Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Com versão restaurada, “Corisco e Dadá” volta aos cinemas

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Originalmente lançado em 1996, “Corisco e Dadá”, do cearense Rosemberg Cariry, tem elenco encabeçado por Chico Díaz e Dira Paes 

Obra influente na cinematografia brasileira, o filme “Corisco e Dadá” voltou a ser exibido em salas de cinema. Originalmente lançado em 1996, o longa do cearense Rosemberg Cariry será reapresentado em cópia restaurada em 4K, que inicia o seu circuito exibidor em seis cidades – entre elas, BH. O longa também chega a Aracaju, Fortaleza, Recife, Salvador e Vitória. No dia 24 de outubro, as exibições se estendem a São Paulo e Rio de Janeiro. A distribuição está a cargo da Sereia Filmes.

Corisco (interpretado por Chico Díaz), conhecido como Diabo Loiro, é famoso pela ferocidade, coragem e atratividade. Ele sequestra Dadá (Dira Paes), de apenas 12 anos. Desse modo, força a garota a viver a árdua realidade do cangaço. A partir daí, a trajetória do cangaceiro muda drasticamente. Corisco é visto como um pária que desafia forças divinas e destinado a expiar os pecados do mundo com violência. Inicialmente, Dadá o despreza. No entanto, à medida que enfrentam desafios e batalhas, o sentimento se altera.

Chico Díaz e Dira Paes em cena de "Corisco e Dadá" (Frame/Sereia Filmes)

Diante da morte de um filho, tomado de fúria, Corisco rompe com Deus e Dadá tenta salvá-lo do abismo do ódio Assim, se desenrola uma história que apresenta uma visão trágica e fascinante da complexidade do homem e do sertão.

Inspiração

Na segunda metade dos anos 1990, a inspiração para filmar o romance vivido por Cristino Gomes da Silva Cleto (Corisco) e Sérgia Ribeiro da Silva (Dadá) se deu de forma curiosa. Precisamente, a partir do acesso de Rosemberg Cariry a uma entrevista concedida por Dadá em 1989, já em idade avançada. Desde então, a gestação do projeto durou aproximadamente cinco anos.

Cariry, claro, celebra ver “Corisco e Dadá” restaurado e exibido em 4K, em vários cinemas do Brasil. “É um momento de grande alegria, pelo que esse filme representa, como proposição estética e marco da chamada retomada do cinema brasileiro”, diz. Ele também ressalta a simbologia da presença do cinema nordestino em festivais nacionais e internacionais, “com prêmios significativos”.

O diretor

Rosemberg Cariry, nasceu em Farias Brito, no Ceará, em 1953. É diretor, roteirista e produtor. Começou a carreira cinematográfica em 1975. Na década de 1980, estreou na direção do longa-metragem “O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto” (1986). Nos anos 1990, dirigiu “A Saga do Guerreiro Alumioso” (1993) e “Corisco e Dadá” (1996). Nos anos 2000, realizou cinco longas-metragens, caso de “Lua Cambara – As Escadarias do Palácio” (2002), “Patativa do Assaré: Ave Poesia” (2007) e “Siri-ará” (2008).

O diretor de “Corisco e Dadá” também regeu “Os Pobres Diabos” (2013), “Notícias do Fim do Mundo” (2019) e “Os Escravos de Jó” (2020). Com seus filmes, participou de festivais nacionais e internacionais, conquistando vários prêmios. Foi diretor de entidades representativas do audiovisual e membro do Conselho Superior de Cinema. É formado em Filosofia, com Doutorado em Educação Artística pela Universidade do Porto e Universidade de Lisboa. Atualmente, faz pós-doutorado na Universidade do Porto.

Restauração

Responsável pela supervisão técnica da restauração, Petrus Cariry acrescenta que lançar esse filme no mês do centenário do cinema cearense “mostra a força e a beleza do nosso cinema”. A restauração de “Corisco e Dadá” teve o apoio da Cinemateca do MAM – RJ, Arquivo Nacional, Link Digital, Iluminura Filmes, Sereia Filmes e Mapa Filmes, a partir de negativos de imagem e som originais.

Regina Dourado em cena de “Corisco e Dadá” (Frame/Cariri Filmes/Baleia Filmes)

Além da supervisão técnica, Petrus Cariry lidou com o color grading no processo de restauração. A equipe contou, ainda, com aprodução executiva de Bárbara Cariry, assistência de produção por Alexandre Cariry, retoques digitais de Magno Guimarães e restauração de som e mixagem por Érico Paiva, bem como scanner 4K feito por Aarão Martins.

Circuito de festivais e prêmios

Rodado em diversas cidades do sertão do Ceará e de Pernambuco, “Corisco e Dadá” gerou grande repercussão tanto em festivais brasileiros quanto internacionais. Caso do Festival Internacional de Cinema de Toronto. Foram dezenas de prêmios e indicações, entre os quais o Kikito de Ouro de Melhor Ator para Chico Díaz no Festival de Gramado. Da mesma forma, o Troféu Candango de Melhor Atriz para Dira Paes, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Outra láurea conquistada foi o Grand Coral para Rosemberg Cariry, no Festival de Cinema em Havana.

Confira, a seguir, o trailer

Serviço

“Corisco e Dadá”

Elenco: Além de Chico Diaz e Dira Paes, o filme traz Regina Dourado, Denise Milfont, Virgínia Cavendish, Antônio Leite, Chico Alves, B de Paiva e Maira Cariry.

Em cartaz no Una Cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes), às 13h20. 

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