
Daniel de Mattos - FOTO Soriedem
O romance Celeste, de Daniel de Matos, retrata a luta de três gerações de mulheres negras na periferia de Belo Horizonte. Ambientado durante as transformações urbanas para a Copa do Mundo de 2014, o livro aborda questões como racismo, desigualdade social, LGBTfobia e desapropriação. A obra será lançada no dia 18 de janeiro, às 10h, na Livraria Jenipapo, na Savassi.
Narrado em primeira pessoa por Clarice Santos, uma jovem lésbica, o livro reflete as experiências de sua avó, Dona Celeste, e de sua mãe, mulheres que enfrentaram pobreza, racismo e machismo. Dona Celeste, neta de escravizados, migrou do interior de Minas Gerais para trabalhar como empregada doméstica na década de 1950. A história de Clarice também inclui o impacto das desapropriações para as obras da Copa, que removeram cerca de três mil famílias em BH. Essas vivências pessoais e coletivas inspiraram Daniel, cuja própria família tem histórico de empregadas domésticas.
Com influências de telenovelas e realismo maravilhoso, Celeste combina humor e emoção, trazendo fluidez e uma linguagem oral. A narradora alterna memórias e acontecimentos futuros, oferecendo um retrato vívido da periferia e da luta por dignidade. A obra mescla referências à cultura popular com reflexões profundas sobre perda e resistência, apresentando um relato íntimo de quem viveu as mudanças sociais e urbanas da época.
A sinopse destaca Clarice, que, apesar de suas perdas – a avó, a casa na Vila dos Valentes, o pai dependente químico, e a ausência da mãe e da tia – encontra força para narrar uma vida pulsante.