plásticos mineiros de maneira respeitosa. 

Zero reflete sobre a ópera como um gênero em constante transformação, desde as obras barrocas do século XVIII até as contemporâneas. Ele afirma que é um gênero que “sempre fala de humanidade, do ser humano,” abordando temas universais como traição, ganância, ódio, amor, paixão e sangue. Ou seja, assuntos que permanecem relevantes tanto nas óperas quanto na vida cotidiana.

Para Claudia Malta, diretora geral da ópera “Devoção”, a apresentação no Grande Teatro oferece uma experiência única para o espectador. “É como se a gente estivesse em Congonhas, vendo esse céu, as montanhas. É um quadro de Guignard”.

Ou seja, o público será transportado para um cenário que evoca a antiga Minas, com elementos como as salas dos ex-votos, uma igreja, uma cruz e um casario do século XVIII. “Tudo remete à Minas Antiga, à Minas do Interior, à fé, à devoção, ao milagre”, comenta Malta, sublinhando a conexão profunda da produção com a cultura mineira.

Serviço:

Devoção

  • Datas: 19, 20, 22 e 23 de julho
  • Horário: 20h
  • Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes
  • Ingressos: Inteira: R$60,00 | Meia-entrada: R$30,00
  • Pontos de Venda: Bilheteria do Palácio das Artes e na plataforma Eventim

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