Considerado por críticos e historiadores culturais como um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira, Amilcar de Castro (1920-2002) recebe muitas homenagens neste junho, mês seu centenário. Dezoito anos depois de sua morte, o escultor, artista plástico e designer gráfico mineiro deixou um legado para as artes plásticas e milhares de obras pelo mundo a fora.
Legado
Nascido em 1920, em Paraisópolis, interior de Minas, fez o curso de Direito, foi designer gráfico, professor e artista plástico. “Amilcar revolucionou e criou uma nova maneira de pensar o espaço com a escultura. Depois de Michelangelo até ele, as esculturas partiam de um bloco de matéria e o artista retirava tudo que não pertencia à obra. O que Amilcar fazia era partir de uma chapa de aço plana, para ocupar o espaço tridimensional”, conta Rodrigo de Castro, artista plástico e um dos três filhos Amilcar.
“Disparado, sem comparação, é o melhor artista contemporâneo dos tempos. Só não é a nível mundial porque nunca fez questão de promover o trabalho dele. A forma como ele via os valores é totalmente direta e simples. Deixa ainda um legado de pensamento e exemplo de pessoa”, conta o arquiteto Allen Roscoe, serralheiro de Amilcar a partir da década de 1980. Foi ele quem construiu o ateliê do artista e desenvolveu uma relação de muita amizade.
“Amilcar coloca na história da arte uma porta aberta para as pessoas pensarem e fazerem arte de outras formas”, acrescenta Rodrigo. Além disso, foi ele quem introduziu a reforma gráfica do Jornal do Brasil na década de 1950. Feito que revolucionou o diagramação e design de jornais de todo o país.
Trajetória
No final da década de 1940, o artista ingressou no mundo das artes, quando começou a fazer aulas de desenho com o pintor Alberto da Veiga Guignard. “Foi lá nas aulas no Parque municipal de BH que ele começou a trabalhar com a linha e formas geométricas. O que gerou a vontade de partir de uma chapa”, relembra Rodrigo. Depois seguiu como design de jornais e revistas.
Foi em 1951 que o artista lançou sua primeira obra. Uma estrela de cobre. Única peça da carreira feita com material. Hoje, Rodrigo contabiliza que o pai fez mais de 3500 obras. Muitas delas não foram nomeadas. “Ele sempre fazia desenho e um molde em cartolina antes de ir para o aço. Mandava fazer a obra em miniatura e me enviava para construir em tamanho real”, acrescenta Allen.
Exposição
Para homenagear o artista, o Centro Cultural Minas Tênis Clube realizará em setembro – se a pandemia deixar – uma mostra única com quase 50 obras de Amilcar. Entre elas esculturas e pinturas. A curadoria é do Rodrigo. “Quando aceitei o convite comecei a estudar o espaço e selecionar as obras. Uma delas é uma estrela de três metros. Além de obras que nunca foram exibidas. Tem ainda pinturas e esculturas de vidro. Itens do acervo do Instituto” adianta o curador.