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Com Jorge Ben Jor no comando, FBC apresenta álbum para tirar você de órbita 

FBC, sob as lentes de Bel Gandolfo.

FBC, sob as lentes de Bel Gandolfo.

Quinto disco de estúdio do rapper contém 15 faixas, com reflexões, solos de metais, muito dance e feats com Don L, Nill e Abbot 

Por Tiago Rodrigues I Participante do Projeto Culturadoria em Rede

O que te leva para outro planeta? Segundo o rapper mineiro Fabrício Soares, o FBC, são o amor, o perdão e a tecnologia. Tais palavras formam o título do último álbum de estúdio do músico, “O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta”. O sucessor de “Baile”, de 2021, apresenta 15 músicas, recheadas de metais, refrões inquietantes e melodias que convidam a dançar.  

Com quase duas décadas de hip-hop, FBC, uma vez mais, traduz a palavra versátil, após rodar pelo Brasil com os sucessos “Se tá solteira”, “De Kenner” e “Delírios”, além da romântica “Se eu não te cantar”, gravada em “Padrim”, de 2019. Aliás, é assim que ele ficou conhecido por fãs nas redes sociais, onde possui milhares de pessoas.

“O pontapé para a concepção deste novo disco veio muito antes de ‘Baile’. Esse lance de explorar o Miami Bass e entender como eram feitas as baterias eletrônicas da época guiou aquele disco, e, agora, pego o mesmo formato de pesquisa para estudar a dance music”, explica Fabrício.

A química de FBC

Disponibilizado nos streamings desde 28 de julho, o novo álbum é o quinto gravado em estúdio pelo rapper, que, além das 15 faixas, conta com 15 versões instrumentais. 

A música “Madrugada maldita” abre o disco, com referências de Jorge Ben Jor na letra, músico a quem FBC remonta a inspiração e a idolatria do novo trabalho. Em “Químico amor”, canção com a qual é impossível ficar parado, ele faz um jogo de palavras, para falar sobre uso abusivo de drogas e – por que, não? – de amor.

A primeira e terceira músicas do álbum, respectivamente, já haviam sido lançadas, deixando pistas de como seria esse novo trabalho: pausa no rap e start no music house e no dance.

Parcerias a gosto

Isso não quer dizer, porém, que não tem rap. A segunda faixa, “Estante de livros”, é um feat com Don L, um dos maiores destaques da cena nacional do ritmo e da poesia. Referências à literatura e tambores dão suporte à batida da melodia, que acompanha um fim de relacionamento, uma despedida na era moderna. A cada momento em que o refrão é repetido, aparecem metais hipnotizantes e um poderoso backing vocal.  

A quarta canção é uma pergunta, uma reflexão, que FBC responde logo no título: “O que nos leva para outro planeta?”. Nela, cita Ugo Ludovico e Pedro Senna, responsáveis, por sinal, pela produção do disco. 

Em seguida, está “Limite comum”. São 42 segundos nos quais uma mensagem – resposta ao chamado – é narrada. Nessa faixa, há um comunicado de alguém que se sente pronto, preparado para conquistar algo, após distrações pelo caminho.

Em continuidade às parcerias, a sexta faixa, “Dilema das redes”, é com Nill, de São Paulo. O resultado da união é uma forma de dançar e dizer, ao mesmo tempo, que não se importa com as opiniões alheias. Lembra-se, também, do debate, muitas vezes, vazio, das redes sociais. O verso “Odeio o mundo, odeio tudo, principalmente a sua opinião” pode te explicar melhor. 

100% Minas Gerais

As próximas quatro canções contam com a colaboração do rapper mineiro Abbott, que marca presença com o autotune. O encontro, que teve como endereço a Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, tem como saldo produções que seguem a linha do álbum, ao enfatizar como a modernidade e a tecnologia alteraram – e alteram – a relação entre as pessoas. 

