A edição 2023 da Feira de Cerâmica reúne 60 expositores de várias cidades do estado e alguns de São Paulo, com várias atividades
De 1º a 3 de dezembro, o Mercado Central de BH vai receber mais uma edição da Feira de Cerâmica de Minas Gerais. No caso, a 36ª, que contempla cerca de 60 expositores, além de oferecer palestras e demonstrações de técnicas de modelagem. Todas as atrações terão entrada gratuita para o público.
Em 2023, a Feira tem curadoria das ceramistas Cibele Tietzmann, Djenane Vera e Emmanuela Tolentino. Juntas, elas organizaram o evento com artistas de BH e de cidades como Caeté, Nova Lima, Betim, Contagem, Brumadinho, Igarapé e Conselheiro Lafaiete. Do mesmo modo, haverá dois expositores de São Paulo – um de Campinas e um da capital. Conforme o material informativo do evento, a organização espera um afluxo de cerca de 2.000 visitantes por dia.
Arte popular + contemporânea + design
Desse modo, no espaço, será possível encontrar vários tipos de cerâmica artesanal. Logo, desde peças utilitárias de cozinha, para a casa, a adornos, joias, itens de jardim, objetos de design e esculturas. Do mesmo modo, matérias-primas como massas, esmaltes, ferramentas e equipamentos. Assim, no cômputo geral, o diálogo do design com a arte contemporânea e a arte popular se manifestará em tigelas, pratos, esculturas, flores, oratórios e outros objetos moldados pelas mãos dos artistas.
“São ceramistas produzindo e vendendo trabalhos que muitas vezes são peças únicas, de criação autoral exclusiva. Logo, somos mais do que artesãos do barro, somos artistas transformadores de sonhos”, explica Cibele Tietzmann.
Cerâmica saramenha
Um dos destaques da feira em 2023 é, por exemplo, a presença da Cerâmica Saramenha, representada por Rosemir Hermenegidio. Ele trabalha no ramo há 40 anos, precisamente, em Conselheiro Lafaiete – cidade na qual, vale dizer, a técnica é tombada pelo IEPHA e, assim, considerada patrimônio imaterial. A técnica portuguesa chegou ao Brasil no final do século XVIII. A princípio, trazida pelo Padre Viegas de Menezes que descobriu o barro na região de Ouro Branco.
De antemão, uma das principais características é a coloração variada, causada pelo fogo que corre em volta da peça, o que faz com que cada uma seja única e diferente da outra. É conhecida como “louça mineira”. Assim, chama a atenção pelo aspecto vidrado, obtido por meio de um esmalte especial feito com minerais como ferro, cobre, chumbo e manganês. O trabalho recebe a esmaltação antes de ir ao forno novamente.
CCBras
Pela primeira vez, a feira vai contar também com a participação do CCBras – Cerâmica Contemporânea Brasileira, que mantém um catálogo de ceramistas de todo o país. O objetivo da entidade é reunir os ceramistas, profissionais ou amadores, que estão ativamente produzindo cerâmica artística no Brasil. “Nosso evento sempre foi organizado com artistas que moram ou trabalham em BH e no interior de Minas. Vai ser a primeira vez que temos a participação de uma associação de ceramistas a nível nacional, que enriquece muito nossa feira”, comenta Cibele.
“Uma coisa legal é que, como a feira acontece desde 1999, conseguimos alcançar várias gerações da cerâmica artística. Muita gente participa desde o início e nunca faltou em nenhuma edição”, conta Emmanuela Tolentino que completa: “Depois da pandemia conseguimos ampliar o espaço da feira e dobramos o número de expositores, o que deu oportunidade para os que estão no início de carreira entrarem e outras que a muito tempo não participavam, voltarem a estar conosco, contribuindo para a diversidade do nosso encontro”.
Demonstrações e palestras
Outro ponto alto da Feira de Cerâmica são as demonstrações e palestras que acontecem ao longo dos dias, também com entrada gratuita.
São elas:
Demonstrações:
1/12, sexta
10h30: Demonstração de torno com Cris Rocha – Tauá Cerâmica
11h30: Demonstração de torno com Mestre Rosemir Cerâmica Saramenha
16h: Demonstração de modelagem em paleteado com Luciano Almeida
2/12, sábado
10h: Demonstração de torno com Mestre Rosemir Cerâmica Saramenha
14h: Manual de construção da cabeça humana em escultura cerâmica: uma demonstração do método Fernando Poletti
3/12, domingo
9h30: Demonstração de torno com Murilo Siqueira
11h: Escultura de Figura humana com Luciano Almeida
Palestras
2/12, sábado
11h: Fernando Poletti
Tema: “Manual de construção da cabeça humana em escultura cerâmica: apresentação do livro criado por Fernando Poletti”
16h: Lili Panachuk
Tema: “Ceramistas de Minas Gerais: a complexidade e potência da cerâmica arqueológica Aratu – Sapucaí”
3/12, domingo
10h: Makoto Fukuzawa – Tema: “Experiência, reflexões e possibilidades do processo da queima a lenha”
11h30: Cris Rocha – “Akiko Fujita e sua obra – A questão do artesanato é complexa”
História
A Feira de Cerâmica de Minas Gerais foi idealizada pela artista ceramista Erli Fantini em 1999. Assim, há 23 anos acontece anualmente na capital mineira. Em 2023, chega à 36° edição, com um grupo amplo e novos ceramistas que participam pela primeira vez. O evento já faz parte do calendário da cidade. Acima de tudo, tem como proposta compartilhar o saber centenário das diversas técnicas de diferentes gerações da cerâmica mineira.
Assim, ao longo dos anos, ocupou vários lugares em Belo Horizonte, chegando ao Mercado Central em 2014. Em 2020, se adaptou à nova realidade imposta pela Covid-19. Foi quando as ceramistas Cibele Tietzmann e Emmanuela Tolentino transformaram o formato de presencial para online, conseguindo manter a tradição, sem interromper as edições. De volta ao presencial, a Feira adaptou as lives e as transformou em palestras presenciais – novidade do evento, que passou a contar também com demonstrações de técnicas e novas abordagens.
Serviço
36° Feira de Cerâmica de Minas Gerais 2023
Data e horário:
1 e 2/12 (sexta e sábado): das 9h às 19h
3/12 (domingo): das 9h às 15h
Local: Estacionamento elevado do Mercado Central (Av. Augusto de Lima, 744, Centro)
Entrada e toda programação gratuitas
Site: www.feiradecerâmicamg.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/feiradeceramicamg/