
Foto: Edson Lima / Divulgação
Em uma das primeiras cenas de Unicórnio, filme de Eduardo Nunes baseado na literatura de Hilda Hilst, a atriz Bárbara Luz aparece em plano fechado. Não há texto. Apenas um olhar vago que diz muito sobre aquela garota. Em um breve instante já é possível perceber a ótima relação entre a atriz e a câmera. Curiosamente, porém, trata-se da estreia dela no cinema. Aliás, estreia dela na interpretação.
De onde, então, vem tanta intimidade com a atuação? De berço. A protagonista do longa em cartaz em Belo Horizonte é filha dos atores do Grupo Galpão Inês Peixoto e Eduardo Moreira. “Eu nasci na coxia e desde pequena quis ser atriz. Sempre fui muito encantada com este meio”, confessa a simpática jovem de 16 anos.
Como desde criança acompanha os pais em turnês. Dessa maneira, atuar fazia parte de suas brincadeiras. Curso de teatro mesmo, nunca fez. Quando participou do teste para viver Maria, tinha 14 anos. Dessa maneira, chegou para a experiência com o diretor Eduardo Nunes totalmente aberta.
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A seleção
“Foi muito engraçado porque eu mandei um teste gravado pelo telefone. O Edu ficou quatro meses sem dar sinal de vida”, lembra. Naquela altura o diretor se dedicava a um documentário e por isso ficou sumido. Primeiramente, assim que viu o vídeo enviado por ela, fez questão de vir a Belo Horizonte para a segunda etapa dos testes. Em seguida, Bárbara foi para o Rio de Janeiro para a etapa final.
Unicórnio foi gravado na Serra dos Três Picos, na região Serrana do Rio. A equipe ficou um mês instalada lá. “Acabou que toda essa imersão deixou mais fácil o processo de entrar no universo do filme”, comenta. No filme, Maria, papel de Bárbara Luz, é filha da personagem de Patrícia Pillar e Zécarlos Machado.
O ator Lee Taylor também faz parte do elenco principal. Além deles, o longa conta com as participações afetivas dos pais de Bárbara, Eduardo Moreira e Inês Peixoto.

Crédito: Zeca Miranda/Divulgação
Unicórnio
Dois elementos se destacam no filme dirigido por Eduardo Nunes. A interpretação de Bárbara é um deles. O outro é a belíssima fotografia Mauro Pinheiro Jr. Ele trabalha com uma paleta de cores fortes que contribuem com para intensificar o clima “fantástico” que permeia a trama e a literatura de Hilda Hilst.
A história é uma adaptação dos contos “O Unicórnio” e “Matamoros”. Sendo assim, conta sobre uma interminável espera vivida por mãe e filha à espera do retorno do pai. A relação delas, no entanto, se transforma com a chegada de um outro homem (Lee Taylor). Eduardo Nunes aposta em uma a experiência sensorial para o espectador.
O filme não tem uma narrativa linear, o que também exige uma atividade maior por parte de quem vê. Quando Nunes escolheu a protagonista, pediu à atriz que não lesse os livros nos quais o roteiro se baseia. Apenas após o fim dos trabalhos, Bárbara foi conhecer melhor a escritora. “Estou completamente encantada”.
Ela confessa que a primeira vez que se viu na tela ficou assustada pelo tamanho da exposição. “O que eu acho que é muito bonito do filme é que as coisas não são dadas. Não se absorve tudo de uma vez. Ele vai crescendo dentro de você com o tempo”, comenta.
Planos
Agora que a carreira de atriz já começou em grande estilo, Bárbara promete continuar. Atualmente cursa o segundo ano em uma escola de Belo Horizonte. Pensa explorar todas as áreas possíveis na formação como atriz. Dessa forma, entre os planos para o próximo ano está um espetáculo ao lado do pai. O texto já foi encomendado ao dramaturgo Raysner de Paula, autor de Danação, solo de Eduardo Moreira.
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