Se você, mesmo sem querer, já foi impactado por um story daquele “crush” que te fez mal, com certeza, vai se identificar com “Antissocial”, “Não me ligue nunca mais”, “Cherry” e “A noite no meu quarto”. Para FBC, Abbott é uma das promessas do trap, com potencial de levar a música brasileira a outro nível no mundo. 

Vale destacar que, nesse ponto do álbum, fica claro como a tecnologia, o amor e o perdão estão envolvidos numa viagem a outro lugar. Mesmo com dificuldade para sobreviver diante do avanço da tecnologia, o amor, ao mesmo tempo, pode se juntar ao perdão, para “salvar” a humanidade. 

O perdão, nosso foguete

“Atmosfera” é a décima primeira faixa e segue o raciocínio do que já foi dito até aqui. Pegue a estrada, olhe as estrelas e questione nossa pequenez diante da imensidão do espaço. Revela-se, assim, a busca por uma paz que pode ser encontrada dentro de nós, por meio do perdão como ato de amor.

Na sequência do tracklist, estão as músicas “Aham” e “Qual a chance?”. As duas faixas continuam a correlacionar a paixão e os aparelhos eletrônicos. Se, há alguns anos, as pessoas riscavam o “nome da agenda”, ou deixavam o pretendente de lado na “página de amigos”, atualmente, a troca de mensagem torna o contato ágil, mas monossílabo e imediato. 

A penúltima faixa, assim como “Limite comum”, apresenta mensagem narrada por FBC. “O nosso grande papel” é uma espécie de autoperdão, de autoconsciência sobre o passado, para construir um futuro melhor. A música termina com o verso “eu vou viver, eu vou amar, enviar”. 

Trata-se de introdução para a faixa que encerra o disco: “Desculpa”. A última produção do álbum mostra o perdão como ato de deslocamento, interno ou externo. Em razão disso, na canção, ressalta-se que a chave do “foguete” que pode salvar a humanidade está atrelada à atitude de saber perdoar. 

Voos de FBC

Após cinco anos do primeiro disco de estúdio, “S.C.A. – Sexo Cocaina e Assasinato, 2018”, são mais que vísíveis as “viagens” feitas por Fabrício no mundo da música, tanto nas letras quanto no jeito de cantá-las. 

Percebe-se isso, principalmente no título, que muda radicalmente o teor das palavras, ao evoluir de um ambiente de violência e luxúria ao amor e perdão. O que confirma, dessa forma, a versatilidade do mineiro, oriundo das batalhas de rap de BH, e do extinto coletivo DV Tribo, do qual Djonga também fazia parte.

Além de  “S.C.A.”, Fabrício lançou “Padrim, 2019”; “Best Duo, 2020”; e “Baile, 2021”. Também esteve em produções de artistas como Tuyo, Grupo aXtral e Uana. O reflexo dessa trajetória está nos números conquistados por ele. Só no Spotify, FBC conta com média de um milhão de ouvintes mensais, e tem em casa um disco de ouro, em comemoração aos 26 milhões de execuções de “Baile”, até julho de 2022. 

Bonito na foto

Na capa do disco, com registro de Bel Gandolfo, há FBC no fundo, à direita . Em primeiro plano, à esquerda, equilibrado nas mãos do rapper, um globo luminoso, brilhante, voltado ao centro da imagem, com sombra na outra metade, à margem, como aqueles de “discotecas” e boates.

Em um fundo preto, com pontos claros, como estrelas, Fabrício parece segurar um planeta em mãos, como se houvesse certa segurança, uma esperança de dias melhores. Como se esse destino estivesse em nossas mãos. Se depender dele, música para dançar não vai faltar. Aproveite e ouça o álbum completo, disponível aqui.

3,2,1… lançar!

O lançamento oficial, marcado para o dia 29 de setembro, na casa de shows Autêntica esgotaram em poucos minutos. Sendo assim, uma data extra foi preparada.

Dessa forma, o segundo show de lançamento será um dia depois, em 30 de setembro, também na Autêntica, a partir das 22h. O valor dos ingressos custam entre R$ 40 e R$ 140 e podem ser adquiridos no site da Autêntica.

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