Menu
Música

AmarELO e o universo transmídia de Emicida

Projeto, que começou em outubro de 2019, distribui por meios diferentes mensagens de amor, paz e espiritualidade
amarelo

Foto: Netflix / Divulgação

AmarELO – É tudo para ontem foi escolhido como o filme do ano pelos seguidores do Culturadoria no Instagram. Mas, vamos combinar que o documentário dirigido por Fred Ouro Preto, disponível na Netflix, não é só um filme. É uma das expansões do projeto transmídia que o rapper Emicida coloca em prática desde outubro de 2019. 

Começou quando lançou em todas as plataformas de áudio o álbum de mesmo nome. De lá para cá, AmarELO virou show, videoclipe, programa de televisão, série no YouTube, podcast, imagens e textos pelas redes sociais e, em dezembro de 2020, o documentário. Teve também uma coleção de moda e acessórios lançada pela Lab Fantasma, empresa do artista. 

Emicida descreve o projeto como um PRISMA. Ou seja, um experimento social que se expande a partir de um centro comum. No caso, mensagens de amor, paz e espiritualidade. Mas sabemos que não é só isso, né? AmarELO é, também, um belo de um experimento transmídia. 

Da teoria para a prática

O pesquisador Henry Jenkins é um dos nomes mais incensados no que diz respeito a este tema. Para o autor de livros como Cultura da Convergência e Cultura da Conexão, “narrativa transmídia representa um processo no qual elementos integrais de uma ficção são dispersos sistematicamente através de múltiplos canais, com o objetivo de colaborar com o desdobramento da história”. 

Já para o espanhol Carlos Scolari, uma narrativa transmídia é “um tipo de relato onde a história se divide através de múltiplos meios e plataformas de comunicação e no qual uma parte dos consumidores assume um papel ativo nesse processo de expansão”. É ou não exatamente o que AmarELO representa? 

Mensagens sobre paz, clareza, coragem e compaixão são dispersas em um ecossistema formado, por enquanto, por áudios, vídeos, roupas e textos. Em diversas plataformas, em constante expansão e participação.

Como funciona?

Emicida dispara a mensagem utilizando a potencialidade de meios diferentes. Na sequência, conta com a interação do público para fazer com que as narrativas continuem em expansão. Assim ele cria um sistema que também se retroalimenta de conteúdo. Espalha a palavra mesmo. Para fazer isso é preciso ter muito domínio da narrativa que constrói. Basta analisar a trajetória do projeto que podemos perceber que nada foi aleatório. 

O disco

Vencedor como álbum do ano no Grammy Latino em 2020, o disco tem onze faixas. A narrativa construída com este conjunto de canções costura os pilares temáticos escolhidos (paz, clareza, coragem e compaixão) tanto nas letras como também na lista de participações especiais. 

Emicida reuniu um panteão que chama atenção não apenas pela qualidade artística das carreiras isoladas, mas pela diversidade representada no conjunto. Em outras palavras, juntar em um mesmo disco, por exemplo, Fernanda Montenegro, Pablo Vittar, Pastor Henrique Vieira também tem a ver com a mensagem que ele quer passar. Pluralidade.

 

Foto: Netflix / Divulgação

Série no YouTube e podcasts

A série do YouTube e os podcasts são produtos complementares no ecossistema transmídia de Emicida. Embora tenham durações distintas, servem ao projeto para trazer novas subjetividades por meio de outras narrativas pessoais. É como se ele quisesse distribuir a mensagem a partir de novos sujeitos emissores.

Na descrição do Spotify consta: “O projeto descende do experimento social AmarELO, proposto por Emicida, e se desenvolve como uma sinfonia, onde nós e o mundo somos os instrumentos”. Transmídia, na lata. 

Redes Sociais

Carlos Scolari identifica uma narrativa transmídia a partir de apenas duas características: expansão e participação. As redes sociais do artista são o ambiente propício para ambas. Tanto é que a estratégia de conteúdo desenvolvida no Instagram, por exemplo, expande conteúdos já tratados em todos os outros produtos. Com um detalhe: o norte também passa por mensagens sobre paz, clareza, coragem e compaixão. 

Se quiser analisar na prática, visite o Instagram do Emicida. Veja como posts com conteúdo de listas se conectam perfeitamente com o todo. Tem dicas para cuidar do corpo, para ajudar a pensar no coletivo e por aí vai. Digressões a partir de um universo comum. Você também vai encontrar essa conexão em redes como Twitter, embora de outra maneira.

Por fim, o filme

É o que também ocorre com o documentário AmarELO – É tudo para ontem. No caso, a partir de uma apresentação no Theatro Municipal de São Paulo, o filme faz uma impressionante costura a partir de elementos (e movimentos) fundamentais da cultura brasileira. É uma senhora aula de história cultural brasileira. 

Diferentemente de outros produtos, o documentário revela um pouco mais dos bastidores. Faz isso sem deixar de incrementar os quatro pilares norteadores (paz, clareza, coragem e compaixão) do projeto. Todos os episódios narrados, dos Oito Batutas, passando pela Semana de Arte Moderna de 1922, as origens do samba brasileiro, do hip hop, de manifestações sociais antirracistas e da própria estreia de AmarELO reforçam a ideia matriz.  

Ou seja, é um roteiro que continua com a ideia de expansão presente no DNA do projeto desde seu nascimento. Emicida e seus parceiros na Lab Fantasma já anunciaram que vem mais conteúdo exclusivo em parceria com a Netflix. Um sinal de que esse ecossistema transmidiático não vai parar de crescer nunca. Ainda bem! 

 

Conteúdos Relacionados